LOYALTY I • Yungi

CAPÍTULO 54

POV Jeong Yunho

— Mais calmo? — perguntou San, depois de um curto silêncio enquanto ainda afagava os cabelos castanhos de Jeong. 

Quando Yunho terminou de ajeitar as coisas dele nas caixas, pediu imediatamente para San levá-lo para outro lugar longe da Loyalty, não estava conseguindo ficar dentro daquele prédio por mais tempo, ou achava que surtaria de tanto chorar. Por este motivo, San rapidamente o levou pra um lugar onde sabia que acalmaria Yunho, a sorveteria onde eles saíram pela primeira vez, e Choi realmente havia acertado em cheio, pois os dois, agora sentados em uma mesa bem mais reservada de olhares curiosos, estavam quietos, com um Jeong apoiando a cabeça no ombro de San, e dando um pequeno gole no Milk Shake de ovomaltine que tanto gostava. 

— Sim. — Yunho disse baixo e secou o rosto devagar. O rapaz havia chorado mais do que o esperado, e San pareceu não se importar, já que continuou ali perto dele, esperando o garoto se acalmar no tempo dele. 

— Quer me contar o que aconteceu? — San perguntou baixo, e Jeong se ajeitou no banco estofado, enquanto passava as mãos no rosto úmido e levemente vermelho pelo choro recente. Respirou fundo e fungou baixo, logo sentindo San secar suas bochechas e a região abaixo de seus olhos de forma delicada com um lenço de papel. O garoto riu anasalado fracamente, dizendo um "obrigado" de forma baixa. 

— Eu… eu não posso te contar tudo, porque bem, você sabe sobre o contrato, certo? — Yunho disse e San assentiu com a cabeça. — É algo confidencial, então eu não posso simplesmente te contar tudo, me desculpe.

— Não se desculpe. Eu entendo, não tem problema. 

— Mas… eu não fiz algo, sei lá, que possa me levar preso, então não se preocupe. Mas olhando pelo outro lado, é mais grave pro Mingi do que pra mim. — tentou explicar bem por cima, já que realmente não poderia ser totalmente sincero com Choi, por mais que confiasse nele, Jeong havia assinado um contrato, e estava no juramento de sua profissão que precisava agir de forma correta, e respeitar os limites e privacidade de qualquer pessoa que fosse, e por mais que Mingi tivesse o magoado, não poderia fazer tal coisa com ele, pois aquilo iria contra tudo aquilo que Jeong defendia, ser sempre comprometido com as palavras que cumprira. 

— É por isso que você ficou tão abalado assim? Por que tinha medo de… prejudicar o Mingi? — San perguntou, parecendo ainda um pouco confuso. Jeong não o culparia, seria mesmo extremamente difícil entender a situação com as poucas coisas que Jeong havia falado, mas se Choi soubesse, com toda certeza entenderia as lágrimas de Jeong. 

— Mais ou menos isso… quer dizer, um pouco! Ou talvez sim… acho que é sim. Enfim… É complicado, sabe? — riu fraco, ajeitando os fios de cabelo que caíam sobre seus olhos. — Mas vamos dizer que é isso. Eu poderia ter prejudicado a carreira e a vida pessoal dele de uma forma gigantesca, por mais que não de forma intencional, e por esse motivo eu entendo a demissão, mas não entendo o porquê dele ter feito do jeito que fez. Eu me senti… inútil… — Jeong disse a última palavra em baixo tom.

— Eii! Não diga uma coisa dessas, ok? Você não é inútil! Muito pelo contrário!! Como você disse, o que você fez não foi intencional, ele deveria ter entendido isso, mas nem se deu trabalho de conversar com você ou te ouvir, ver o seu ponto de vista e tudo mais. O errado aqui é ele, não você, entende? Não se culpe! — disse Choi e Jeong sabia que ele queria pelo menos amenizar a situação. Ah, se San soubesse… 

— Tudo bem! Eu parei… — disse Jeong, fungando baixo e então sentiu a mão de San em seu rosto, secando uma lágrima que nem sentiu cair. Ficou em silêncio total, com seus olhos presos em suas mãos, que agora mexiam seus dedos de forma nervosa em seu colo, enquanto sentia o dedão de San em seu rosto, acariciando a maçã de sua bochecha de uma forma delicada. Jeong sentiu que poderia voltar a chorar só de sentir todo aquele afeto da parte de San. Sentia que não merecia nem um porcento dele. 

— Eu não gostei nada de te ver chorando. Não combina com você. — disse San de forma baixa, e Yunho fungou baixo, sem saber o que dizer. — Eu sei que não pode contar toda a situação, mas do fundo do meu coração, eu espero que tudo isso se resolva mais para frente, ok? O tempo vai te dar tempo o suficiente pra superar cada coisinha que você passou, seja lá quais foram elas, e o tempo será generoso com você, então vá no seu devagar, respire fundo e tudo vai dar certo. Você é uma pessoa incrível, Yun! Eu sei que vai se encontrar de novo, não seja tão cruel consigo mesmo, vá no seu tempo, sem se pressionar, tudo bem? — perguntou San e Jeong apenas assentiu com a cabeça. — Só não se esqueça que não está sozinho, e que eu estou aqui por você. Por favor, se precisar de algo, me chame, eu te ajudarei com a maior satisfação, mas não passe por isso sozinho, eu quero estar com você. — disse San, e o garoto ficou surpreso ao sentir Jeong praticamente voar para seus braços, o apertando o mais forte que podia. O Choi, na mesma hora retribuiu o abraço, acariciando as costas de Jeong assim que sentiu o corpo do maior tremer em seus braços, indicando que ele havia voltado a chorar. 

San estava confuso, sentia que realmente tudo que Jeong estava chorando não era por causa da demissão em si, mas algo que o levou até ela. Se sentia preocupado, mas acreditava em Yunho o suficiente para saber que ele seria forte e passaria por aquilo logo. Desejou poder tomar as dores de Jeong, realmente não havia gostado nada de vê-lo chorar, assim como havia dito minutos atrás, mas infelizmente não poderia fazer aquilo, a única coisa que poderia fazer era estar ali por Jeong. E era isso o que faria.