Felipe vomitou convulsivamente, expelindo quase um litro de álcool e bílis. O esforço minou suas forças, e ele se encolheu em um canto, tremendo de frio.
Marina entrou no banheiro e encontrou ele naquele estado deplorável. Apesar da raiva que ela passou na última hora, ele ainda era seu Felipe, o homem que ela amava, e dessa vez ia cuidar para que nada de ruim lhe acontecesse.
Marina se aproximou cuidadosamente, e tirou-lhe as roupas encharcadas. Quando ele teve outro acesso de vômito, ela lhe segurou a cabeça. Depois ligou o chuveiro e o colocou embaixo da água quente.
Marina percebeu que o corpo dele estava ainda mais sensual do que era antes, e sentiu borboletas revoarem em seu estômago, enquanto o observava.
Felipe encarou Marina, com o olhar magoado.
- Precisamos decidir... sobre nós!
Marina suspirou, desanimada.
- Não existe nenhum nós, Felipe! Minha resposta continua a mesma.
- Então por quê veio?
- Porque Lucas teve um sonho, e me assustou. Não posso me casar com você, mas me preocupo.
Felipe deu as costas a ela.
- Então volte para seus amigos. Pro fã clube de Karen!
Marina soltou o ar dos pulmões com um chiado de enfado. Não aguentava mais bater na mesma tecla.
- Pra sua informação, eles perderam contato com ela à dez anos atrás.
- Espero sinceramente que ela tenha morrido! - Felipe falou, cheio de magoa - Ela matou meu filho sem a menor consideração.
Marina não conseguia mais ouvir ele falar tanta injustiça, e decidiu que a hora de contar tudo, enfim chegou.
- O que você teria feito no lugar dela? Ela estava sozinha, à mercê de duas famílias furiosas! Aonde você estava, quando a condenaram por corromper o santo padre da cidade, e a acusaram de gerar uma aberração? Ao primeiro sinal de pressão, você tentou acabar com sua vida!
Felipe tornou a se fazer de vítima.
- Pra você, parece o capricho de um garoto mimado. Mas se coloque no meu lugar! Eu voltei daquela ilha infernal, traí meus votos, e descubro que cometi um incesto! A única coisa boa que sobrou disso tudo era meu filho, mas ela o matou sem a menor consideração. Eu tive motivos pra cometer uma loucura!
- E ela passou pelas mesmas coisas... e enfrentou tudo sozinha! Será que ela também não teve motivos pra cometer uma loucura?
Natanael examinou detalhadamente as feições de Marina. Ela já estava sem jeito, quando num ímpeto, ele a agarrou, e a trouxe pra debaixo do chuveiro.
Marina estava assustada, pois conhecia muito bem aquele olhar. Começou a tremer num misto de medo e excitação.
Ele agarrou-a pelo queixo, inclinando-lhe a cabeça para trás. Marina começou a chorar assustada, ainda assim, não reagiu.
Felipe aproximou o rosto do dela, falando furioso.
- Por quê você defende tanto essa mulher? O que você sabe, que eu não sei?
Marina fechou os olhos, enquanto a água do chuveiro lavava de seu rosto, as sardas, e expunha o dourado de sua pele. Felipe passou a mão no rosto dela, pensando que era sua imaginação lhe pregando peças, mas a cada minuto, Marina se parecia mais com Karen.
- Você vai me odiar por isso, mas estou vendo Karen em você! Por isso te amo tanto! Eu te amo, e te odeio com a mesma intensidade!
Dizendo isso, se apossou dos lábios dela de um jeito quase violento. Marina pensou em reagir, mas não queria. Estava cansada de fugir dos próprios sentimentos.
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caleidoscópio 2 - a outra face.
RomanceApós ter sua vida e seu relacionamento destruídos, Karen se transforma em Marina Rodrigues, e luta para manter em segurança seu pequeno milagre, fruto do relacionamento com o único homem que amou, e o único que lhe fora proibido pelo destino. Natana...