capítulo 38

81 8 35
                                    

Carla
Ontem, eu vivenciei muitas emoções de uma vez, talvez só por culpa me entreguei a Tomás de corpo e alma, o mundo e qualquer dúvida desapareceu. Éramos nós como sempre fomos, eu o amava e ponto.
Mais tarde, Catarina disse a primeira palavra me surpreendendo completamente falou repetidas vezes "mamã " meu peito se expandiu, a sensação foi única, imaginei que tentasse contar algo mais através daquela meia palavra. Minha filha estava crescendo rápido, precisa de mim, de nós! Eu não posso ser impulsa agora.
Por isso, quase contei a verdade á ele,  tinha sido tão sincero e cuidadoso comigo, não merecia que eu mentisse.
Digo quase, porque perdi a coragem quando o escutei dizer que me amava.

Devo ter chorado a madrugada inteira, pois acordei com dor de cabeça e o rosto inchado. Gastei muito tempo no banho tentando organizar os pensamentos embaralhados em mente. Peguei a primeira roupa que vi no closet uma cropped e uma saia quadriculada de cintura alta, uma meia e um salto baixo.

O relógio marcou seis e meia, era cedo demais para ir ao On Beat, não devia ter  ninguém lá. É disso que eu preciso:
Dançar com a minha solidão e os questionamentos.

Dirigi cerca dos quinze minutos habituais para chegar ao trabalho. Estacionei o carro na minha vaga de sempre percebendo que sorveteria em frente já estava aberta. Esse é um Bom dia para sair da dieta,abri a porta do carro para sair  e fui caminhando lentamente até a entrada.

Um filhote de gato passou entre meus pés,abaixei para acariciar seus pêlos acinzentados e brilhantes a luz do sol. Não resisti e o peguei nos braços e entrei no estabelecimento á frente só para comprar água para o bichinho tomar, ele parecia com fome e sede, além de estar tremendo assustado.

É óbvio que vou levá-lo para casa, porque sou apaixonada por gatos e crianças que tem pets são mais felizes e saudáveis. Cat vai adorar!

Entrei com ele no estúdio de dança, deixei-o correr livre pela varanda da sala treze, geralmente é aqui que ensaiamos.

Elefant Gun ressoa pelo ambiente. Leva um tempinho para sentir a melodia o corpo,giro o trono com os braços erguidos. Em seguida, dei um salto e depois apoiei todo peso na perna direita e estiquei a esquerda para cima atrás do corpo, resultando em um perfeito tendu.
Alguns rodopios pela sala até chegar na barra em frente ao espelho, não consigo encarar meu reflexo. Estou tonta.

Com a mão apoiada na barra, cruzo os pés um na frente do outro. O braço esquerdo arredondados à frente da cabeça.

Senti duas mãos quentes ao redor da cintura e um portunhol rouco ao pé do ouvido me arrepiar por inteiro:
— Ballet clássico não combina com essa música e nem esses sapatos. Deixe eu te conduzir...

Assinto, ela segura a mão que está erguida e usa como impulso para me girar fazendo ficar de frente para si. De repente estamos grudadas. Leva as minhas mãos até seus ombros, jogo a cabeça junto com o tronco pra trás.

Volto e nossos olhares se cruzam,suas mãos continuam firmes na minha cintura enquanto rodopiavamos pela sala até música acabar.

Caímos deitadas no chão amadeirado da sala, o filhote de gato ficou andando entre nós até se aconchegou em minha barriga exposta, achei graça.

Michelle ficou me olhando enquanto traçava uma linha imaginária entre as pintinhas do meu pescoço com os dedos. Eu sorria com o toque. Subiu até meu queixo e depois passou o indicador  nos lábios inferiores avisando:
— Vou beijar você agora

Grudou os lábios nos meus, sua língua adentrou minha boca se entrelaçando com a minha, estamos tão sintonizadas  quanto como dançávamos minutinhos antes. Diferente do primeiro beijo de dias atrás, este era calmo e lento explicitando o amor que ela sentia e o medo que eu sentia de não conseguir corresponder como merece. 

De repente, eu percebi quando estou com Mih, a amo e somente à ela, estando com Tomás ocorre o mesmo.

Desejo os dois, me sinto amada pelos dois e ambos sabem que são apenas meus.
É assim que será daqui pra frente.

O restante da manhã foi tranquila no on beat, antes de ir pra casar passei no veterinário para saber dos cuidados que tenho que tomar com o gato, que descobri ser uma fêmea e registrei como Safira.  

Ao abrir a porta do apartamento tive uma surpresa, assim que entrei Catarina veio correndo em minha direção e se agarrou a mim com cara de choro. Só tive tempo de soltar o gato no chão e amparar a Moranguinho.

A equipe de filmagem arrumava os equipamentos, Tomás conversava com a tal cantora do bar, o que ela estava fazendo aqui? 

Meu sangue ferveu de raiva, espero que isso não tenha nada haver com o choro de Cat ou mato os dois.

Todo DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora