capítulo 5

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Carla

O despertador tocou às sete da manhã em ponto, levantei da cama, tomei banho e saí do quarto com a mochila nos braços e fui conferir se Tomás já estava de pé e surpreendentemente ele estava me esperando na porta com uma garrafa térmica de café em mãos:

— Bom dia, vamos? – Entregou-me a garrafa enquanto andávamos até a porta.

Fiquei me perguntando desde quando ele acordava atento tão cedo? Talvez, assim como eu só estivesse ansiosa para o show.

Entramos no carro e ele me pediu para ligar o som. Abafo uma risada quando a melodia de "o canto da sereia" envolve o veículo.

— O que foi? O que é engraçado?

— Você estava escutando as próprias músicas? Por que você faz isso? – A Curiosidade me invade e eu não consigo evitar questionar, aquilo era engraçado e talvez um pouco narcisista. Tomara que haja um bom motivo.

— Porque foram feitas para você. Escuto sempre que sinto saudades... – Confessou baixinho, senti minhas bochechas esquentarem e tenho certeza de ficaram avermelhadas.

Havia um bom motivo e esse motivo era eu! Tento evitar sorrir tão abertamente, mas aquela confissão me deixara surpresa e feliz, muito feliz de saber que ainda pensava em mim. Fiquei totalmente sem fala.

— Você consegue ficar linda quando está envergonhada, mas sabe bem que não precisa ficar assim por minha causa. – Sua voz continua quase inaudível e aquilo me incomoda.

— E nem você precisa falar tão baixo comigo, nunca foi assim! – Apontei.

— Acho que não sei mais como agir perto de você, desculpa – Pediu, focando a atenção em dirigir.

Entendi isso como um recado para que eu ficasse quieta, por longos dez minutos tudo que se escutava eram as músicas no rádio. Esse silêncio entre nós está cada vez mais perturbador.

Fomos recebidos por alguns fãs no aeroporto, o que nos rendeu presentinhos, fotos com cara de sono e um atraso para pegar o voo.

Não faço a mínima ideia de quanto tempo levou para chegarmos em Salvador, pois dormi a viagem inteira

— Carla, Acorda, Carla, eu não posso te carregar para fora do avião. – Tocou meus ombros.
— Por que não? – Pergunto ainda sem abrir os olhos.
— porque além das nossas malas, tem também a capa do violão. Vem vamos, vai poder dormir de novo quando já estivermos no hotel – Estendeu a mão livre para mim.

Sinto um choque elétrico percorrer todo meu corpo com o entrelaçar perfeito dos nossos dedos. Tantos meses afastados e qualquer mísero toque causam sensações ótimas.

Desembarcamos e fomos recebidos por uma legião de fãs enlouquecidas, felizmente dessa vez tínhamos seguranças que conseguiram nos tirar de lá sem machucar ninguém.

Fomos recebidos pelo Maurinho, empresário do Tomás desde que iniciou a carreira solo, é praticamente da família.
— Carlinha! Finalmente esse manézão te trouxe, estava com saudades de você nos acompanhando e aposto que ele também sentiu. – Brincou enquanto me abraçava.
— Eu também senti falta de acompanhar as viagens da turnê, mas tenho andado muito ocupada desde a inauguração do " On Beat – Expliquei desfazendo o abraço.

Pelos cantos dos olhos consigo ver a expressão entristecida no rosto do meu " quase marido " e suspirei, pode ser que esse assunto o incomode.
— De qualquer forma, seja bem-vinda de volta, acho melhor irem para o quarto descansar. A passagem de som será ás quatorze horas, meu astro tem que estar bem disposto. – Entregou as chaves e se afastou sorrindo.

Entramos no elevador e só então notei: Tomás não soltou minha mão um segundo sequer desde o aeroporto. Porém continuava em silêncio.
— Podemos conversar? – Digo, fechando a porta.
— Sobre o que? – Sentou na cama.
— Como sobre o que? Sobre nós, estamos fazendo tudo errado. Pediu que eu viesse para ficarmos juntos, mas está agindo esquisito desde que saímos do apartamento. – despejei tudo, me sentindo frustrada.
— O que você quer de mim? Caramba, está tudo uma merda, está tudo confuso, a única certeza que tenho é que eu não posso perder você agora. – Gritou, de repente e eu me assustei.
— O que eu quero? No momento, explique o que está acontecendo com você. Porque sinto que não te conheço mais e parece ser culpa minha. – Eu já estava nervosa e tremia um pouquinho. O choro não demoraria a vir.
— Quer mesmo saber o motivo do meu afastamento? De verdade? – Questionou com a voz falha.
POR FAVOR NÃO DIGA QUE ME TRAIU.

POR FAVOR NÃO DIGA QUE ME TRAIU

POR FAVOR NÃO DIGA QUE ME TRAIU.
Repito aquilo várias vezes mentalmente antes de realmente escutar o que ele diz.

— Não queria atrapalhar a sua felicidade com tudo que estava acontecendo a abertura do estúdio e tudo mais, a gente não se via há alguns meses e sempre que conversamos em uma vídeo chamada, a Carlinha feliz que eu amava desaparecia. Estava sempre com uma expressão triste, como se doesse me olhar de tão longe. Nunca comentei nada,mas vejo com frequência os vídeos que a Michele posta e neles, você parece estar tão bem, eu quero que fique bem sempre e por isso, me afastei.
— Faz ideia do quanto sofri quando parou de me ligar? Estava sim triste, porque eu queria que você me apoiasse e estivesse ao meu lado comemorando a realização do meu sonho, era só isso! Entendeu tudo errado e estragou tudo que tínhamos por insegurança? Não consigo acreditar. – Senti as lágrimas escorrendo enquanto falava.
— Acha que foi fácil pra mim? Seguir meu sonho de cantar pelo mundo tem tido um preço bem caro! As vezes, tudo que eu desejo é voltar para casa e ser um cara normal de 24 anos, curtir a vida, gastar cada segundo do meu tempo planejando nosso futuro. Sim porque tudo que tenho pensado é que eu preciso passar o resto da minha existência ao lado da mulher que amo. Não posso fazer nada disso, porque estraguei tudo. – Desabafou rapidamente e ao terminar escondeu o rosto com mãos.

Aquela era uma das raras vezes que o vi chorar. Sem pensar em mais nada corri para abraça-lo. Nós dois precisávamos disso.

Foi libertador.

nota Autora: o gif da Ariana grande me representa aplaudindo a atitude sensata de sentar e conversar finalmente e assumir que estavam cheios de ideia errada um sobre o outro

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nota Autora: o gif da Ariana grande me representa aplaudindo a atitude sensata de sentar e conversar finalmente e assumir que estavam cheios de ideia errada um sobre o outro. O que vocês acharam ?  

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