56 - Análises detalhada

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Lucas contou que tinha outra empregada na casa e que ela era muito legal. Lucas mostrou um desenho da nova empregada e o resto dos desenhos que ele tinha feito.

Karen percebeu certas características nos desenhos de Lucas; por exemplo: suas casinhas não tinham portas, em compensação sempre tinha janela. As árvores eram pequenas e desproporcionais ao resto do desenho, e sempre que ele desenhava a si mesmo, faltava alguma parte de seu corpo... Um braço, um pé ou uma mão; na maioria das vezes seu auto-retrato não tinha boca.

Karen pensou a principio que fosse coincidência; talvez preguiça de terminar o desenho, mas então ela percebeu que era só o auto-retrato. As outras pessoas estavam inteiras e com riqueza de detalhes.

O último desenho era assustador e deixou Karen perturbada.

Lucas tinha desenhado um menino de olhos vendados e por traz dele um monstro gigantesco. Ao lado a mãe, caída ao chão, com sangue escorrendo do peito, e no canto oposto, um homem empunhando uma lança e tentando enfrentar o monstro.

Karen foi atingida por outro turbilhão de lembranças e começou a reconstruir vagamente os acontecimentos da tragédia que os envolveu.

Lucas olhou para a mãe com os olhos tristes e se desculpou.

- Eu sei que não deveria ter feito esse desenho, ele é muito triste. Eu não queria que a senhora morresse por minha causa, mas agora está tudo bem, a senhora voltou!

Karen olhou aturdida para o médico e ele percebeu o desespero dela e pediu que Lucas se retirasse do quarto por alguns instantes, pois ele precisava falar com sua mãe.

Lucas obedeceu e se retirou. Felipe ia sair também, mas o médico pediu que ele ficasse. Karen escondeu o rosto e começou a chorar.

Felipe a amparou, e Karen sentiu uma segurança tão grande em seus braços que seu medo foi embora.

O médico perguntou exatamente o que aconteceu quando ela olhou para os desenhos, e ela respondeu de pronto.

– Foram uns clarões de pensamentos; eu tinha visto tudo isso antes, quando eu o abracei. Fiquei com medo que fossem coisas de minha imaginação, mas depois de olhar para esse desenho... O que aconteceu exatamente comigo? E com ele?

Felipe encarou o médico e ele deu permissão de contar os acontecimentos tumultuados que deram origem à sua hospitalização.

– Xavier era um maníaco que tentou nos matar. Ele seqüestrou nosso filho e pediu que você fosse sozinha até ele. Eu pedi para você não ir, mas você é teimosa e fugiu escondida. Quando cheguei lá, você estava amarrada e ele estava ameaçando Lucas... – Os olhos de Felipe se encheram de lágrimas – Ele ameaçou atirar, mas eu não acreditei e continuei indo pra cima dele. Se eu pudesse voltar atrás, nunca teria duvidado... só quando quase te perdi é que me dei conta da burrice que fiz. Depois que ele atirou em você, eu o matei. Infelizmente isso não apagou o que aconteceu.

Karen continuou olhando para os desenhos, imaginando todo o sofrimento que o filho passou.

– Meu Deus! Que tipo de mãe eu sou? Meu filho precisou de mim todo esse tempo e eu não estava aqui para ele! Por favor, doutor; é possível que meu filho fique traumatizado por causa disso?

O médico apanhou os desenhos das mãos dela e começou a analisá-los.

– É claro que um acontecimento como esse vai ficar para sempre na memória dele, mas não acredito que venha a lhe causar algum transtorno, desde que ele seja acompanhado de perto.

O médico espalhou os desenhos e explicou.

O médico espalhou os desenhos e explicou

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caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora