capítulo 3

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Carla 

Acordo meio tonta com a cabeça estourando não sei se por conta das lágrimas ou do excesso de bebida ou na pior das hipóteses, pelas duas coisas. Levantei e caminhei com dificuldade até banheiro e tomei um banho rápido e vesti uma roupa confortável: calça e casaco de moletom azul marinho e desci para preparar meu café da manhã.
Ao entrar na cozinha, vejo Tomás sentado na bancada bebendo um suco de laranja mexendo em seu celular, por isso demora a notar minha presença ali. Então finjo que não o vi e começo a cortar frutas dentro de uma tigela com Aveia e iogurte.
Sento á mesa e como em silêncio até escutar sua voz, dizendo as palavras que por tanto tempo temi:
— Podemos conversar?
Mesmo sabendo que coisa boa não podia ser, assenti com a cabeça, a minha garganta travou de repente e nenhuma palavra saía da minha boca.
Fomos andando para a sala e sentamos no sofá, ficamos um tempinho em silêncio até que ele resolveu quebrá-lo:
— Então... Eu pensei bastante ontem à noite e cheguei à conclusão de que é melhor nós...
— Terminarmos antes que as coisas piorem? Também acho, mas não quero perder o que temos sem tentar consertar. Eu amo você. – O interrompi sentindo um peso sair das minhas costas.
— Eu te amo muito também e se acha que realmente vale a pena tentar nos reaproximar é o que vamos fazer.
— Quanto tempo você ainda tem de folga? – Perguntei em um sussurro.
— Já viajo amanhã a tarde para festival de música na Bahia... Então se você puder e quiser me acompanhar.... – Sugeriu um tanto nervoso.

Outro dia, eu recusaria por ter muito trabalho no estúdio " on Beat " porém, tudo que me importa é recomeçar meu relacionamento com Tomás exatamente de onde paramos.
— Claro que eu posso te acompanhar, só me dê um tempo para arrumar as malas e avisar a Michelle para me substituir nas aulas e reuniões durante a semana, Tudo bem? – Sorri timidamente aceitando.
— Tenho ensaio daqui a pouco e vou visitar a minha vó depois, faça tudo com calma. – Levantou-se do sofá e se despediu com um aceno.

Suspirei sentindo falta de quando se despedia com beijos e abraços demorados.

Subi para o meu quarto (sim, estamos dormindo em cômodos separados) optei por vestidos soltinhos, shorts e cropped, biquínis de três cores diferentes e joguei tudo dentro de uma mochila, já que não estou levantando muita coisa.

Depois liguei para a Mi, somos amigas desde que entrei para a escola de dança, é de origem cubana, se encantou com o Brasil e nunca mais saiu daqui. É uma das pessoas que mais confio e amo no mundo.
Logo pude ouvir sua mistura de espanhol e português do outro lado da linha:
— Oi gatinha, a que devo a honra desta ligação?
— Eu vou viajar, acha que consegue dar conta de tudo sozinha no " On Beat" ? – Pergunto ansiosa.
— Vá furar com seu maridinho, que cuido de tudo. – Gargalhou e eu me irritei
— Michelle!! – Censurei-a
— Boa viagem e boa foda, por favor, volte menos estressada, okay?!
— Pode deixar. – Desliguei.

Os preparativos para viagem duraram menos do que eu previra e passados somente vinte minutos encontro-me sozinha e entediada novamente, resolvo ir até a casa da minha irmã para visitar a Isabela, minha sobrinha está com sete anos e meio é super apegada em mim, certamente ficou triste por não participar da festa de ontem. Assim, mais tarde, eu poderia encontrar Tomás na casa de sua avó, que era relativamente perto.

Becky e o Vicente continuam a morar na vila Lene após todos esses anos, e não por qualquer tipo de problema financeiro e sim, porque estavam acostumados e gostarem muito dali, mesmo assim sempre insisto para que mudem para o condomínio, onde moro, para que eu possa ficar mais perto da belinha.

Mal bati na porta e já consigo ouvir passos apressados para abri-la, já sei que se trata da minha pequena.

  —TIA CÁ! – Pulou em meu colo assim que me viu. – FELIZ ANIVERSÁRIO! – Gritou animada no meu ouvido.

— Obrigada, meu amor – beijei sua bochecha e seguimos para dentro de casa.

— Vamo pro meu quarto, brincar de maquiagem?! Eu vou deixá você linda, titia, prometooo – Pediu e como não sei negar nada para ela, topei.

Enquanto deixava que Isabela pintasse meu rosto com uma mistura de blush, sombra e mais tudo que achou na bolsa de maquiagem da mãe e me deixa com cara de palhaça, feliz com sua risadinha mais linda, os cabelinhos loiros quase brancos (gosta de dizer são iguais ao de Elsa, sim frozen) e os olhinhos castanhos pequenos tão amorosos foi que percebi que meu instinto maternal começara a aflorar.

Quem sabe, daqui um ano ou dois, estarei com a minha própria filha nos braços? Sei que é muito otimismo da minha parte pensar nisso justo agora, quando a situação está péssima, mas não custa nada sonhar, certo?

— Acabei! A gente pode mandar uma foto pro tio Tommy ver como você ta parecendo uma princesa? – Antes que eu pudesse responder belinha já estava tirando a foto, enviando áudio, pois ainda não sabe escrever direito.

Minutos depois, ouço a sua voz invadir o quarto através de um áudio de resposta. Percebo que está se controlando para não rir.

'' uau Belinha, você é uma artista! Deixou sua titia ainda mais linda que uma princesa ''

Nem me dei ao trabalho de responder seus '' elogios '' pois estava ocupada rindo da arte que Isabela tinha feito na minha cara. Depois de alguns, talvez, muitos episódios de '' ursos sem curso '' finalmente, consegui ir para casa. Era difícil me separar da minha princesinha.

Entrei no apartamento e percebi que, apesar de ser apenas nove e meia da noite, Tomás já estava dormindo, fui para o meu quarto fazer o mesmo. O Dia amanhã será agitado. 

nota autora : gostaria de dizer que a Belinha é a criança mais linda do mundo! e que já considero pakas essa viagem de ToCar para minha terrinha e vocês 

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nota autora : gostaria de dizer que a Belinha é a criança mais linda do mundo! e que já considero pakas essa viagem de ToCar para minha terrinha e vocês 

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