59 - Reorganizando a vida

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Karen sentiu-se tirada de seu sossegado mundinho e atirada a mais de quatro meses no futuro. A casa e a praia eram as mesmas, mas nada estava igual. Até sua empregada já não era mais a mesma, e Karen percebeu que precisaria de alguns dias para se adaptar novamente.

Felipe queria curtir um tempo ao lado da mulher que mais amou na vida e da menina que foi o fruto de um reencontro tão inusitado e era para ele muito mais que uma filha; mas infelizmente a cooperativa pesqueira estava abandonada e o serviço tinha se acumulado de tal maneira que ele não teve alternativa senão retornar ao trabalho pesado imediatamente.

Para piorar a situação, a temporada de pesca estava começando e Felipe teve que se lançar ao mar com seus homens pretendendo passar muitos dias fora de casa.

Como enfermeira profissional e altruísta por natureza, Rosana, a madrasta de Karen, se ofereceu para cuidar de Karen e da filhinha.

Karen já se sentia muito bem e não precisava de cuidados, mas aceitou de bom grado a ajuda com Marina, visto que ela daria muito mais trabalho que um bebê comum por ser pré-matura. E com Felipe fora por tantos dias, Karen achou que seria muito bom ter um pouco de companhia.

Uma semana depois de Karen ter voltado ao litoral, Fernando passou em sua casa e a levou para visitar a empresa de sua tia.

Karen aproveitou para se inteirar das coisas e matar a saudade de velhos amigos, mas ainda estava muito ocupada com a pequena Marina e avisou a todos que os negócios continuariam nas mãos de Fernando e de sua assistente pessoal Renata.

Saindo da empresa, Fernando finalmente levou Karen ao ligar que ela tanto esperou...

O lugar era perfeito! Parecia até que alguém tinha entrado nos pensamentos de Karen e desenhado exatamente o que ela queria.

A casa era grande, mas não podia se considerar uma mansão. Era uma casa estilo sobrado, com sala de jantar, estar e cozinha no térreo e quatro grandes quartos no piso superior. Tinha uma enorme varanda e muito espaço para montar um jardim bem na frente da casa. E nos fundos tinha ainda uma casa de três cômodos que servia exatamente para os propósitos de Karen.

Karen estava deslumbrada e perguntou a Fernando aonde ele tinha encontrado aquela maravilha, ele então contou que Donana foi a responsável. Ela conhecia todo mundo daquela região e soube que os antigos donos da casa eram pessoas em ascensão social e estavam de mudança para uma cidade melhor.

Karen riu-se da ironia das coisas; pessoas pobres que enriqueciam, procuravam lugares melhores para morar e ela, com toda a fortuna que possuía, estava procurando uma casa em um bairrozinho de classe média.

Karen adorou o novo lugar e pediu para Fernando providenciar as papeladas imediatamente. Fernando já tinha quase tudo resolvido e só precisava ir ao cartório fechar o negocio.

Enquanto ele foi, Karen aproveitou para examinar a casa mais detalhadamente e anotou todas as mudanças e reformas que faria.

No dia seguinte, lá estava ela com os pedreiros, os pintores, as decoradoras e um jardineiro que iria criar para ela um belo jardim japonês na entrada da casa.

Depois de orientar cada um dos profissionais, Karen retornou ao seu lar com o coração saltitante de ansiedade. Não via a hora de contar a todos a sua surpresa.

***

A temporada de pesca estava boa e Felipe passou mais de duas semanas no mar.

Felipe estava morrendo de saudades de casa e de Karen, mas quando voltou, ficou surpreso. A mansão estava completamente vazia e uma equipe de operários davam os retoques finais no acabamento da casa.

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora