60 - Retoques finais

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A presença de Karen na casa de anabel, naquela tarde, realmente a surpreendeu. Desde que Janete fora presa, por cumplicidade com Xavier, e de toda aquela tragédia que se sucedeu, Anabel nunca mais viu Karen, e achou que fosse por ressentimento.

Mas entendia os motivos de Karen... pois sabia dos desatinos da filha e da maneira escandalosa como as duas se desentenderam... imaginava que Karen nunca mais fosse querer contato com a mãe de uma criminosa...

Mas contrariando tudo o que imaginou, Karen chegou, trazendo um lindo buquê de flores, e entregou a ela, dando-lhe, em seguida, um abraço apertado.

– Ah! Donana!! Como senti falta desse abraço!! Precisei tanto dele esses dias!

Donana chorou, num misto de sentimentos, entre envergonhada e emocionada, e já foi logo se desculpando.

– Por favor, dona Marina, me perdoe, por tudo o que minha filha fez! Eu não tenho palavras pra me desculpar... ainda não acredito que trouxe uma criatura tão cruel pro mundo, e se não fosse por isso, a senhora não teria passado por tudo o que passou... uma vida inteira não seria suficiente pra me desculpar por tudo isso!!

Karen abriu um sorriso tranquilo.

– Não se preocupe, Donana! Eu precisei quase morrer pra entender as coisas maravilhosas que a gente perde na vida quando se entrega ao rancor. E não se martirize mais... apesar de tudo, Janete se arrependeu no último momento. Ela cuidou bem do meu filho, e ajudou a protegê-lo daquele maluco... se não fosse por ela ter atingido a cabeça dele, Felipe nunca conseguiria libertar o Lucas! Ela vai pagar suas contas com a justiça, pelo menos pelos próximos 10 anos, mas acho que ela está se redimindo.

Donana chorou copiosamente, e Karen a abraçou até que a comoção passasse. Quando Donana estava mais calma, Karen a surpreendeu.

– Eu sei que a senhora deve gostar muito da casinha aqui na praia, e não é fácil abrir mão de um lugar tão cheio de boas lembranças, mas vejo que aqui, você fica muito sozinha, e isso preocupa muito a mim e ao Felipe... por isso, quero te convidar a morar com a gente, pelo menos até resolver a questão da Janete. O que me diz?

Depois de refletir, Donana fez uma expressão apreensiva.

– Não sei não, dona Marina... a senhora já tem duas crianças pra se preocupar, ainda ter que levar uma velha, pra dar mais trabalho... não sei se isso vai ser bom pra você e pro meu filho! Não quero atrapalhar de jeito nenhum! É melhor deixar as coisas como estão!

Karen sorriu tranquila.

– Eu já pensei em tudo, e não será incômodo nenhum, Donana! O quintal é bem grande e tem uma casinha de fundo que pensei em reservar exclusivamente pra a senhora. Graças à Deus, Felipe e eu nos entendemos bem, e acho que estamos enfim encontrando nosso "felizes para sempre". Minha filha está ótima de saúde, e já não dá mais nenhum trabalho, e a dona Vera, além de ser uma ótima governanta, também me ajuda bastante com as crianças. Então não se preocupe com nada.

Ainda sem jeito, Donana resolveu aceitar. Estava emocionada pelo carinho de Karen, mas era tímida e detestava parecer que estava tirando proveito, mas a casa que Karen estava lhe oferecendo, era muitíssimo melhor que a velha choupana onde morava na praia.

Era uma casa encantadora, num bairro muito bonito e bem localizaďo, com mercado e ônibus na porta de casa... e ela não poderia desejar lugar melhor. Ela mesma ajudou Fernando a escolher aquela casa, mas não imaginou que fosse morar lá.

Karen deu um abraço em Donana, que chorou emocionada, e agradeceu por tudo o que Karen estava fazendo.

– Você é mesmo um anjo! Depois de tudo o que minha filha fez... e você ainda teve a nobreza de me ajudar desse jeito! Nem sei o que dizer, mas serei eternamente grata por tudo!

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora