capítulo 7- Lembre de mim

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Tomás

É estranho voltar nesse apartamento. Todos dizem que é a minha casa, mas não me sinto bem aqui. É claro que passar um tempo com a minha filha é ótimo. Catarina é comunicativa e muito agitada, tinha uma risadinha muito boa de ouvir, sua presença trazia paz. Em contrapartida, um simples olhar de Carla me desorientava e ela sabe disso, talvez até mais do eu.

Estávamos os três sentados no chão do quarto de Catarina tentando montar um quebra-cabeças depois que a pequena desistiu de ensinar a tal música para dormir, alegando que ela mesma não lembrava.

A garotinha mais corria de um lado a outro pegando todos os brinquedos do que encaixava as peças.

Carla nos observava um pouco afastada, anotava alguma coisa num caderno de capa de couro preta, vez ou outra sorria pra mim. Involuntariamente, suas mãos iam até a barriga, por algum motivo desconhecido, o ventilador de teto bagunçava seus cabelos, a cara de brava que faz para Catarina obedecer suas ordens é muito hilária.

Não, eu não deveria estar prestando atenção nela e muito menos me deixar hipnotizar por ela.

— papa, a mama é linda né? Palece uma princesa!

— A sua mãe é bonita sim, mas eu acho que quem parece uma princesa é você.– Começo a fazer cócegas nela, que gargalha alto.

Ela sai do meu colo pra ir até a pequena estante de livros e pescou um que tinha uma capa verde com uma onça pintada nas cores do arco-íris e pediu:

— Lê pra mi dormir?

— Leio – Afirmei — Numa floresta não muito distante daqui, vivia uma onça colorida e alegre que passava seus dias a dançar e correr por aí para espantar a tristeza que recaia sobre ela a cada vez que se sentia sozinha.

— Quem dera eu, Luz do sol completamente apaixonada por aquela felina feroz, pudesse dizer que sempre acompanhei seus passos. Que a cada vez que despontava lá no céu era para lhe ver sorrir. – Carla completa a leitura, sua palma aquecida tocou meus ombros. Seu hálito batia contra a minha nuca causando um arrepio familiar ali.

— Ah se a minha estrela soubesse que eu me escondo atrás da lua todas as noites para observar teu sono, minha doce princesa.

— Se a minha amada oncinha soubesse quanto amor, eu tinha, talvez não fugisse e gritasse que preferia a chuva, os raios, os trovões e a solidão – Tentando focar minha atenção em minha filha, que bocejava e se agarrava ao meu pescoço com força.

— E agora que estou sozinha: Onde estiver, dorme tranquila com a certeza do meu amor, eterno amor. – Cantou por fim.

— Papa, por favor não vai embola depois que eu dormi não, por favozinho – Implorou e meu coração se apertou.

— Eu vou estar aqui quando você acordar, prometo! – Dou um beijinho em sua testa e a observo fechar os olhos.

Fico sentado na poltrona ao lado de seu berço por um tempo. O desejo de fugir é grande, mas não posso quebrar a promessa que acabo de fazer.

— Acho que ela já dormiu, podemos sair – Carla sussurrou.

— Pra quê? Eu prefiro estar aqui caso ela acorde no meio da noite. –Justifiquei encarando os quadros de bailarina presos na parede

— Nós precisamos conversar e pode esquecer, essa aí puxou a você dorme feito uma pedra e nem um terremoto a acorda de madrugada. – Riu baixo

— Eu não tenho nada para tratar com você. – Neguei, sem me mover do lugar.

— O que foi? Está com medo de uma simples troca de informações com a sua esposa? Tsc tsc, costumava ser mais corajoso, sabia?

— Que tipo de informação eu poderia querer de você? – Levantei da poltrona.

— Eu...Achei que estivesse curioso para saber como escreveu o livro que acabou de ler para sua filha, mas aparentemente eu me enganei de novo. – Suspirou caminhando para o corredor.

Resolvi ignorar meu instinto que dizia para manter distância e a segui.

Fomos para a cozinha, ela se sentou em cima da bancada, onde repousava um prato com um pedaço de torta de morango e dois garfos, Carla pegou um deles e prontamente começou a comer. Deu um tapinha no mármore e neguei e continuei parado onde estava.

— Então fala

— Você escreveu aquele conto pra mim há muito tempo e logo depois que descobrimos que eu estava grávida de uma menina fez aquela edição ilustrada para ler todas as noites pra Cat.

Sua voz embargada, as lágrimas se formaram no canto dos olhos. Por algum motivo sinto um nó fechar minha garganta.

Eu queria poder me lembrar disso.

— E Por que eu faria isso? Não combina nada comigo. – Talvez, tenha sido um pouco grosso para criar uma barreira entre nós.

— Porque o antigo Tomás costumava fazer coisas que realmente não combinam com você. Ele não tinha medo de me amar e fazer as coisas mais improváveis para demonstrar isso. Mesmo quando eu não merecia. – Desce do balcão e sai da cozinha.

Me deixando sozinho e cheio de dúvidas:

Então ela admite que fez algo para ter a minha desconfiança e receio? Além do amor o que mais a minha mente apagou?

Por que essa maldita doença me transformou num covarde?

Caminho até a sala e acabo pegando no sono no sofá com todas essas questões rodeando a minha cabeça. 

nota da autora:

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nota da autora:

Eu ia citar as cartas que o Tomás escreveu na segunda temporada de Rebelde e alguns momentos de ToCar nas duas temporadas durante os flashbacks,eu até reassisti tudo para escrever direitinho, porém se eu quiser adaptar a fanfic para romance original futuramente , eu teria que excluir essas cenas e daria mais trabalho ainda.

Então, eu fiz uma adaptação:

Carla começou um diário de lembranças pra ele e o livro infantil que eles fizeram para a Catarina com algumas referências ( que vocês viram uma parte no capítulo 6 e verão nos próximos narrados por ela) 

beijinhos e até o próximo capítulo ( q a autora não sabe quando sai ) 

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