CAPÍTULO 51

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POV Song Mingi

A tensão na sala chegava a ser palpável, a cada vez que Mingi mexia nas fichas e explicava tudo o que sabia sobre a tentativa de atropelamento de Jeong. O acastanhado estava sentado no sofá, bem ao meio do casal de amigos, e Mingi estava sentado na poltrona bem à sua frente. Em momento algum seus olhos se encontraram. Não conseguiam. 

— A coisa mais estranha é que, o Arthur investigou o depoimento da pessoa, e realmente, ele não achou ligação alguma com a gangue que meu pai está envolvido. — disse Mingi. 

— O que? — perguntou Seong, um tanto surpreso e confuso.

— Como podem ter certeza disso? E se ele estiver mentindo? — perguntou Jeong, olhando mais uma vez a detalhação da prisão. 

— Ele não está. Geralmente pra você ser de gangue, precisa ter a marca dela, e esse cara não tinha nenhuma. A gangue que meu pai está metido, tem um punhal tatuado no braço direito, é a marca deles, e esse cara não tinha nada, só uma tatuagem na costela. — explicou Mingi, se ajeitando na poltrona ao ver Jeong levantar e andar de um lado para o outro.
 
— Por que alguém mandaria atropelar o Jeong? Isso não faz o menor sentido, Mingi! — Seonghwa falou, parecendo perdido enquanto lia as detalhações do depoimento e Mingi passou a mão no cabelo nervosamente, os puxando para trás.  

— Eu não sei, ok? Talvez seja só uma pessoa louca ou obsessiva. Eu juro que estou tentando descobrir. O cara se recusou a falar mais coisas. — Mingi falou, enquanto organizava os papéis em pastas. — Meu pessoal vai tentar tirar mais informações dele, ele vai ficar preso até resolver falar, e se não falar, vai apodrecer na cadeia. E pra continuar a investigação, precisamos ir embora. Vamos voltar pra Seoul amanhã à tarde. — Mingi falou e pegou as pastas em mãos. 

— Voltar? Já? — Seonghwa perguntou, se levantando.

— Sim. — Respondeu Mingi, pegando as pastas em mãos. — Se quem quase atropelou Jeong não é da gangue, quem mandou atropelar ele deve estar por aqui. Aqui não é seguro. O pessoal da gangue não fez nada, por mais que eles tenham sido vistos em Seoul, não estão metidos nesse caso, então eles querem outra coisa, e eu tenho o que eles querem. 

 — E o que eles querem? — Seonghwa perguntou e Mingi encarou Seong.

— Dinheiro. 

[...] 

— Achei que tinha parado de fumar. — Mingi se assustou com a voz de seu melhor amigo e virou pra ele, segurando o cigarro entre os dedos, e devagar deixou a fumaça sair pelos seus lábios.

— Eu também. — disse Mingi, brincando com o cigarro aceso entre seus dedos. Faziam anos que não colocava um daqueles na boca. Acabou fumando por um tempo quando era adolescente, quando achava que sua vida era uma merda e que não teria futuro com nada, mas logo parou quando Seonghwa deu um empurrãozinho, fazendo ele acreditar que a vida dele não seria tão ruim assim caso se esforçasse. Cresceu, se esforçou, e agora tinha tudo o que queria, mas sua vida continuava uma merda. Nem se lembrava de como a nicotina o fazia relaxar, achava divertido brincar com a fumaça que saia dos seus lábios, era aquilo, ou fazer algo pior. — Eu só precisava de um escape, foi o único jeito, desculpa. 

— Achei que tinha achado outra válvula de escape. — Seonghwa andou até o lado dele com os braços cruzados, encarando o horizonte com água e pinheiros que pareciam minúsculos devido a distância da outra margem. 

— Eu também. — Mingi respondeu, molhando a ponta do cigarro na margem do lago para apagar o mesmo, e jogou a xepa no lixo, perto de onde havia discutido com Jeong. 

— O que aconteceu entre você e o Jeong? — Seonghwa perguntou, e Mingi ficou encarando a água, sentindo o vento gelado bater com força em seu corpo. Nem parecia que o dia anterior estivesse tremendamente quente. Era incrível em como o clima havia mudado bruscamente, igual sua própria vida. Estava tudo de ponta cabeça. 

— Nada. — Mingi respondeu, dando um longo suspiro. 

— Caso tenha esquecido, sou seu melhor amigo. E você não sabe mentir, não pra mim. — Seonghwa falou, e Mingi bufou, olhando o céu, como se pensasse em algo para dizer. 

— Eu e o Jeong… A gente se beijou. — Mingi falou, e Seonghwa olhou o ruivo com os olhos arregalados. 

— Vocês o que? Song Mingi, eu não acredito!! — Seonghwa falou, parecendo chocado. Achava mesmo que os dois estavam de birra por coisas do trabalho ou por simplesmente saber que ambos tinham gênios fortes demais, que queriam porque queriam se bater, mas depois de ouvir o melhor amigo, descobriu que o buraco era muito, mas muito embaixo. — Eu falei pra você ficar longe dele! — disse Park, parecendo bravo.

— Eu sei, Park. Eu lembro quando me falou isso. — Mingi falou, olhando para os próprios pés. — Mas acho que é muito pior… 

— O que mais tem de pior, além da sua empresa correr risco de perder ações? Mingi, você acabou de chegar no auge dos negócios, sabe como onde moramos relações homoafetivas são proibidas, ainda mais com a vida que você tem! Você pode perder tudo, Song. — Seonghwa falou e até que ele estava certo. Mingi até ficaria bravo com o amigo por ele se importar mais com a carreira do que com os sentimentos dele, mas foi Mingi que pediu pra ele fazer aquilo caso ele fizesse tal loucura, mas pediu isso brincando, já que achava que nunca iria acontecer. Como o nunca é uma palavra muito forte...

— O pior é que, eu acho que estou apaixonado, Seonghwa. — ele riu fraco. —  E isso me dói pra caralho, porque eu sei que tudo o que está acontecendo com o Yunho é culpa minha. Tentaram atropelar o Jeong por culpa minha, e vão tentar machucar ele de novo. — Mingi falou, se virando pra Park, que ouvia atentamente o amigo, não sabendo o que dizer. — Não vamos pra Coréia para investigar o caso, vamos pra Coréia pra fazer o Yunho se afastar de mim, assim ninguém mais mexe com ele, e ele fica longe de mim, como era pra ser. Você mesmo disse, que não era pra trazer o Jeong pra minha vida que eu sei bem qual é, e fui um otário por achar que ia ficar tudo bem, eu sabia que era errado, falei isso para mim mesmo várias e várias vezes, assim como falei pro Jeong também, mas… mas é extremamente difícil eu me controlar perto dele. Só entenda, a culpa não é dele, foi eu quem puxou ele pra isso, mesmo ele tentando me afastar várias e várias vezes, eu não consegui. E eu achando que eu tinha tudo no meu controle. — riu anasalado. — Se eu puxei ele pra isso, posso tirá-lo também. — desabafou Mingi, e uns minutos de silêncio depois, acabou rindo baixo da própria desgraça. 

— E como vai se afastar do Jeong se ele trabalha pra você? —  perguntou Seonghwa e Mingi cruzou os braços, voltando a olhar pro horizonte.

— Vou demiti-lo. 

LOYALTY I • YungiOnde histórias criam vida. Descubra agora