capítulo 15

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Carla

Becky desaprovou a decisão que tomei e tentou a todo custo me fazer voltar para casa e conversar com Tomás. Eu prometi que faria, mas claramente menti! Não pode nem sonhar com esse bebê e além do mais, não quero vê-lo nunca mais! Não sei de onde surgiu tanta raiva dele, raiva da nossa história, da nossa inconsequência.

Não contava que ele chegasse e fosse me procurar no trabalho, então o meu maior erro aconteceu: deixei que me beijasse enquanto dizia mais uma de suas desculpas esfarrapadas.

Então eu tive medo, muito medo de revelar a verdade e me desesperei tentando afastá-lo de todas as formas possíveis, mas ele continua lá insistindo em entender o que se passava comigo e isso só piorava ainda mais a minha situação.

Fui salva por Michelle, que entrou na sala preocupada com meus gritos estridentes, ela conseguiu convencê-lo de ir embora. Porém não escapei de ouvir uma bela bronca da minha melhor amiga:

— Dessa vez, eu cheguei a tempo, mas já parou para pensar que você estava tão alterada que podia ter passado mal ou ter um desmaio e ele é quem ia te levar ao médico e descobrir sobre filho que você quer tanto esconder?

— Eu não consigo nem imaginar.

— O que há de errado com você? Lembra que não quis usar preservativo ou anticoncepcional? Ou que estavam planejando esse bebê? Contou pra mim que ele estava empolgadíssimo com essa possibilidade! Por que não quer que ele saiba?

— E se não estivermos prontos pra isso?! E se ele acabar rejeitando o bebê?

— Ninguém nunca tá pronto realmente para uma responsabilidade dessas, mas vocês a queriam e Deus deu, então com muitos desafios e tropeços, eu tenho certeza de que meu afilhado será muito bem cuidado e amado. – Beijou minha testa, me abraçando.

— E se eu não for uma boa mãe? Tenho medo de falhar.

— Carla, você tem um dom natural com crianças! Os nossos alunos, a sua sobrinha são todos apaixonados por você e você por eles! Tudo que ainda não sabe, vai aprender!

Tenho muito que pensar e uma escolha a fazer e não ia conseguir fazê-lo presa no estúdio, por mais que goste de o ver como meu lugar no mundo, sei que é bem maior do que isso, maior que eu até. E nada melhor que uma boa caminhada para clarear a mente.

A vida é como um trem indo a toda velocidade, em um dia temos todas as certezas do universo, tudo é belo e feliz, no outro, se vê cheio de inseguranças, incertezas e a felicidade acaba sendo apenas uma lembrança. Desejando que o trem pare ou apenas vá mais devagar para que possa apreciar a vista.

De repente, não sou mais sozinha tem outro ser crescendo dentro de mim. Alguém que vai me acompanhar para vida inteira sendo digno de todo meu amor e cuidado, cujos primeiros passos nessa estrada serão guiados por mim.

'' Seja tudo o que não foram para você '' Eram os dizeres de um grafite do muro da sorveteria em frente ao On beat. Tudo que precisava ler para tudo se resolver.

Bom, eu não sou a minha mãe e por mais que falte preparo para viver essa experiência, não vou cometer os mesmos erros que ela. Devemos aprender com o passado e não repeti– los. Serei o melhor que puder para essa criança.

Obviamente, não deveria ter julgado Tomás baseado em meus medos de que a história trágica dos meus pais se repetisse conosco. Ele nem sequer me deu motivos para tal coisa, nunca falhou comigo, de propósito, muito pelo contrário, sempre fez o possível para que eu me sentisse a mulher mais amada e protegida do universo, mesmo quando não mereço.

Por Deus, como pude duvidar dele? Como pude negar escuta– lo? Como pude ocultar a existência do nosso filho? Mesmo todas as noites enxergando o brilho em seus olhos todas as vezes que o imaginamos.

BURRA

BURRA DO CARALHO! O QUE FOI QUE EU FIZ?

COMO EU CONSERTO ISSO?

ELE DEVE ESTAR ME ODIANDO AGORA, COM RAZÃO!

Sentada em uma das mesinhas da sorveteria, pego meu celular e envio uma mensagem pedindo para que me encontre amanhã na casa da minha irmã. Por que não hoje? Porque já estou emocionalmente esgotada por dia e ainda tenho que arquitetar um bom plano para contar a novidade + explicar meus surtos e esperar que me perdoe.

Olho para o relógio e percebo que faltam quinze minutos para Isabella ser liberada da escola, decido buscar minha pequena. Nada melhora o meu humor do que estar com ela e me recordo que ainda não contei que pode ganhar um primo ou prima, quero ver a reação dela. Talvez me ajude a ter uma boa ideia.

Minutos depois, estou parada na frente da escola, Belinha solta a mão da professora e corre em minha direção assim que me vê! A pego no colo, embora já seja grande demais para isso.

— Titia CÁ! Veio buscar Bela por quê? – Perguntou com dedo na boca.

— Porque a titia tem um segredo para contar... – Sorri

— Conta, conta, conta – Gritou animada como ela só.

— Você vai ganhar uma prima para brincar!

— AAAAAH CADÊ, CADÊ? ONDE TÁ? EU QUERO VER!

— Calma, criaturinha! Ainda está na minha barriga, não nasceu! – Gargalhei com a reação dela.

— Por isso que é segredo? – Perguntou, enquanto a colocava dentro do carro.

— Não, é porque ainda não contei pro tio Tommy, você me ajuda?

—AJUDOO! A GENTE PODE FAZER UM CARTAZ GRANDÃO E CHEIO DE DESENHOS DE NÊNÊ E DAR PRA ELE. – me assusto com o grito dela, mas concordo.

Chegamos em casa, jantamos e Isabella não descansa até que começamos a fazer o tal cartaz que tinha sugerido, demora, ficamos muito sujas de tinta, mas foi divertido. Depois sou obrigada a assistir frozen pela milésima vez.

Na hora de dormir, insiste que quer ficar comigo e o bebê então adormece na minha cama mesmo. Uma fofa né? 

nota da autora: agora que Carlinha está gravidinha, cês preferem que os capítulos sejam narrados apenas por ela ? será que a surpresinha vai dar certo? 

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