CAPÍTULO 53

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POV Jeong Yunho

Jeong se assustou com o despertador, e logo desligou o mesmo, já obrigando seu corpo cansado a se sentar na cama. Eram sete horas da manhã, hora de se arrumar para ir para o trabalho e Jeong não sabia se ficava feliz por saber que estava indo trabalhar, ou se chorava pelo mesmo motivo. Se obrigou mais uma vez a se levantar da cama, separou seu terno preto para o trabalho, deixou em cima do colchão e foi direto para o banheiro, precisava de um banho para despertar e assim o fez. Tomou seu banho quente, e foi logo se sentindo bem melhor. Já de banho tomado, passou o secador nos cabelos, deixando seus fios bem ajeitados e ajeitou a toalha em sua cintura, enquanto ia para a cozinha para ligar sua cafeteira. Torcia mentalmente para dessa vez acertar o ponto do café, já que precisava de um pouco de cafeína para realmente despertar, e com o ritmo que estava, não daria tempo algum de passar na cafeteria perto da Loyalty, teria de se virar, e então apertou os passos para se trocar. 

[...]

Em meia hora, depois de sair de casa, Jeong já estava na Loyalty. O relógio apontava para às sete e cinquenta e cinco, fazendo Jeong chegar um pouco antes de seu horário, sabia bem que aqueles minutinhos contariam para ele mais à frente, ainda mais as horas extras que ficavam ali fazendo serviços para seu chefe. Jeong estava tentando disfarçar o que realmente estava sentindo, se alguém o visse, nunca iria imaginar que ao verem um rosto alegre ou até mesmo relaxado, que dentro dele havia um Jeong confuso com os próprios sentimentos. Não estava deixando de pensar um segundo sequer em como sua vida havia mudado tanto de uns dias pra onde estava agora. Não havia deixado de se perguntar um sequer segundo em o que aconteceria com sua vida se não tivesse pisado naquela empresa, se não tivesse visto Mingi ou se nem tivesse sido contratado. Ali, naquele momento, desejava arduamente que cada coisa ali nunca tivesse acontecido.

O rapaz, depois de bater o ponto e dar bom dia para o ascensorista, subiu para o último andar em silêncio. Com calma tirou a chave de sua sala da sua pasta, e abriu a porta, logo indo para perto das persianas e abrindo as mesmas, deixando a luz do dia nublado entrar para dentro do seu escritório. Assim que Jeong se aproximou da mesa, largou sua pasta em cima da mesma, e então observou um envelope marrom perto do computador, e após tirar seu blazer, pendurou o mesmo na cadeira e se sentou, já encarando o envelope de papel kraft selado com a logo da empresa. Não sabia exatamente o que tinha ali dentro, mas as letras escritas 'Jeong Yunho' no verso, estava na cara demais de quem era, sabia que aquela era a letra de Mingi mesmo se olhasse de longe, e por uns segundos passou a sentir um leve incomodo. 

Estava se sentindo culpado. Culpado por não saber controlar seus sentimentos o suficiente, mesmo sabendo que tudo daria errado. Jeong sempre fora horrível para administrar e controlar suas emoções, mas era incrível demais em esconder todas elas de todo mundo, e ainda tentava convencer a si mesmo que tudo que sentia era apenas auto sabotagem, e que não deveria de forma alguma se permitir para aqueles sentimentos. Só não sabia o quanto aquilo seria tremendamente difícil, esconder algo onde tudo já tinha saído do controle faz tempo. O garoto abriu o envelope de um jeito calmo, sentia de fato suas mãos tremerem a cada vez que puxava o papel para fora daquele envelope. Achava que estava preparado para qualquer tipo de coisa, mas estava tremendamente enganado quando leu as palavras vermelhas e em caixa alta no topo do papel. Achava que tinha desaprendido a ler, já que já repetia pela vigésima vez as palavras CARTA DE DEMISSÃO em sua cabeça. Jeong nunca imaginaria que a queda que tivesse, doesse tanto como estava doendo naquele exato momento. Estava perdido. 

— Jeong! — o moreno se assustou e deu um pulo na cadeira, vendo um San parado na porta, com a expressão um pouco preocupada. — Eu te chamei umas três vezes! O que aconteceu???? — perguntou San, e assim o de cabelos pretos entrou na sala, fazendo Jeong novamente olhar o papel. Estava em choque, e realmente não sabia o que pensar, só se sentia um idiota, um tremendo de um idiota por achar que tudo ficaria bem. Nada ficaria bem, e tudo já estava fodido, não tinha como arrumar o que já havia sido feito. Se sentia um grande idiota por acreditar nas palavras de Mingi, dizendo-o que ele o protegeria, mas percebeu que aquilo tudo não passava de mentiras, já que na primeira oportunidade ele já havia saído correndo, o deixando desamparado. Estava sem nada. Se sentia realmente um idiota por achar que tudo daria certo, nada daquela merda daria certo! Se perguntava onde estava com sua cabeça quando permitiu Mingi beijá-lo na primeira, e depois na segunda vez.  Se perguntava como tudo daria certo sendo que já estava fazendo tudo errado. Sabia como estava errado desde que passou a ver Song com olhos diferentes, sabia que estava errado quando achou que poderia se aproximar e sairia ileso. Se perguntava o que tinha de errado consigo quando mesmo sabendo que aquilo um dia aconteceria, ainda sim o fez.  Estaria mentindo se dissesse que seu coração agora não doía. Doía pra um caralho, mais do que poderia pontuar. A assinatura firme de Song no final da carta de demissão já entregava tudo, esse era o jeito que ele havia arranjado para mantê-lo longe e Jeong não podia negar também que se sentia enganado e que agora achava Mingi um tremendo de um covarde. Havia feito tudo aquilo por suas costas, e sem ao menos ter olhado em seu rosto. Achava de fato que Mingi estaria ali para protegê-lo, mas apenas o largou ali, com sua vida do avesso e totalmente confusa. Continuava achando Mingi um grande de um covarde, mesmo sabendo das razões que o levou a fazer aquilo, só não entendia o porquê dele ter feito tudo de um jeito tão bruto e irracional.

Jeong sabia desde o princípio que não era pra ter ficado tão perto de Mingi, e Mingi também sabia desde o princípio que era necessário ficar longe o suficiente de Jeong para não fazer qualquer burrada, sabia muito bem que tudo aquilo poderia acontecer, mas preferiu fechar os olhos do que aceitar tal realidade. Doía menos se fingisse que tudo estava bem. Nada estava bem. 

Ambos sabiam que tudo começou a dar errado quando se encontraram no "bendito" daquele escritório, e realmente sabiam como a vida era uma grande filha da puta, a partir do momento que tentava juntar duas pessoas totalmente diferentes e as faziam acreditar que dariam certo, mas aquilo nunca daria certo. Jeong não podia ser de Mingi e Mingi não poderia ser de Jeong, pelo menos não tão facilmente. A vida nunca daria algo assim de bandeja, pelo visto Mingi não era o único que gostava de brincadeiras, a vida era mais traiçoeira do que eles imaginavam, apesar de amar dar o que as pessoas mais queriam, ela sempre pedia algo em troca, e para receber uma coisa, teriam primeiro que perder outra. 

LOYALTY I • YungiOnde histórias criam vida. Descubra agora