Lembre de mim - capítulo 1

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Tomás

A luz vinda do sol vindo da janela me despertou e minha cabeça latejava, maldita ressaca (tenho que me lembrar de parar de beber tanto) meus olhos correram pelo ambiente embaçado que não reconheço e é impossível saber onde tô. Sinto um peso no peito e noto uma mulher, de cabelos curtos pretos e um corpo escultural agarrada em mim. Quem será ela?

Por que não consigo me lembrar como vim parar aqui? Com cuidado, me levanto da cama e tento recolher minhas roupas do chão e visto para sair daqui o mais rápido possível.

Quando chego até a porta, uma menininha de pijamas de estampa de unicórnio rosa, os cabelos lisos bem pretos escuros bagunçados, estende os braços para mim:

— Papa, colo – Pediu, fiquei estático, a encarando, sem saber o que fazer.

Aquela criança deveria ter dois ou três anos. Não havia possibilidade de ser minha filha, eu só tenho dezoito anos e uma carreira musical pela frente. Um bebê só ia atrapalhar.

A garotinha começou a chorar, ao mesmo tempo em que a morena misteriosa apareceu no corredor, estava vestindo um roupão, que cobria seu belo corpo, os cabelos molhados. Parecia muito mais atraente assim.

Aquela pirralha fofinha que me chamava de pai deve ser filha dela. São idênticas!

Como eu pude me envolver que tem uma bebê em casa?

— papa, colo! – Repetiu entre soluços.

— Tomás? Qual o problema? Pega ela! – Falou risonha.

E por que ela sabe meu nome, se não sei o seu? E como pode afirmar que a garotinha é minha filha, se sou muito novo para isso e nunca as vi antes?

Passei por elas e segui para a saída sem dizer nada e a dor de cabeça só aumenta.

— Aonde você vai com a mesma roupa de ontem? E por quê foi tão grosso com a Catarina? Ela não tem culpa dos nossos problemas e achei que tivéssemos resolvido isso muito bem ontem. – Ela me seguiu pelo corredor até chegarmos a porta.

— Eu vou pra casa ou pra algum lugar onde as coisas façam mais sentido. – Girei a maçaneta.

— Casa? Aqui é sua casa! Qual o motivo pra essa esquisitice toda?

— Desde de quando moramos juntos? Desde quando eu te conheço, minha filha? Tá doida?

A moça gargalhou nervosa, se aproximou de mim, envolveu os braços no meu quadril, segurou meu rosto e grudou os lábios no meu pescoço e mordeu, causando um arrepio estranhamente familiar.

— Deixa de ser palhaço! Mas só para refrescar sua memória: nos conhecemos há três mil seiscentos e cinquenta dias, ou seja, dez anos que estou completamente apaixonada por você, bobinho! E dois que nos casamos e moramos nessa casa! – Me afastei nervoso, com os olhos arregalados.

Casados? Dez anos? Uma filha? Tudo isso e eu não me lembrava nem sequer seu nome, pra mim naquele exato momento, estava em frente a uma completa desconhecida.

— Não é uma brincadeira, eu não consigo me recordar de nada do que você acabou de dizer, não posso acreditar em nada disso! – Gritei, saindo porta a fora.

— Se eu estou mentindo, por quê seu nome está gravado nessa aliança – Sua voz me chamou a minha atenção em um impulso virei para olha-la, segurava o anel na ponta dos dedos, com a mão próxima ao rosto, me encarando.

Movido pela curiosidade, caminhei até ela e peguei o objetivo e comecei a observa-lo por dentro. Fiquei espantado ao perceber que '' Tomás Campos Sales '' brilhava no caro, porém discreto material de ouro.

Ela aproveitou a proximidade que estávamos para me puxar pela mão de volta para o apartamento. Observo o ambiente ao meu redor, em uma estante estão espalhados portas retratos de todos os formatos, reparando bem, há fotos nossas na praia, em premiações, cantando, com um bebê, que suponho ser a garotinha de minutos atrás. Fico incomodado, como todos aqueles momentos podem ter evaporado da minha memória?

Sou eu, o homem daquelas imagens? Não se parece com o futuro que eu desejava para minha vida.

— Tomás, como se sente? Você está pálido! – A voz dela me tirou dos devaneios.

— Eu....

O que posso responder? Estou em pânico porque esqueci de toda a minha vida e você me parece uma completa estranha?

— Amor, por favor, facilite as coisas pra mim, está bem? Explique o está acontecendo.

— Eu já disse que não sei! Acordei sem me lembrar de nada, exceto meu próprio nome e estou tão apavorado quanto você com essa situação.

— Não é brincadeira? Qual a última coisa de se lembra? – Estava séria, talvez para me passar confiança.

— Não sei, ter fugido da casa da minha vó? – Cocei a cabeça, tentando refletir.

— Então temos grandes problemas – Levantou-se do sofá, onde estávamos sentados, em um pulo o que me fez ter uma visão privilegiada de seu corpo

— Você precisa de um médico, vou me vestir e ligar para sua mãe, não saia daqui! – Ordenou subindo as escadas rápida como um foguete.

Então percebi duas coisas: Não conheço a minha mãe, ou pelo menos, não me lembro de ter conhecido e odeio hospitais. 

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