capítulo 35

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Tomás
  Já era noite quando Carla finalmente cedeu e destrancou a porta do quarto. Entrei lentamente no cômodo, peguei minhas roupas e fui tomar banho. Ao olhar de relance para cama e vê-la encolhida, seu rosto estava inchado, a cabeça apoiada nos braços, os olhos vagavam por todo canto menos em mim.  
Detesto essa situação, o silêncio é tortuoso, o afastamento dela é incompreensível. Me atrai para si e depois foge sem explicação, não faço ideia do que está acontecendo e isso me angustiava demais.

Parecia que eu estava aos poucos perdendo-a, algo me alertava sobre ela estar comigo apenas para Catarina ter uma família completa. Ela já não me amava.
Outra pessoa permeiava sua mente, eu sabia disso e já odiava quem quer fosse, não era justo depois de tudo que passamos para permanecer juntos, alguém viesse e simplesmente a roubasse de mim. 

Gostaria de saber ONDE EU ERREI? Dei tudo que imaginei que ela quisesse: Casei, praticamente larguei minha carreira para ficar mais perto dela, tivemos  nossa tão sonhada filha.

Tudo deveria ser perfeito. Como sempre quisemos que fosse, infelizmente, Carla não queria nada daquilo, parecia arrependida.

Minha cabeça ia explodir enquanto a água escorria pelo corpo. Se eu ficasse por aqui, certamente ia enlouquecer.

Sai do banho, terminei de me vestir e liguei para Vitor, por sorte, ele estava em um bar aqui perto, sem pensar muito, disse que ia encontrá-lo. Logo depois, liguei para Becky vir passar a noite com a irmã. Eu não sabia que horas ia voltar ou se ia voltar hoje, mas também não seria irresponsável de deixar minha filha sozinha com a mãe vivendo no mundo da lua, no automático.

Caminho para fora do quarto quando ouvi sua voz baixa perguntar:
— Vai sair?
— Vou, algum problema com isso?
— Não, nenhum! Só que...
— Relaxa, sua irmã está vindo para cá com a Belinha. Eu teria ligado para a Clara, mas demos folga pra ela e foi para Bahia visitar os pais, lembra?
— lembro sim! Okay, divirta-se!

Aquela conversa foi a mais estranha que já tivemos. Suspirei cansado e segui até o quarto da minha filha:
— Princesinha, papai vai ali com o tio Vitor e já volta, tá? Cuida sua mamãe e se comporta!
Cat respondeu com vários " aai aí "  apertos em meu rosto, quase desisti de sair.
A buzina do carro de Vitor me despertou, coloquei-a de volta no berço, enfiei o celular no bolso e desci para garagem.

— Fala cara, trouxe reforços para acabar com essa tua fossa – Jogou uma garrafinha de Heineken no meu colo.
Peguei abri e tomei toda em um gole só.

Quando chegamos ao bar que costumávamos frequentar, encontramos o Luís sentado em uma mesa acompanhado de uma mulher de cabelos longos castanhos, olhos castanhos claros, rosto redondo, lábios grossos, pele branca que se iluminava com as luzes coloridas do lugar onde estávamos. Ou seja, linda! E eu não a conhecia ainda. Ao lado dela, também estão sentados Diego e Binho (?)  Vitor não estava brincando quando disse que tinha trazido reforços.
Sentamos na mesa e o baterista foi o primeiro a gritar:
— TOMÁS! CARA, FINALMENTE SAIU DA TOCA, IRMÃO! DEIXA EU TE APRESENTAR NOSSA NOVA COLEGA DE TRABALHO E NOVA APOSTA DO MAURO: ANE ANDERSON, MEIA BRASILEIRA, MEIA NORTE AMERICANA! – Tocou em minha mão e depois apontou para moça que sorriu e perguntou:
— Luis, por que cê tá gritando? Então você é o famoso Tomás Campos? Eu ouvi falar muito bem de você lá na gravadora essa semana!
Eu sorri, um pouco envergonhado, admito:
— Sou eu mesmo.
— Espero que a gente possa trabalhar juntos em breve. – Deu uma piscadela.
— Tomás, como é que estão a Carla e a minha afilhada? Faz tempo, que eu não visito vocês... – Diego se falou pela primeira vez, como se quisesse me impedir de fazer alguma besteira.
— Estão ótimas e com saudades de você!
— Quem são? –  A curiosidade na Voz de Ane me assusta.
— Minha esposa e filha.– Cocei a nuca, desconfortável.
— Uau, você é casado mesmo? Eu achei que era brincadeira da Malu e dos meninos – Ela riu, vi uma faísca de decepção chispar em seus olhos.
— É sério, mas foi recente, nos casamos há um ano e alguns meses
— E sua filha? Quanto tempo tem?
— Dez meses e quinze dias – Tirei o celular do bolso e mostrei uma foto que tinha tirado hoje mais cedo da minha princesinha.
— Aí que gracinha! Você tem que deixar eu te visitar pra conhecer essa fofura, posso te passar meu número? – Questionou já pegando o aparelho da minha mão e digitando o tal número.

Três horas e algumas cervejas depois, eu sabia quase tudo sobre Ane: tem 23 anos, é filha única de um texano e de uma paulista que se conheceram nos anos noventa, que canta desde os sete anos, tem alergia a amendoim, fala três idiomas e foi alfabetizada em casa, não sabe sambar ( ainda) é Solteira há 6 meses e acabou de se mudar para Brasil .

Ela é gata, divertida e talentosa ( a ouvi cantar a acapela há poucos minutos) ah se eu ainda estivesse solteiro! ( É só o álcool e a raiva falando por mim, eu amo a  ... Como é mesmo o nome dela? )

O relógio marcava dez minutos para três da manhã quando me despedi de todos e entrei no Uber de volta para casa, de volta para realidade.

Cheguei no apartamento, tropeçando em tudo ( e eu nem bebi tanto assim) rumei para quarto me livrando das roupas pelo caminho. Acabei batendo o pé na beira da cama, o que doeu pra cacete e acabou despertando Carla que dormia:
— Mô, tudo bem? Deita logo e me deixa dormir! – Sua voz estava embolada de sono
— Tudo sim, já vou,  Criatura apressada.

Assim que deitei ao seu lado, ela se aninhou no meu peito e segurou minha mão forte, só fazia isso quando estava com medo. Senti-me culpado
Adormecemos rapidamente.

Personagem nova - Ane

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Foto da Cat que o Tomás mostrou

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Foto da Cat que o Tomás mostrou

Nota da autora: SIGO NERVOSA, QUER CULPAR ALGUÉM? CULPE O TOMÁS, EU NÃO. BOA MADRUGADA

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