30 - Conversa com Lucas

16 2 2
                                    

Marina sentiu o peso de seu ataque de fúria. Agora que a adrenalina estava baixando, sentiu-se sem forças nem pra ficar em pé.  Ajoelhou-se e começou a chorar. Tudo foi vindo à tona como um turbilhão.

Felipe abraçou Marina como se ela fosse uma garotinha, e ela mergulhou naquele abraço, soluçando profundamente.

Finalmente podia comemorar a volta de seu grande amor, seu Felipe que retornou dos mortos, e não corria mais o risco de partir de novo...

Foram dez anos de angústia e solidão, e agora que pensou que ficariam tranquilos, vem Janete com aquelas ameaças... Marina ia lutar com unhas e dentes pra não perder Lucas, mas nunca ia permitir que Santiago lhe tirasse Felipe também.

Felipe secou-lhe as lágrimas com os polegares, e a fez olhar para ele.

– Você parece mais calma. Está se sentindo melhor?

Marina fez que sim com um gesto, depois sorriu com ternura, e passou a mão pelo rosto dele.

Felipe viu os arranhões nos braços dela, e pediu pra Teresa trazer remédios pra cuidar daquilo. Enquanto ele limpava os ferimentos, perguntou curioso.

– O que foi tudo isso? Por que você estava tão transtornada?

Marina queria contar tudo a ele, mas preferiu só desconversar.

– A louca da Janete, veio ameaçar você e  nosso filho... não sei o que há de errado com ela... ou melhor, sei sim! O problema dela é você!!

Felipe a encarou, com surpresa.

– Eu?? Mas o que eu fiz?

Marina sorriu divertida.

– Você deixou ela apaixonada! Exatamente como faz com todas as mulheres! Mas quem manda você ser tão irresistivelmente lindo?

Sem que Felipe estivesse esperando, Marina se lançou sobre ele e o beijou apaixonadamente.

***

Lucas desceu as escadas correndo, animado pela beleza do dia, mas então se deparou com Marina e o marujo se beijando, e com um tom de reprovação, resolveu acabar com aquela pouca vergonha.

– Que horror, mamãe! O que pensam que estão fazendo?

Os dois se afastaram, surpresos, e Marina sorriu, tentando aparentar tranquilidade.

– Lucas! Não estamos fazendo nada demais! Nós nos amamos, e é normal que pessoas que se amam se beijem... não sei por quê está tão chocado! Não era isso que você queria?

Lucas se colocou entre os dois, e depois de lançar um olhar furioso em direção ao pai, abraçou a mãe, com ciúmes...

– Eu queria... quando não sabia que ele era meu pai... mas agora que sei, não precisa mais ficar com essas frescuras... ele não vai mais embora. Agora vocês precisam se concentrar em mim, que sou o filho!!

Felipe levou na brincadeira, e tentou abraçar o filho, mas Lucas se desvencilhou com hostilidade.

Marina ficou preocupada, mas Felipe sabia exatamente como lidar com isso.

– O que é que há, companheiro? Está chateado comigo? Parece até que não gosta mais de mim?

Lucas o encarou com desdém.

– Na verdade, eu gostava mais quando não era meu pai!

Felipe abraçou o filho, mas Lucas tentou se esquivar e começou a se debater. Ele foi firme e segurou o menino até que ele se acalmasse, depois olhou em seus olhos.

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora