27 - Marina é descoberta

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Felipe vomitou convulsivamente, expelindo quase um litro de álcool e bílis. O esforço minou suas forças, e ele se encolheu em um canto, tremendo de frio.

Marina entrou no banheiro e encontrou ele naquele estado deplorável. Apesar da raiva que ela passou na última hora, ele ainda era seu Felipe, o homem que ela amava, e dessa vez ia cuidar para que nada de ruim lhe acontecesse.

Marina se aproximou cuidadosamente, e tirou-lhe as roupas encharcadas. Quando ele teve outro acesso de vômito, ela lhe segurou a cabeça. Depois ligou o chuveiro e o colocou embaixo da água quente.

Marina percebeu que o corpo dele estava ainda mais sensual do que era antes, e sentiu borboletas revoarem em seu estômago, enquanto o observava.

Felipe encarou Marina, com o olhar magoado.

- Precisamos decidir... sobre nós!

Marina suspirou, desanimada.

- Não existe nenhum nós, Felipe! Minha resposta continua a mesma.

- Então por quê veio?

- Porque Lucas teve um sonho, e me assustou. Não posso me casar com você, mas me preocupo.

Felipe deu as costas a ela.

- Então volte para seus amigos. Pro fã clube de Karen!

Marina soltou o ar dos pulmões com um chiado de enfado. Não aguentava mais bater na mesma tecla.

- Pra sua informação, eles perderam contato com ela à dez anos atrás.

- Espero sinceramente que ela tenha morrido! - Felipe falou, cheio de magoa - Ela matou meu filho sem a menor consideração.

Marina não conseguia mais ouvir ele falar tanta injustiça, e decidiu que a hora de contar tudo, enfim chegou.

- O que você teria feito no lugar dela? Ela estava sozinha, à mercê de duas famílias furiosas! Aonde você estava, quando a condenaram por corromper o santo padre da cidade, e a acusaram de gerar uma aberração? Ao primeiro sinal de pressão, você tentou acabar com sua vida!

Felipe tornou a se fazer de vítima.

- Pra você, parece o capricho de um garoto mimado. Mas se coloque no meu lugar! Eu voltei daquela ilha infernal, traí meus votos, e descubro que cometi um incesto! A única coisa boa que sobrou disso tudo era meu filho, mas ela o matou sem a menor consideração. Eu tive motivos pra cometer uma loucura!

- E ela passou pelas mesmas coisas... e enfrentou tudo sozinha! Será que ela também não teve motivos pra cometer uma loucura?

Natanael examinou detalhadamente as feições de Marina. Ela já estava sem jeito, quando num ímpeto, ele a agarrou, e a trouxe pra debaixo do chuveiro.

Marina estava assustada, pois conhecia muito bem aquele olhar. Começou a tremer num misto de medo e excitação.

Ele agarrou-a pelo queixo, inclinando-lhe a cabeça para trás. Marina começou a chorar assustada, ainda assim, não reagiu.

Felipe aproximou o rosto do dela, falando furioso.

- Por quê você defende tanto essa mulher? O que você sabe, que eu não sei?

Marina fechou os olhos, enquanto a água do chuveiro lavava de seu rosto, as sardas, e expunha o dourado de sua pele. Felipe passou a mão no rosto dela, pensando que era sua imaginação lhe pregando peças, mas a cada minuto, Marina se parecia mais com Karen.

- Você vai me odiar por isso, mas estou vendo Karen em você! Por isso te amo tanto! Eu te amo, e te odeio com a mesma intensidade!

Dizendo isso, se apossou dos lábios dela de um jeito quase violento. Marina pensou em reagir, mas não queria. Estava cansada de fugir dos próprios sentimentos.

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora