Capítulo 38 - O segredo revelado

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Mattia/Jake

Acordo devido a um som contínuo que está atingindo os meus ouvidos. Olho para o lado e vejo que Antonella não está aqui. Pego meu celular e vejo que são 3h40min. Levanto da cama, visto meu robe e quando abro a porta do quarto, consigo identificar a origem do som: piano. Quem poderia estar aqui com Antonella tocando piano uma hora dessas? 

Desço as escadas e conforme me aproximo do local, mais alto fica o som. Quando chego na sala onde está o instrumento, abro a porta devagar e me surpreendo ao ver Antonella, sozinha, tocando piano. 

Paro e fico observando. 

Seu olhar está distante e eu consigo perceber aquele vazio que já vi algumas outras vezes. Seus dedos se movem com delicadeza e ao mesmo tempo com uma certa pressão. A melodia que emana do piano é tão triste e melancólica... É como se Antonella estivesse depositando nessa música toda a sua dor e amargura, ao mesmo tempo, é como se ela estivesse se conectando a algo. A música chega ao fim e Antonella permanece sentada em frente ao piano, com o olhar vazio e distante. 

- Que música profunda. – Ao dizer isso, noto que ela leva um pequeno susto. 

- Não sabia que você estava aqui. – Ela olha para mim. 

- Acordei com o som da música. – Falo me aproximando de Antonella. – Não sabia que você tocava piano. 

- É que eu só toco uma vez ao ano... – O olhar dela se afasta do meu e se distancia. – No dia de hoje. 

- Alguma ocasião especial? – Pergunto. 

- Sim... Hoje é o meu aniversário. 

- Hoje? Eu não fazia ideia. O dia do seu aniversário sempre foi o maior mistério. Você nunca quis me contar quando é. 

- É que faz 10 anos que eu não comemoro meu aniversário. – Ela me olha e logo em seguida desvia o olhar e fala em um tom mais baixo: – Faz exatamente 10 anos que eu toco essa música apenas no dia do meu aniversário... 

- Por que? 

Antonella permanece em silêncio e eu me aproximo mais dela e coloco minha mão em seu ombro. 

- Porque... – O olhar dela está distante e vazio. – Porque hoje não seria apenas eu quem estaria de aniversário... 

- Não?

- Não... – Ela fala em um sussurro. – Mas faz 10 anos que é... 

- Isso quer dizer que... 

Nesse instante, ela olha nos meus olhos e afirma com a cabeça e em seguida, desvia o olhar. Eu sinto um nó em minha garganta e um aperto em meu peito. 

- Eu sinto muito, Antonella. – É tudo o que consigo dizer. 

- Há quem diz que é impossível duas pessoas sentirem as mesmas coisas, mesmo sendo irmãos gêmeos, mas eu posso garantir que isso não é verdade. Ele e eu éramos um só. Nós não éramos apenas irmãos gêmeos, mas almas gêmeas... Éramos dois corpos ligados por um único coração. Eu sabia quando ele estava bem ou mal e quando ele ficava doente, eu também ficava. E assim também era com ele, afinal, ele sentia e sabia quando eu estava triste ou feliz. Nós estávamos sempre dispostos a tudo e a fazer qualquer coisa um pelo outro. Ele era o meu porto seguro, assim como eu era o dele. Sempre prometíamos que iríamos proteger um ao outro e que jamais iríamos nos separar. Nós até registramos essa nossa promessa...

Nesse instante, Antonella se levanta e ao ficar de frente para mim, ela levanta o braço direito, deixando a mostra a sua tatuagem. Então ela me olha e continua: 

Poderosa chefonaOnde histórias criam vida. Descubra agora