Capítulo 13 - Lembre De mim

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Tomás
A ideia pouco convencional de Poliana consistia em reunir todos os meus amigos mais próximos para uma tarde de jogos SOBRE MIM. Marilu e Carla sugeriram chamar alguns fãs também, porque eles provavelmente terão as melhores perguntas.
Eu me sentia nervoso como uma criança em seu primeiro dia de aula no fundamental. Todos me conhecem muito bem, mas não sei nada sobre eles e se vão gostar dessa versão diferente de mim.
— Tomás, a banda e a Anne chegaram! Eu pensei que você ia querer conversar com eles primeiro, porque são as pessoas mais próximas de você nos últimos tempos. – Carla apareceu na porta do meu quarto.

Nós dois vínhamos conversando bastante nos últimos dias, estava finalmente permitindo que ela se aproximasse. Já consigo me sentir mais confortável com a presença dela.

Tem lá seus segredos, mas vou saber quando for a hora certa. Posso dizer somos amigos agora e cresce a confiança entre nós.

Sorri concordando, entrelaçando nossos dedos e descendo as escadas juntos.

— Heeey compositor, que bom te ver bem. – Uma garota de cabelos longos castanhos escuros, assim como seus olhos marejados com reflexos verdes, o rosto quadrado, lábios finos e brilhantes, vestindo uma calça jeans justa, uma camiseta cinza dois tamanhos maior do que ela e estava descalça. Tinha um sotaque meio diferente.

Essa deve ser a Anelise, minha mais nova amiga Americana, com quem, segundo Carla, com uma careta horrível, informou que eu vinha compondo junto nos últimos meses. Acho que as duas não se dão muito bem, mas estão se esforçando por minha causa ou da memória.

Consigo ver a aprendiz de medusa revirar os olhos malignos quando Ane me abraçou, será ciúme? Não, Carla é muito segura para isso.

— Cara, eu tô louco para você sair dessa logo e a gente voltar a fazer um som e viajar por aí – Solto Ane, prestando atenção em Victor.

Estou curioso para descobrir como começamos a tocar juntos, eu me sinto ridículo por não lembrar de coisas e pessoas tão importantes.

— Eu sou o Luis, o integrante responsável da banda, toco bateria e coloco juízo na cabeça de vocês.

— Sou Gabriel, faço magia com o baixo e falo pouco.

— E esses três malucos são parte da nossa família já um bom tempo, se alguém te conhece tanto quanto eu, são eles. – Carla os apontou

— Isso me faz lembrar uma história de quando estávamos em turnê três anos atrás: Depois dos shows, a gente costuma se reunir no seu quarto para compor ou falar sobre o show, devia ser uma e meia da manhã, você inventou de fazer vídeo chamada com a digníssima esposa enquanto a gente conversava e bebia.

— Daí voou uma calcinha pela janela e ficou bem visível para mim no telefone. Pensei assim '' Putz, ele ta me corneando na minha frente mesmo? ''

— Eu como seu amigo solidário, falei assim: irmã, ta chovendo calcinha aqui

— E final das contas, eram só as fãs tentando chamar nossa atenção! – Luís concluiu a história rindo com outros.

Tive alguns flashes de mim mesmo no palco e pouco do relato feito por eles, não me senti mal pela primeira vez ao ter uma lembrança. Talvez isso seja um bom sinal.

A campainha tocou Ane e Carla correm para atender eu e os caras nos esparramamos num dos sofás da sala.

— Tem outra história engraçada também de quando vocês se mudaram aqui para esse apartamento. – Victor começou a contar.

— Os fãs descobriram que você ainda morava nas dependências do colégio do seu padrasto e rastrearam para onde o caminhão de mudança ia e para despistar, nós contratamos outro caminhão para trazer tudo para cá e outro as levou pro endereço errado. – Caiu na gargalhada.

O nervosismo que eu estava sentindo por reencontrar uma parte seleta do público das minhas músicas já era grande, mas ouvindo essas histórias fiquei ainda mais assustado.

Levantei e subi de volta para o quarto trancando a porta. Não demorou muito para ouvir batidas na porta:

— Tomás? O que houve? O que os meninos disseram?

— Eu não consigo fazer isso. Tenho certeza de que todos sentirão pena de mim ou pior, vão me odiar.

— Abre a porta e para de bobagem? Todos que estão aqui e os que ainda vão chegar, amam você e estão torcendo pela sua recuperação! Por favor, minha vida, se esforce um pouquinho! – Carla pede forçando a maçaneta da porta.

" Minha vida'' Ela costumava me chamar assim antes? Fecho os olhos e consigo ver tudo:

Estamos trancados neste mesmo quarto. Frente à frente, ouço sua voz calma e pausada como se quisesse me convencer de algo. Ainda não é possível escutar nitidamente o que diz, pois se mistura com os sons do tempo presente.

— Tomás, por favor, abre a porta. – Ela chama mais uma vez ao longe e tudo que consigo escutar é a minha própria voz no passado:

— Está propondo que a sua ex amante venha morar em nossa casa e espera que eu concorde com isso numa boa?

— Por favor, minha vida, seja compreensivo, sim?

Então é isso. O que Carla tentava esconder de mim era uma traição. Eis aqui o motivo de não confiar nela. Mas, se ela me traiu, por que não nos separamos? A resposta estava na frente daquela porta trancada. A aprendiz de Medusa traidora tinha engravidado e eu, provavelmente por ser muito bobo e manipulável, não quis deixa-la sozinha.

Algo não se encaixava. Por que ela desejava que a amante morasse conosco e ainda esperava que eu fosse compreensivo? A dor de cabeça só aumenta.

Pisco os olhos novamente e nos enxergo gritando um com o outro. Seguido de momentos onde peço desculpas sussurradas e a abraço como se fosse a pessoa mais preciosa do meu mundo e a amasse muito. Talvez sofrendo por estar com coração partido e assim machucar o de Carla também.

Uma tristeza profunda me consume e minha racionalidade pede para me afastar e fugir para muito longe enquanto meu coração grita para abrir a porta e vê-la.

E foi isso que eu fiz. Destranquei a porta e a encarei. Os fixos nos dela, estávamos conectados novamente e não senti medo pela primeira vez.

Entrelaço nossos dedos a puxando em minha direção. Sua cabeça repousa em meus ombros, inspiro o cheiro doce de seus cabelos. Me sinto em paz depois de muito tempo imerso em confusão mental.

Quero a minha vida de volta.

Nota da Autora: OLÁ, ALGUÉM AINDA ME LÊ?

Tem mais de um mês que eu não atualizava essa fanfic, para ser sincera, eu já tinha desistido de LDM, não fazia ideia de como terminar essa história e nem se alguém ia querer continuar lendo. A sensação que dava é que eu estraguei a história. Comecei uma fanfic de outro fandom e estava meio insegura há alguns dias e ontem eu estava muito triste com situações da vida.

E quem me conhece sabe que eu transformei a escrita de TD\LDM em meu refúgio, adotei os personagens como se realmente fossem meus e não é justo deixar a história deles inacabada. A vida deles precisa continuar e a minha também, então não vou descansar até dar um final digno para o meu ToCar.

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