capítulo 27

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Carla
E finalmente chegou meu aniversário de 25 anos e o primeiro mês de vida da minha filha e percebi que todos os meus desejos do ano anterior tinham se realizado: Tenho a minha tão sonhada bebêzinha, Tomás e eu nos resolvemos e estamos mais apaixonados do que nunca. Não posso ser mais feliz do que me sinto agora.

O som ligado baixinho tocando alguma música que eu não reconhecia, nossos amigos divididos entre a sala de estar e a piscina. Escapei das conversas barulhentas e das risadas de todos para vir conferir o sono de Catarina. A menininha dormia tranquila alheia a toda agitação da casa.

A peguei no colo assim que abriu os olhos para evitar que chorasse e deu certo.  ainda estava com sono, não era fome, então permaneci com ela nos braços, balançando levemente até que adormeceu novamente.
Fiquei pensando que seria maldade colocá-la de volta no berço quando estava tão bem aconchegada em mim e fiquei ali por um tempo.
Tomás me descobriu no quarto e não demorou a vir até mim:
— Eu adoro a sua versão mamãe super cuidadosa, mas Cat está bem e caso a senhorita não se lembre está perdendo a sua festa! – Sussurrou.
— Festas são todas iguais e ninguém além de você notou a minha ausência. – justifiquei.
Depois de me arrastar para fora do quarto da pequena Strawberry ( sim, o apelido ficou) grudou os lábios nos meus com urgência exprimindo toda saudade acumulada. Afastei-me por falta de fôlego minutos depois e porque eu sabia muito onde íamos parar e não me sentia segura o suficiente com meu corpo para sexo e nenhuma outra coisa.

Os pesadelos constantes com o dia do nascimento de Catarina me assombram com frequência e talvez por conta disso, toda a minha atenção e energias estão focadas somente nela. Já esqueci de mim, das minhas vontades e outros objetivos como o on beat, aquilo não era nem um pouquinho saudável. Eu sei, mas é o que precisa ser feito.

— Terra chamando Carla,vamos descer? – Estendeu a mão, me tirando dos meus pensamentos torturantes.
— E eu tenho escolha?
— Não! Você vai descer sim! Nem que  seja carregada! – me ergueu no ar, segurando como se fosse uma boneca.

Fui colocada no sofá assim que chegamos na sala, fiquei sentada entre Malu e Michelle.
— Eu tenho novidades que você vai simplesmente amar – Malu é a primeira a dizer.
— Mas vai deixar que o Tomás te conte, mais tarde. Agora deixa eu babar um pouquinho você! Está tão linda, amiga! Não consigo acreditar que meu bebê já está com 25 anos e um nenê! – Michelle apertou minhas bochechas.

Ela adora o fato de ser dois anos mais velha do que eu e termos personalidades e vidas tão diferentes a partir de agora. Sorri para ela, ainda curiosa para saber o que Malu tinha para contar. Lancei um olhar sugestivo para meu marido que apenas desviou o assunto para o pequeno furacão Isabella que se jogou em cima de mim.  
— Posso ir brincar com a Cat no quarto aqui? tá muiito chato. – Belinha reclamou.
— Ela ainda pequeninha para brincar com você. – Expliquei pacientemente.
— Mas tia Cá, você disse que eu ia ganhar uma prima para brincar e não deixa eu brincá? Chata demais!
— Falando assim você deixa a tia triste e não quer isso, quer? – Fingi estar triste.
No mínimo, Bella estava enciumada, antes ela era única criança  na minha vida e tinha toda minha atenção. Desde que Cat nasceu e viemos para casa, eu não a visitei uma só vez como costumava fazer semanalmente. Não tiro a razão da minha sobrinha, ela estava acostumada a me ter sempre e de fato, tinha prometido aquilo a ela. Me senti mal por isso.
— Não quelo mais ser sua soblinha – Fez um bico e saiu correndo.
— Pegou pesado com ela hein, Carlinha. – Tomás observa.
Assenti com a cabeça, ele me arrastou de novo para área da piscina que agora estava um pouco mais vazia por causa do tempo que esfriou de repente.

Sentamos na rede, ficamos nos encarando por bons minutos sem saber exatamente o que dizer,  até que Tomás teve coragem:
— Amo você e sinto muito por ter falhado com a maioria das promessas que fiz. Mas estou aqui agora e nada mais nos separa, o que me assusta é sentir que não confia em mim o suficiente para estar ao teu lado e ser o pai que a Cat merece. – Confessou e me senti pior ainda do que antes.
— Não foi culpa sua, amor! Nós já conversamos sobre isso, está resolvido certo? E é bobagem da sua cabeça pensar que  não confio em ti, você tem sido maravilhoso, desculpa estar complicando tudo. Eu só quero fazer o  certo dessa vez. – Os olhos arderam e senti que ia chorar.

Me abraçou de lado, o rosto enterrado em meu pescoço, pelo ritmo da sua respiração, pude perceber que ele também queria chorar.

Antes que as lágrimas nos tomassem por completo,  Márcia apareceu por uma porta com a minha bebê nos braços, indicando que havia passado pelo quarto e escutado seu choro, Vitor e Luis surgiu pela outra carregando a travessa do enorme bolo de chocolate com morango.

— Vamos. Apague as velas, faça um pedido! – Disse Tomás, que numa agilidade desconhecida pegou Catarina nós braços e se pós do meu lado.

Eu realmente já tinha tudo que precisava e queria. Então pedi mentalmente que o universo conservasse tudo assim e não me permitisse estragar tudo.

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