caleidoscópio 2 - a outra face.

35 - Enfrentando Santiago.

Logo pela manhã, Marina pensou em não comparecer ao serviço, mas lembrou que tinha um assunto inacabado com Santiago e encontrou forças para levantar.

Na empresa, Ivete veio trazer alguns recados, mas ela não quis saber de nada, simplesmente entrou zangada na sala de Santiago, e o encontrou com um sorriso sarcástico no rosto.

– Bom dia! Vejo que você recebeu o meu presentinho de aniversário.

– Que palhaçada foi aquela? O que você quer com o meu filho?

– Correção: com o meu neto! Eu quero proteger ele dos desvarios de uma mulher desmiolada feito você. Eu avisei Karen, se você não afastasse aquele maluco de meu neto eu ia tomá-lo de você. Devo isso ao meu filho. Você o tirou de mim, mas não vou permitir que tire também meu neto.

Marina tremia de indignação. Sentia-se impotente diante da injustiça que ele estava cometendo.

– Deixa de ser ridículo Santiago. Você só quer se vingar, por que ensinei Felipe a pensar por si próprio. Você quer tomar meu filho para que eu sinta na pele o que você sentiu. Acontece que Lucas é apenas uma criança, não é justo envolve-lo nessa rixa idiota.

– Não se trata de vingança Karen. Eu amo meu neto e só quero o melhor pra ele.

– O melhor para seu neto é ficar com a mãe dele! Você não ama seu neto! Você tentou matá-lo antes que ele nascesse, lembra?

Santiago sorriu tranqüilo.

– Eu confesso que não o amava antes, mas depois que eu o conheci...

– Você não o conhece! Não sabe nada sobre ele. Você só o quer porque ele é uma criança linda e inteligente. Se ele fosse deficiente, você lutaria por ele com a mesma garra? 

– Concordo que não o conheço, mas ele tem potencial. Com o estímulo certo ele pode se transformar em alguém muito importante.

Marina soltou uma gargalhada. Era inacreditável que Santiago tivesse uma mentalidade tão tacanha.

– Você parou pra pensar que é exatamente o tipo de criação que dou a ele que o transformou na criança maravilhosa que ele é? Você já tem seus netos, Santiago; preocupe-se com eles e deixe Lucas em paz! Você não o ama pelo que ele é, ama-o pela ideia que faz dele. 

Santiago estava exasperado.

– A culpa é sua. Não confia em mim, mas o deixa nas mãos daquele maluco tatuador de crianças! Como pode confiar num homem daqueles e não confiar em mim que sou o avô do menino? Como pode querer colocar aquele homem no lugar do meu filho querido?

– Por falar em filho, o senhor conhecia o seu próprio filho? Sabe o que ele seria se o senhor não tivesse obrigado ele a ser padre? Se seu filho pudesse pensar com o próprio cérebro, aposto que seria exatamente como o marujo. E talvez seja isso que faz você implicar tanto com ele!

Santiago deu uma bofetada no rosto de Marina.

– Nunca mais ouse comparar a santa pessoa de meu filho com aquele sujeito.

Marina alisou o lado esbofeteado do rosto e sorriu irônica. Adoraria revidar, mas sabia que a sua vingança contra Santiago seria mais saborosa.

Adorava ver o quanto Santiago odiava o marujo, pois sua decepção seria maior quando descobrisse que ele era Felipe.

Santiago estava furioso demais para argumentar.

– Não tenho mais nada a falar! Espero que encontre um bom advogado. Te vejo no tribunal, até lá, cuide bem do meu neto!