12 - Reacendendo a chama

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Natanael voltou para buscá-la e queria cuidar de Marina como se ela fosse um bebê, mas ela não gostava de paparicação e ficou exasperada.

Apesar de morar perto, Natanael insistiu em levá-la na caminhonete. Assim que chegaram, ele a acompanhou até a porta, apesar dos protestos.

Marina se sentia forte e confiante, mas ainda estava sob o efeito dos analgésicos e da concussão, e quando foi subir os degraus da varanda, seus pés vacilaram, sua vista escureceu e num átimo de segundo estava nos braços reconfortantes de Natanael.

Marina odiava ser tocada, mas de repente, nos braços dele, sentiu uma segurança que não sabia explicar.

Marina estava zonza, e moldou-se naquele corpo de Hércules, se entregando totalmente à sensação tão maravilhosa de segurança que vinha dele.

Natanael segurou-lhe a cabeça e inclinou-a de leve para trás. Marina percebeu que ele estava se inclinando para beijá-la, e sentiu aflição ao pensar naquela barba tocando seu rosto, mas apesar de tudo, não esboçou nenhuma reação.

Marina fechou os olhos, e Natanael apossou-se de seus lábios... a princípio, apenas de leve, brincando com eles, depois mais decidido, envolvendo-os totalmente.

O coração de Marina batia disparado. O beijo de Natanael era maravilhoso, e um tremor de prazer percorreu todo o seu corpo. Marina se entregou de corpo e alma àquele beijo envolvente.

Era uma emoção que Marina jamais tinha experimentado em toda a sua vida. E conforme ela correspondia, o beijo ia ficando ainda mais intenso.

Desde que Felipe morreu, Marina costumava comparar todos os beijos aos dele, e ninguém chegava nem perto. Então Marina encontrou outros lábios que se moldavam perfeitamente aos seus. Um beijo que estava à altura...

Se bem que Natanael superava em muito o pobre Felipe. Seu beijo era mais firme, mais maduro... e mais tranquilo!

Era o beijo de alguém que sabia exatamente o que queria, e Marina se aprofundava cada vez mais naquele beijo, até que a lembrança de Felipe lhe invadiu o peito de uma maneira devastadora.

Marina afastou-se bruscamente, caminhando vacilante em direção a porta. O que estava fazendo, comparando Felipe com aquele sujeito?

Felipe era doce e puro, e se o beijo de Natanael era melhor, era simplesmente porque Felipe não tinha a mesma experiência. Vai se saber quantas bocas Natanael já teria beijado? Quanto a Felipe, Marina sabia que foi a única em sua vida, e se sentiu uma traidora.

Natanael, ainda com a respiração alterada, segurou o braço de Marina.

- Me desculpa, por favor... eu não consegui resistir, mas juro que não vai acontecer de novo! Não me odeie!

Marina firmou os pés, ainda atordoada, e se fingiu de zangada.

- Você é um canalha. Aproveitou que ainda estou zonza da concussão... se eu estivesse no meu juízo perfeito, você veria só uma coisa...

Natanael se aproximou dela, olhando-a de um jeito que mulher nenhuma resistiria, então perguntou.

- Seja sincera! Você gostou do beijo? Diga que odiou meu beijo e eu nunca mais cruzo seu caminho. Eu juro!

Marina não sabia o que dizer. A verdade é que tinha adorado o beijo dele, e o beijaria a noite toda se pudesse, mas seus fantasmas ainda a assombravam.

- Por favor, Natanael! Suma da minha frente! Estou tão confusa que não sei se te dou uma bofetada ou torno a te beijar. Vai embora... amanhã a gente conversa melhor.

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora