capitúlo 6 - Lembre de mim

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Carla

Depois de uma semana em que a minha vida virou de cabeça para baixo e tive que suprir a ausência de Tomás em tudo: distrair nossa filha, gravar para o canal e algumas campanhas publicitárias sozinha, entrevistas e lives e tudo isso tentando esconder uma gravidez de 3 meses e meio. Eu estava exausta e precisava de férias prolongadas.

Tinha acabado de entrar em casa acompanhada da Michelle e do Murilo, que querem de todo jeito decidir logo quem vai nos substituir durante os próximos meses, quando o meu furacão de 1 ano e 4 meses surgiu na sala mais quieta que o habitual e sem o sorrisinho de sempre.

— Ainda bem que você chegou! Tentei ligar várias vezes, mas só dava caixa. A Cat está com febre. Liguei para a Marcela e ela tá vindo pra cá examina-la. – Ana Clara veio logo atrás.

Catarina se agarrou forte em meu pescoço quando a peguei no colo, chorando:

— Mamã, Cat não quer ficar dodói. Eu quero meu papa. Liga ele.

— Vamos esperar a sua pediatra chegar, depois da consulta, a mamãe liga tá? – Garanto apenas para que se acalme.

— Cat quê ligar agora, mamã! Por favôzinho, cat tá com medo.

— Vem aqui com a Didi, strawberry! – Michelle a pegou do meu colo e sussurrou " ligue pra ele "

Estamos tentando manter o profissionalismo, apesar da discussão que tivemos em seu apartamento, a colombiana continua sendo madrinha da minha filha e por um erro meu.

Suspiro derrotada e caminho até a área da piscina, onde eu posso falar sem interrompida e sem que ninguém escute a gravidade da situação.

— Oi Leila,sou eu! Temos mais um probleminha: Catarina está doente e ainda mais desesperada para ver o pai, pode por favor convencer teu filho a voltar pra casa, por uma noite que seja?

Sim, eu tive que recorrer a minha amada e paciente sogra, por incrível que pareça, ela é a única pessoa que Tomás parece dar ouvidos.

— Oi Carlinha, me parte o coração saber que a minha netinha está neste estado. Você conhece o Tomás até melhor do que eu e sabe como é teimoso, ele cismou que não quer te ver, que não quer se tratar e pronto. Espero que ao saber da doença de Catarina mude de ideia, então farei o possível. Me mantenha informada.

Voltei para a sala e a pediatra Marcela, já estava examinando a Moranguinho, que permanecia quieta e chorosa.

— Então Marcela, o que ela tem?

— Não é nada que a gente precise se preocupar, essa garotinha é muito forte e saudável. É uma febre emocional. – Apertou as bochechas de Catarina enquanto respondia, a menina a olhou curiosa e perguntou:

— que é isso?

— Significa que você está dodói porque está triste, meu amor! – Explicou.

— Então eu vô viver? – Sorriu

— Claro que você vai viver, vai crescer e ver a mamãe e a tia Marcela bem velhinhas. Fica aí com a sua madrinha e o tio Murilo enquanto eu converso com a sua mãe? – A colocou no chão e se levantou, me encarando séria demais.

Subimos as escadas em direção ao quarto de hóspedes, que está trancado e é a prova de som. Tudo para evitar que Catarina ouça a conversa:

— Você e a Ana Clara podem continuar dando os remédios de febre pra ela, mas não vai funcionar por muito tempo, pois talvez se trate de uma gripe emocional. Causada pela falta que ela sente do pai. Então a única solução é trazê-lo de volta, eu sei que a situação é complicada e não depende só de você. Poliana está tentando cuidar desse caso, mas ele se recusa, sei disso porque Poli é minha irmã e tem quebrado a cabeça para achar métodos que o convençam a aceitar o tratamento. Eu sinto muito por tudo que está acontecendo. E falo isso como sua amiga e pediatra da Cat também.

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