15 - Um doce adeus.

17 2 2
                                    


Natanael voltou com Lucas já no final da tarde, e Marina mandou Lucas subir imediatamente pra tomar banho e se preparar para o jantar.

Marina estendeu o convite de jantar para Natanael, mas ele recusou delicadamente... nesse mesmo instante, Teresa interrompeu a conversa, trazendo o telefone e dizendo que era uma ligação de Kelly.

Marina atendeu animada, perguntando como estavam as coisas na capital, mas Kelly lhe eu uma resposta que a deixou chocada.

– Marina... vem logo pra cá! Vovó morreu!

Marina perdeu o chão sob seus pés. Sentiu o corpo cambalear, e Natanael a amparou.

Marina tentou bancar a durona e escapuliu de Natanael. Ainda com o telefone na mão, ligou para Paulo, pedindo que viesse o mais rápido possível. Paulo avisou que estava por perto e chegaria em poucos minutos.

Marina desligou o telefone e Natanael a abraçou, e afagou seus cabelos. Sem poder mais se conter, Marina chorou copiosamente.

Natanael sabia que algo terrível tinha acontecido, mas esperou que Marina se sentisse um pouco aliviada pra só então perguntar sobre. Marina falou com a voz embargada.

– Dona Carmelita... morreu!

– E quem é dona Carmelita?

Entre soluços, Marina explicou como foi acolhida por dona Carmelita quando chegou à capital. Contou como dona Carmelita adotou ela e Lucas como se fossem realmente sua família, e como Lucas a adorava.

– Lucas acha que ela é mesmo sua avó.  Eu lamento por não estar lá quando tudo aconteceu... eu não consegui nem me despedir, e nem dizer o quanto eu a amava!!!

Marina teve outra crise de choro. Sentia-se vazia por dentro, mas nos  braços de Natanael, sentia conforto.

Natanael, vendo ela tão frágil e vulnerável, se encheu de ternura por ela, e a beijou. Foi um beijo longo e demorado. Marina não conseguia pensar em mais nada, só que estava precisando daquele beijo, e afogou nele suas tristezas e preocupações. O beijo prosseguiu morno e sensual, até que foram interrompidos.

***

Paulo estava assustado com o telefonema da irmã, e no desespero, entrou de sopetão, flagrando Marina e Natanael se beijando.

Os dois se largaram imediatamente, constrangidos por aquele flagrante, mas Paulo, muito discreto, fingiu não ter percebido.

Marina correu para os braços de Paulo e o abraçou, ele então perguntou preocupado.

– O que está acontecendo? Por que todo esse desespero?

– Dona Carmelita faleceu hoje. Precisamos ir pra lá agora mesmo!

Paulo e Natanael se encararam com cara de poucos amigos. De repente, Marina se lembrou de Lucas.

Não sabia o que ia dizer a ele, já que ele era tão apegado à dona Carmelita. Natanael se ofereceu pra dar a notícia, e antes que Marina pudesse falar qualquer coisa, ele já estava subindo as escadas.

Paulo olhou a solicitude de Natanael, e seu possessivo ciúme de irmão aflorou.

– Mil e uma utilidades, o rapaz aí!

– Ele caiu do céu, Paulo! Ele é o melhor amigo do Lucas, e vai saber consolar ele.

Paulo sorriu sarcástico e emendou um comentário maldoso.

– Eu vi a maneira como ele te consolava a pouco quando cheguei. Ele é muito bom nisso.

Marina corou de vergonha.

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora