capítulo 20 - Lembre de mim ( último )

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Tomás

Passamos os últimos meses nos preparando para que Carla pudesse ter um parto natural, mas ninguém contava que a bolsa romperia às 04 da manhã de uma segunda-feira de setembro . Ela despertou no meio da noite reclamando que o bebê não parava de chutar e depois lágrimas grossas escorreram pelo seu rosto quando, depois de ajudá-la a se levantar, notei uma mancha de sangue no lençol.

— Eu não quero perder nosso bebê, eu não posso, Tomás! – Carla tremia da cabeça aos pés enquanto tentava secar o próprio rosto.

— Nada vai acontecer com você ou com nossa filha, eu prometo! Só respira, tá? – segurei seu rosto na tentativa de acalma-la, carreguei-a para a poltrona ao lado da cama, enquanto chorava e soluçava. Doía em vê-la assim e não poder fazer nada.

Peguei o telefone na cabeceira sentindo as mãos suarem e o coração retumbando dentro do peito.

Caiu a ficha: minha filha estava prestes a nascer e pela primeira vez, eu estaria lá para ser o primeiro a vê-lo, para cuidar de Carlinha. A nova bebê não passaria pelo mesmo que Catarina passou. Talvez por conta do parto conturbado de nossa primeira filha, minha esposa estivesse tão assustada e nervosa.

Seus gritos agudos atingiram meus ouvidos, só tive tempo de ligar para a ambulância da maternidade e correr para ampará-la antes que caísse desmaiada no chão.

Os acontecimentos passam como um flash pelos meus olhos: os enfermeiros chegando, dando entrada no hospital, os obstetras confirmando que o sangramento era normal, Carla acordando e sendo anestesiada, mesmo sem sentir dor alguma, ela ainda chorava e apertava minha mão enquanto usava toda força que restava para expulsar o bebê de dentro de si.

Os primeiros raios de sol daquela manhã atravessavam a janela da sala de parto quando o choro fino e discreto do bebê se espalhou por todo o ambiente.

A enfermeira me entregou uma menininha gordinha e amassada, a pele rosada, os olhinhos castanhos-esverdeados bem abertos, os lábios largos e finos imitavam os da mãe.

— E então, como ela vai se chamar? – mostrei a nossa filha para Carla, que mesmo parecendo esgotada se esforçou para sorrir e segurar a bebê.

— Alana. – o nome que significa " resistência " saiu como um sussurro de seus lábios pálidos.

— Ela tem mesmo a cara de Alana. – Deixei um beijo leve na testa da minha esposa — Tô muito orgulhoso de você, Gatinha!

Você... Faz tempo que não me chama assim, desde que perdeu a memória....

— Eu acho, Carlinha, só acho, não se anime, que a minha memória voltou por completo durante o nascimento da Alana.

— Finalmente, Amor, seja bem-vindo de volta.

três dias depois, Carla e Alana receberam alta do hospital, Catarina esperava ansiosa para conhecer a irmã mais nova, assim que entramos no Chalé, ela correu em nossa direção, gritando:

— A irmã chegou !!!!! Catarina pode ver?

— Pode, mas não grite, ela está dormindo.

— Tudo bem, mas eu posso carregar ela no colo? — Catarina sussurrou ainda sorridente.

— Claro que pode, vamos sentar ali e eu te entrego ela, tá bom? – Carla surge caminhando para o sofá, eu a ajudo e Catarina nos segue.

Carla se senta com a bebê no colo e uma Cat ansiosa se sentou ao lado dela, erguendo os bracinhos para segurar a irmã, com cuidado, ajeitou a menina e a ajudou a segurar Alana.

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