capítulo 29

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Carla

Catarina completa hoje seus 3 meses de vida e para comemorar decidimos levá-la para o seu primeiro passeio no parque, próximo ao nosso prédio.

Minha filhinha estava com vestidinho estampa de melancia vermelhinho e soltinho, um lacinho da mesma cor. Já havia se livrado do sapatinho e tentava a todo custo morder as mãozinhas colocando na boca não parava de se mexer dentro do carrinho. Tomás babão como sempre fotografa qualquer movimento feito por ela.

Parei o carrinho próximo a uma mesinha de piquenique, colocamos uma toalha por cima e sentamos nos banquinhos. 
— O dia tá lindo hoje... – comentei sentindo o vento bagunçar meus cabelos.
— Não tanto quanto você está hoje – Ele abriu um sorriso lindo enquanto me observava.

Era primeira vez que nos falávamos normalmente depois de duas semanas de completo silêncio. Eu não queria e nem podia brigar, ele também! Então decidimos que ficar calados e afastados até que a situação se resolvesse parecia a saída mais inteligente.

E realmente foi.

Pela manhã, Tomás recebeu uma ligação e estava todo feliz e misterioso com o conteúdo dela. A curiosidade crescia em mim a cada segundo, mas não perguntei nada, sabendo que ele queria fazer uma surpresa. Sorri em agradecimento ao elogio.

Tiramos os lanches da cestinha e escolhi o que ia comer, antes de eu decidir, meu querido marido colocou uma colher de salada de  frutas na minha boca.
— Huum! Muito boa! – Sorri com os olhos.
— Eu estou me tornando um ótimo cozinheiro, sei disso. – Gabou-se
— Tu só cortou as frutas e colocou o suco na vasilha, ô Masterchef! – Zombei
—  E a tapioca que eu fiz ontem? Você adorou!

Continuamos conversando naquele clima agradável, tirei Catarina do carrinho e tentei colocá-la sentada no  meu colo. Ela erguia os braços em direção ao pai e ria muito. Eu amava aquela risada. Minha bebêzinha é a maior alegria da vida, o presentinho mais lindo.

Ficamos ali brincando com ela e conversando, uma vez ou outra, Tomás  me roubava selinhos, me abraçando. Sabia o que todo aquele carinho significava e era bem óbvio que sentia saudades de nós e eu não o condenava por isso. O deixei de lado todos esses meses e ainda permanecia assim.

A insegurança com meu corpo voltou pelas cicatrizes causadas pela cesariana e eu não conseguia nem me olhar no espelho. Mas esse assunto, eu resolvo depois.

Voltamos para casa com sol se pondo, Cat dormia no meu colo. Ao abrir a porta do apartamento, entreguei a bebê para Tomás e fui tomar banho.
— Carlinha, você não vai acreditar no 
aconteceu!  – Entrou no quarto.
— O que foi, amor? Alguma coisa com a Cat?
— Sim e não! Tinham paparazzis lá no parque e agora tem fotos da Catarina circulando na internet.
— Merda, como não percebemos isso? E agora o que a gente faz?
— A Malu e o Mauro estão fazendo o possível para retirar as imagens de todos os sites. Mas precisam de pronunciamento nosso nas redes.

O Mauro? Ok, aquilo me surpreendeu até ontem tudo que ele queria era ganhar dinheiro em cima da nossa imagem e agora quer nos proteger? O que mudou tão de repente as ideias dele?
— Ele está tentando se redimir não quer perder meu contrato. Colabore! – Leu meus pensamentos.
— Colaborar com o que? Eu não disse nada
— Se nós concordarmos com tudo que precisa ser feito, é a Malu quem vai assessorar a minha carreira. – Revelou.
Malu é muito mais sensata do que o irmão mais velho, ela tinha ideias boas, e era compreensiva. É tudo que Tomás precisa no momento.

Só eu sabia o quanto ele é manipulável, basta pressionar na medida certa que cede facilmente. Temia que Mauro usasse isso contra mim em futuro próximo. Meu casamento corria risco, se Malu não fosse contratada imediatamente.

Talvez esteja sendo egoísta? Talvez. Me importo? Não!

Corri para pegar meu celular, fiz alguns tweets dramatizando a situação e mostrando o quão chateada eu estava com tudo isso e era justamente o que queríamos evitar.

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Uma frustração enorme tomou conta do meu peito

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Uma frustração enorme tomou conta do meu peito. Por causa da minha profissão, das minhas escolhas, a Catarina não poderá ter uma infância normal.  

Eu amo o meu trabalho e tudo que posso fazer e inspirar a ser feito na através dele, entretanto odeio a a falta de privacidade e as regras que vem junto.

Percebendo a minha tristeza repentina, Tomás olhou pra mim, me abraçou  beijando a minha testa e dizendo:

— Sinto muito por isso, amor
— Eu sei disso.

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