capítulo 24

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Carla
Pés inchados, mãos inchadas e uma azia terrível, minha cabeça parecia que ia explodir. A reta final da gravidez está acabando comigo. Orava todos os dias para Catarina nascer logo de uma vez, nem tanto pela ansiedade que eu sentia, mas pelo desconforto total.
Com 38 semanas, minha filha poderia nascer a qualquer momento e infelizmente, estava sozinha em casa, na verdade não totalmente sozinha porque a Leila, a Becky e a Márcia estão aqui desde que Tomás viajou para a gravação de um maldito vídeoclipe, cujo a música nem sequer foi lançada!

Ele queria ter ficado aqui por medo de perder o nascimento da filha, entretanto, para o nosso desgosto, o Mauro e a sua ganância não permitiu.

Para manter a tranquilidade tentei meditar ou dormir, porém, como a Moranguinho é agitada, não parava quieta um só segundo, as vezes tenho a sensação de que ela está correndo uma maratona dentro de mim. O constante mal estar, não me deixava nem comer.

Se isso não é uma amostra grátis da morte, não mais o que pode ser.
Respirei fundo, na tentativa de parecer bem quando uma das minhas amiga entregou com celular para atender a chamada do meu marido.
— Oi amor! – Juntei forças para falar e parecer animada.
— Como estão as coisas por aí? As meninas e a minha mãe estão cuidando de vocês direitinho? – Pude ouvir a ansiedade carregada em sua voz.
— Está tudo bem... Estão sim. – Obviamente menti, eu não posso deixá-lo ainda mais preocupado.
— Carla, não está me escondendo nada, está? – Desconfiou.

Merda!

— Tomás! Por que eu esconderia algo de você? Eu hein! Tenho que desligar agora, um beijo, amor! – Desliguei o celular e o joguei em qualquer canto.

Leila apareceu no quarto com uma bandejinha com um pote, que eu imaginei ser de sopa e colocou na minha frente. Tive vontade de vomitar até os meus ossos.
— Eu sei que não está se sentindo bem, mas precisa se alimentar pouquinho.

Coloquei a primeira colher na boca e me esforcei para engolir, estava passando tão mal que conseguia sentir gosto ou cheiro de nada. Mais quatro colheradas e quase vomitei mesmo.

Para me animar as meninas ( Alice e Márcia) insistiram para vermos um filme, aceitei só para não ser chata.
— Se você sentir alguma coisa fala pra gente tá? Não fica calada! Sei que mentiu para o Tomás mais cedo.
—  Tá bem.– Concordo.

Catarina se acalmou por tempo enquanto assistiamos o filme e acabei pegando no sono.

Acordo, olho para as janelas e vejo que já é noite e estou sozinha no quarto.  Sento na cama e sinto uma pontada forte na barriga:
— Ah Caramba, Catarina! – Gritei.
— Hoje não, filha! Por favor, hoje não. – Pedi em sussurro.
— Aaaaaaaaaah socorro! – Gritei alto, sentindo outra pontada.

Serão essas as contratações? E por que Diabos ninguém nessa casa me escuta berrar desesperada?
— Aaaah meu Deus do Céu! – como essa porra dói!!!
Passado alguns minutos, as contratações cessam por um momento, tomo fôlego, estou trêmula e suada.
O medo de acabar dando a luz completamente sozinha e sem nenhuma segurança percorre todo meu corpo.
As lágrimas escorrem pelo rosto enquanto as contratações voltam ainda mais fortes.
Piorando a minha situação, um líquido escorre pelas minhas pernas. A bolsa se rompeu.
Não consigo me mover mais e respirar está difícil. Tudo escurece.

Todo DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora