17 - Situação estranha.

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Natanel encarou Kelly, esperançoso, mas ela confirmou, desanimada.

– Infelizmente tenho que concordar. Marina trabalhou com salva vidas maravilhosos e nunca deu bola pra nenhum deles... o finado era realmente um intelectual.

Natanel sorriu malicioso.

– Vocês podem não acreditar, mas já fui um erudito também... pessoas muito importantes procuravam meus conselhos.

– Ah é! – Marina riu debochada – Ouvi dizer que você xinga em latim de vez em quando... muito erudito! Olha, você pode até ser um sábio, mas não faz meu tipo! Até agora vocês falaram do que eu gosto em um homem, mas vamos falar do que não gosto! Odeio homens de barba!

Marina jogou seu trunfo. Sabia que ele estava cheio de esperança pela noite que passaram juntos e sabia que isso ia deixar ele arrasado. Natanael passou a mão pelo rosto barbado, e suspirou desanimado.

– Mas minha barba é meu amuleto da sorte! Já estou com ela à uns 8 ou 9 anos... acho que se eu a tirasse totalmente, ia me sentir pelado e exposto.

Marina continuou implacável.

– Pois pra mim, pouco importa o que faz com sua barba, mas uma pessoa de barba esconde o rosto, e pessoas que escondem o rosto não merecem confiança. Gosto de transparência!

Natanael fez uma expressão séria.

– Talvez eu tenha mesmo algo a esconder. Tenho lá meus segredos do passado, mas quem não tem? A senhora nunca escondeu nada de ninguém?

Marina estremeceu. Ela, mais que ninguém era cheia de segredos, a começar pelo seu nome que nem era real. Sabia que estava sendo hipócrita, mas precisava colocar um fim naquilo tudo.

– Não estou te julgando... você anda como quiser. Vocês queriam saber o meu tipo de homem, e eu falei. Odeio barba. Ponto final.

Nesse exato momento uma garota entrou, abraçou Natanael por trás, e passou a mão no rosto dele.

– Pois a barba é o charme dele! As mulheres daqui simplesmente enlouquecem por essa barba, e se ele tirar, vai perder totalmente a personalidade.

Marina ficou perplexa. A garota era nada mais, nada menos, que a tal Janete. O que aquela garota fazia ali? E por quê Natanael permitia ser tratado com tanta intimidade?

Ela era mesmo namorada dele? Se sim, como ele ousou seduzi-la tão descaradamente? Com o orgulho abalado, Marina não perdeu a pose.

– Existe gosto pra tudo, não é mesmo?

Natanael apanhou Lucas no colo e falou brincalhão.

– Ih, é melhor a gente se retirar, que em briga de mulher, ninguém mete a colher. Vou deixar vocês duas se conhecer melhor. Janete, esta é minha amiga Marina... Marina, essa pirralha pirada é minha irmã, Janete!

***

Ao ouvir a palavra irmã, Marina ficou atordoada.

Janete se aproximou de Marina e confidenciou.

– Confesso que ele ficou impressionado com o molequinho, mas não se iluda. Ele já fez pouco caso de mulheres bem mais interessantes que você . Além do mais, ele é meu, e você não vai querer atravessar meu caminho!

Donana se aproximou, escutando a ameaça que a filha fazia, e deu-lhe um cascudo.

– Para de chatear a dona Marina! Já disse que se pegasse você falando essas bobajadas, eu ia te dar uma surra! Vai caçar o que fazer e toma vergonha nessa cara!

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora