capítulo 28

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Tomás
Nossa amada filha completara dois meses. Já sorri desdentada sempre que me vê pela manhã, gosta de dormir no meu peito durante a tarde, para de chorar sempre que ouve a minha voz,fica quieta nos meus braços sempre que é preciso tomar vacinas. Estica o corpinho no berço e na hora do banho, não para quieta um só segundo.

Catarina é a paixão da minha vida. Vê-la crescendo saudável cada dia mais enche o meu coração de alegria e esperança. Por outro lado, Carla me preocupa, perdeu o brilho, já não dança e nem canta, raramente sorri. Dorme pouco porque quer estar sempre disponível, caso cat necessite de algo.  
Temo que ela acabe doente por estar sendo tão descuidada consigo mesma.

Sei que tudo isso é culpa minha,se estivesse aqui naquele dia não teria sofrido tanto e não estaria exigindo demais de si. Tentei fazê-la voltar a terapia, insistia que estava bem e não precisa disso. Quero minha gatinha feliz e cheia de vida de volta, quero que a Cat possa desfrutar da melhor versão da mãe.

O relógio marcava 23h30 quando consegui colocar a pequena no berço. Cobri Carla com os lençóis, ela parecia com frio e adormeceu profundamente, toquei seu rosto e está fervendo. Possivelmente está com febre Instantaneamente fiquei apavorado e sem reação, não podia acorda-la para tomar um remédio, e muito menos levá-la ao médico e deixar a bebê sozinha em casa.

Peguei o celular que estava em cima da mesinha e liguei para a Vitor e Michelle, os dois concordaram em vir até aqui sem que eu explicasse o que aconteceu.

De modo que eu e meu amigo ficamos observando o sono da Catarina, caso acordasse com fome, seu leite estava na mamadeira, pois mais cedo, Carla tinha reclamado dos seios estarem doloridos então recorremos á mamadeira pensando bem havia sido uma ideia genial. Enquanto a Michelle tentava uma forma de medir a temperatura de Carla sem acorda-la (missão impossível)

É óbvio que fomos mal sucedidos e Carla acordou, Michelle enfiou a gatinha no chuveiro sob muitos protestos, faz dois dias que ela não tomava banho. Ao mesmo tempo, Cat começou a chorar desesperadamente, chequei a fralda está limpinha, não era fome porque empurrava a mamadeira sempre que eu tentava dar.

Parecia que sentia que algo estava errado com a mãe e doía nela. 
No meio daquele pequeno caos, só consegui pensar que mais uma vez falhei na promessa de cuidar delas.
A sensação de ser um total fracasso,mas precisava ser forte ou tentar ser.

Carla ficou gripada por duas semanas, e nesse meio tempo, tomei conta da minha princesinha sozinho. O que nos rendia tempo para conversar. Bem, eu falava, Catarina respondia com " bler "  "aaah"  e outras palavras da linguagem dos bebês que ninguém entende, mas achamos lindo.
— É Filha, eu sei que você está com saudades da mamãe, mas vou te contar um segredo, ela pode ser bem teimosa as vezes e não escuta o que eu digo e acaba sofrendo um pouquinho, como agora que está doentinha. – Cat ficava quietinha enquanto eu vestia seu pijama.
A Moranguinho que sempre fora muito agitada desde a gravidez andava quieta até demais, sentindo falta do colo da mãe que não chegava nem perto dela por medo de acabar passando a gripe.

15h30 da tarde é a hora do seu cochilinho, cantava para ela dormir e não demorava para que pegasse no sono. Coloquei-a no berço com seu ursinho de pelúcia, fechei as cortinas do quarto e depois sai dali suspirando, cansado.

Meu celular tocou era o Mauro, tive vontade de desligar e fingir que não vi a ligação, do jeito que é insistente, é capaz de vir até aqui. Então atendi:
— Você não acha que está na hora de apresentar a Catarina para a mídia? Pense quantas campanhas publicitárias,  vocês três podem estrelar daqui pra frente? – Sua voz expressava muita empolgação com a proposta, o que me deixou nervoso.
— Ela é muito novinha ainda, vamos esperar que cresça mais um pouco para depois pensarmos nisso. – Dei uma desculpa qualquer para mudar de assunto.
— É uma maneira de ter o melhor dos dois mundos: a Sua família unida e a sua carreira consagrada. Pense bem, Tomás! – Mauro continuou seu monólogo.
— Eu já disse, Mauro! Depois conversaremos sobre isso, a decisão não é só minha e agora realmente não é o momento.

Não contava que Carla estivesse escutando a chamada, porém para o meu completo azar, ouviu tudinho e pelo olhar furioso que recebi, sabia que não concordava com aquilo.
— Nem pensar, não vou expor a minha filha porque o Mauro quer e acha rentável! Te falei isso uma vez e vou repetir de novo:  você troca de assessor ou nunca mais pisa naquela merda de produtora, entendeu?
— Carlinha, eu não... – Começo, mas logo sou interrompido por ela.
— É isso ou vou embora daqui e você nunca mais nos vê, faça a sua escolha.

As coisas não eram tão simples como exigia que fossem, mas naquele mesmo dia, eu fiz a minha escolha. 

 

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