capítulo 4 - Lembre de mim

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Carla

Saindo da casa de Leila, sinto-me cansada e culpada por causar toda essa situação e também me esforçando para entender a repulsa do meu marido em relação a mim. Achei que seria tudo muito fácil de controlar e manipular, mas ao me deparar com o afastamento dele posso ter me precipitado com tais conclusões.

Enquanto dirijo acabo inconscientemente indo parar no apartamento de Michelle, de qualquer forma, ela também precisa saber das novidades pouco animadoras e ainda preciso pedir segredo sobre nós e a gravidez que veio depois, porque não sei como saber da verdade afetará Tomás.

Já dentro do elevador, me recordo que última vez que nos vimos foi quando ela passou o fim de semana em casa, eu poderia me acostumar com a presença dela todo dia, ele não, para ele era torturante e isso quase nos destruiu.

Trêmula, eu toco a campainha e não demora muito para que a porta seja aberta. A colombiana está linda ao natural: Os cabelos pretos bagunçados, olhos esverdeados marejados e a cara amassada de sono.

— Tomás está com amnésia – Disparo, entrando no apartamento. Estou nervosa

— Como?

— Ele esqueceu de tudo nos últimos dez anos, principalmente de mim. – Sinto vontade de chorar ao proferir essas palavras.

— Isso... É Perfeito pra nós! Arrume as malas, vamos nos mudar para Miami com as crianças e viver tudo que sempre sonhamos. – Sorri e bate palmas.

— Mih, Não vamos fugir! Sabemos ou pelo menos, eu sei que nada entre nós dará certo enquanto estiver me sentindo culpada por tudo que o fiz passar.

— Ele não te ama, nem sequer sabe quem você é ou o que fez! – Ela está séria, a voz sai fina pela raiva.

— Exatamente por isso, tenho a chance de recomeçar do jeito certo. Seja lá o que for que tivemos acabou. Eu escolhi me casar com Tomás, temos uma filha, simplesmente não posso deixá-lo quando mais precisa de mim.

— Não sei se você percebeu, mas me parece que ele não QUER SUA AJUDA? Em momento algum escutei você dizer que o ama, só está presa a aquele nojento, sabe deus o motivo.

— Michelle, eu não preciso provar nada do sinto ou deixo de sentir pra você. O que eu preciso para fazê-lo confiar em mim de novo é te tirar de uma vez do meu caminho!

— Deixe eu ver se entendi bem: Você me colocou em uma situação terrível, uma gravidez nunca esteve nos meus planos! Aquela noite nunca esteve nos meus planos pra falar a verdade, me fez ter esperanças, me apaixonar ainda mais por ti e agora quando os caminhos finalmente se abrem pra nós, quer me tirar da sua vida? O que pretende? – Sua voz carregada de ironia, o olhar de ódio e decepção quase me fez recuar os planos.

— O que eu pretendo é que ele não saiba, por enquanto, sobre esse bebê, sobre o que fizemos no barco, eu e você, o quase divórcio e tudo que aconteceu. É complicado demais e temo que o quadro piore, caso... – Fui mais clara e objetiva que pude enquanto um nó se formava na garganta.

— Como é egoísta, tudo isso aconteceu porque VOCÊ MENTIU e o que quer fazer para solucionar tudo? Continuar mentindo! O que vai acontecer quando Tomás recuperar a memória e perceber que foi enganado? Vingativo como é, vai te odiar tanto e tirar tudo que mais te importa e então será tarde demais. – Dessa vez, ela estava bem próxima de mim, apertando meu braço com certa força — Faça como quiser, mas não conte comigo! No fim de tudo, eu vou derrubar como você mesma fez comigo.

A Ameaça me soou muito nojenta e inescrupulosa, a essa altura eu sabia como Michelle ficava agressiva e descontrolada quando as coisas não são como ela quer. Então o que fiz foi me afastar:

— Faça o melhor que puder para me derrubar! Nós duas sabemos quem vai cair no final. – Apesar da confiança expressa na frase, ainda estou nervosa e pouco trêmula.

Saio batendo a porta forte. É durante a descida do elevador que me permito desabar em lágrimas que rolam quentes pela minha bochecha sem parar.

Admiro a minha capacidade de dirigir até em casa com as vistas embaçadas sem causar um acidente. Dou graças a deus por Alice ter levado Catarina para passear e passar a noite na casa dela, tomo um banho rápido e me entupo de remédios para dormir e apago totalmente.

Acordo na manhã seguinte um pouco tonta, levanto da cama e vou até o banheiro, tomo um banho quente.

Paro em frente ao espelho do closet, tiro o roupão: observo que a minha barriga não está crescendo e devo ter perdido uns cinco quilos. Tudo isso, pelo estresse dos últimos dias. Uma lágrima solitária escorreu em meu rosto.

Depois de dormir bem, consegui ver as coisas com mais clareza: Mentir ou ocultar a verdade não garante a estabilidade do meu casamento e sim confiança e caso, fosse demais para ele saber dos últimos acontecimentos.

O nosso término será inevitável.

Espero que, se tudo acabar, possamos ser amigos porque nossos filhos precisam de nós, unidos em certas ocasiões.

Eu sou cansada de ser algo que não sou para agradar todo mundo e fingir que sou feliz.

Coloquei minha roupa de ginástica e saí para correr.

Uma hora mais tarde, volto para casa e vou buscar Catarina na casa de Alice.

Eu preciso pensar sobre o nosso futuro, pois da minha filha, eu não posso e nem quero desistir. 

Nota da Autora: A gente odeia a Michelle ou acha que ela ta certa? Mesmo sabendo que Carlinha errou, a vontade que eu tenho é de pegar a bichinha no colo e prometer que vai ficar tudo bem e vcs? Me digam um flashback que Tomás não pode deixar de ter

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Nota da Autora: A gente odeia a Michelle ou acha que ela ta certa? Mesmo sabendo que Carlinha errou, a vontade que eu tenho é de pegar a bichinha no colo e prometer que vai ficar tudo bem e vcs? Me digam um flashback que Tomás não pode deixar de ter. 

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