Capítulo 7

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Depois de comer, Hermione tinha mais uma aula. A aula que todos estavam esperando ansiosamente: Defesa Contra as Artes das Trevas. Mas Hermione considerou aquela aula, do professor Quirrell, uma piada. Sua sala cheirava fortemente a alho, que todos diziam que era para espantar um vampiro que ele encontrou uma vez na Romênia e temia que voltasse para ataca-lo.

Seu turbante, contou ele, havia sido um presente que ganhara de um principe africano, por tê-lo salvo de um zumbi incômodo, mas Hermione simplesmente não conseguia acreditar nas suas histórias, olhando para aquele homezinho magricela e patético, que tropeçava nos próprias pés e gaguejava todas as palavras.

No dia seguinte, Hermione acordou cedo. Foi até um dos banheiros, que ficava no corredor, fora do salão comunal, e tomou um banho quente. Secou-se e vestiu, e foi para o grande salão tomar o café da manhã.

Colocava açúcar no seu mingau de aveia, quando viu que Harry Potter e Rony Weasley chegaram, e sentaram-se relativamente perto dela. Escutou o que diziam.

—O que temos hoje? — perguntou Harry ao Rony, que estava se servindo de pão torrado.

—Poções duplas com o pessoal da sonserina. Snape é diretor da Sonserina. Dizem que ele sempre os proteje, vamos ver hoje se é verdade. — disse ele, entre as mastigadas.

Hermione ficou pensando sobre isso. Hoje iria ter aula com Malfoy. E da última vez que se viram, ficou decidido que fingiriam se odiar, para que não chegasse aos ouvidos do Senhor Malfoy que seu precioso filho estava caindo nas graças de uma nascida trouxa.

Hermione passava a entender melhor essa coisa de classes e divisão de sangue — depois de ler um livro que havia encontrado no salão comunal da Grifinória — quase como se fossem castas, e ela faria o que for preciso para não perder seu primeiro e possívelmente único amigo em Hogwarts.

Então era isso. Se maltratariam em público, para que pudessem ser amigos escondidos. E já haviam combinado o local de seus encontros, e o sinal que usariam para avisar ao outro que precisava conversar: era só ajeitar a gravata.

Naquele instante, chegou o correio. E Hermione parecia nunca se acostumar com as centenas de corujas sobrevoando por cima de sua cabeça: se assustava toda vez.

Hermione ficou chateada pois não recebera nada. Em compensação, Harry Potter havia recebido um bilhete — que tratou de responder na mesma hora. E Rony Weasley recebera uma carta.

Mais tarde, a aula de poções, foi para Hermione, ruim e boa ao mesmo tempo. Era de fato uma das aulas mais interessantes que ela teve, mas o professor Snape... Ele não parecia gostar muito dela.

A aula de poções foi em uma das masmorras. Era mais frio ali do que na parte social do castelo, e teria dado arrepios mesmo sem os animais embalsamados flutuando dentro de potes de vidro nas paredes à volta.

Snape, como Flitwick , começou a aula fazendo a chamada e, como Flitwick, ele parou no nome de Harry.

—Ah sim. Harry Potter. A nossa nova celebridade. — disse com a voz grave. Draco Malfoy e seus amigos Crabbe e Goyle deram risadinhas, escondendo a boca com as mãos. Hermione ficou observando Malfoy.

Não havia sido de fato engraçado, mas ela sabia que ele não havia simpatizado com Harry, tanto quanto ela não havia simpatizado.

Snape terminou a chamada e encarou a turma com seus olhos negros e vazios. Hermione sentiu um arrepio. Aqueles olhos eram tão frios, que Hermione os comparou mentalmente à túneis. Vazios, frios, escuros.

—Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções. — disse. Falava pouco mais alto que um sussurro, mas ninguém deixou de ouvir nem mesmo uma palavra. Assim como a professora Minerva, Snape tinha o dom de manter uma classe inteira em silêncio sem muito esforço. — Como aqui não fazemos gestos tolos, muito de vocês podem pensar que não se trata de magia. Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos... Posso ensinar-lhes a engarrafar a fama, cozinhar a glória, e até zumbificar, se não foram o bando de cabeças-ocas que geralmente me mandam ensinar.

Love spellOnde histórias criam vida. Descubra agora