caleidoscópio 2 - a outra face.

28 - Invasão explosiva.

Marina não suportou mais ver Felipe jogar toda a culpa nela, e o enfrentou.

– Acorda pra vida, Felipe! Como você é egoísta! Todo mundo querendo arrancar o filho dela, e você trancado em seu mundinho! Você a atirou pros leões! E acha mesmo que Karen desistiria tão fácil? Você a procurou depois disso?

– Não me venha com suposições, Marina! Meu próprio pai me contou, e ele não mentiria num assunto tão sério!

Marina gargalhou, cheia de sarcasmo.

– Agora Santiago virou o pai da verdade!?! Ele forjou documentos, atestando anormalidades no feto, e fez um atestado de insanidade para Karen, só para conseguir o aborto! Karen foi arrastada para a clínica numa camisa de forças! Você sabia?

Felipe estava perplexo, e não conseguia acreditar nas palavras dela.

– Como você sabe de todos esses detalhes? Quem é você, Afinal??

Marina esmurrou a mesa na frente dele.

– Se você parasse de sentir pena de você mesmo, já teria descoberto a verdade faz tempo! E sabe da maior? Santiago não te contou, mas Karen fugiu da clínica!

Felipe estava assustado e confuso.

– Porque está fazendo isso, Marina? Já não me puniu o suficiente? O que você quer?

Marina estava cansada desse jogo e decidiu que era a hora da verdade, sejam lá quais fossem as consequências.

– Ela não abortou o bebê, seu imbecil! Enquanto você culpava Karen de todas as suas desgraças, ela lutava sozinha pela vida do filho! Enquanto você curte sol e praia, ela guarda luto por você até hoje, e cria sozinha aquela criança! E ela fez tudo isso porque te ama, seu estúpido!

Marina tentou sair, mas Felipe segurou seu braço.

– Você conhece Karen? Sabe onde ela está? Eu preciso do meu filho!

Marina lançou um olhar de desprezo.

– Você não tem nenhum filho, Felipe! O garoto é um órfão!

Marina desvencilhou-se e correu para o carro.

Felipe ainda tentou correr atrás dela, suplicando e implorando, mas ela o ignorou.

***

Felipe voltou, e sentou-se à mesa, ainda furioso.

– Ela não pode fazer isso comigo! Se meu filho está vivo, eu tenho o direito de saber quem é ele! Mas aposto que ela inventou essa história só pra me perturbar!

Donana pegou as mãos do filho, com seu jeitão carinhoso, e tentou fazê-lo ver as coisas com mais clareza.

– Se acalme, meu filho! O desespero é um péssimo conselheiro. Ainda a pouco, quando você falava do bebê... como disse que ele se chamava?

Felipe encarou Donana com surpresa.

– Eu não disse... mas seria Lucas, o apóstolo médico...

Donana continuou, no seu jeitão tranquilo.

– Você nunca achou estranho que o menino fosse tão parecido com você?

De repente a realidade atingiu Felipe em cheio. Como ele nunca pensou nisso antes?

– Como eu fui tão burro! Eu sempre me senti ligado a ele! Mas nunca imaginei... mas o que Marina faz com meu filho? Por quê ela o cria, como se fosse dela?

Donana percebeu que Felipe estava muito lerdo pra perceber as coisas, então explicou com bastante paciência.

– Se acalme, meu filho, e pensa comigo! Marina nunca pareceu familiar? Lembra como ela se assustou quando te reconheceu? Marina não existe! Foi só um disfarce que ela inventou! Ela é a mãe do Lucas! A mulher por quem você sofreu todo esse tempo!