LOYALTY I • Yungi

CAPITULO 40

POV Jeong Yunho

Jeong puxou todo o ar de seus pulmões, assim que se sentou na cama rapidamente. Sua respiração estava acelerada, sentiu seu corpo molhado de suor ao mesmo tempo que sentia calafrios quando lembrou da pessoa o observando no canto do quarto. Foi apenas um pesadelo. 

O garoto olhou em seu celular a hora, e o relógio mostrava ser duas horas e dez da madrugada. Levantou da cama devagar, sentindo um leve incômodo ao usar a droga daquela bota ortopédica. Estava torcendo para seu tornozelo melhorar logo, ou iria surtar se usasse aquilo por tempo demais. Acendeu a luz do quarto, pegou um pijama limpo e foi devagar para o banheiro, ajeitando a banheira para tomar banho, pois era o único lugar onde ele conseguia tomar banho sozinho. Era só ele colocar o pé pra cima e estava tudo certo. Não que isso seria um jeito confortável de se tomar banho, mas era a única coisa que ele podia fazer. 

[...]

Yunho terminou de se vestir e ajeitou os próprios cabelos. Saiu do seu quarto devagar, — já que não tinha escolha de andar mais rápido por conta da bota ou pra não acordar o restante da casa — desceu as escadas degrau por degrau, de um jeito bem paciente. Seu tornozelo não doía mais, pelo menos não se deixasse seu pé longe do chão. Se andava mancando, a dor não ficava tão perceptível, e foi assim que chegou rápido à cozinha. Nem acendeu as luzes, já que as luzes da cidade lá embaixo passavam pela pequena janela, e iluminava boa parte da cozinha, só foi direto para o armário, procurar onde Sara guardava os chás. 

— O que está fazendo aqui embaixo essa hora? — se assustou ao ouvir a voz grave reverberar na cozinha quase escura. Com as janelas abertas, o ambiente estava claro o suficiente só pra Yunho enxergar a silhueta de Mingi entrando na cozinha. 

— Porra! Não sabe chegar de uma forma que não assuste as pessoas? — Jeong perguntou baixo, e Mingi acendeu apenas as luzes amarelas da cozinha, só pra tudo ficar visivelmente melhor para os dois, e para não acordar os funcionários que dormiam ali perto. Assim que as luzes foram acesas, Yunho conseguiu ver que Mingi vestia uma regata branca que ficava bem justa no corpo, nas pernas vestia uma calça cinza de moletom, e seus pés estavam descalços. 

Depois do incidente da sala, Mingi e Yunho não haviam mais se visto. Mingi ficou em seu escritório a maior parte do tempo, só saiu depois que Yunho foi pro quarto, e por mais que Jeong quisesse se esconder quando ouviu a voz de seu chefe, apenas escolheu tentar fingir como se nada tivesse acontecido, do mesmo jeito que sabia que Mingi faria. Fingir era algo que os dois sabiam fazer muito bem. 

— Eu cheguei, você que não me ouviu. — Mingi deu de ombros e se aproximou de Jeong. — Por que desceu sozinho essa hora? Achei que o médico tinha mandado você ficar em repouso. — Mingi disse, e então Yunho suspirou baixo.

— Eu… eu acordei e não conseguia mais dormir. Eu só queria um chá, onde tem? — perguntou Jeong, afastando os pensamentos, e Mingi andou até ele devagar, abrindo a porta do armário ao lado de onde ele havia olhado, e pegou a caixa de chá de camomila. 

— Quer esse? — ele perguntou e Yunho assentiu com a cabeça devagar. — Ok, agora vem cá. — Mingi deixou a caixinha de chá em cima da pia e segurou Yunho devagar, o guiando com cuidado para perto do balcão, e quando Jeong ia perguntar o que ele iria fazer, sentiu os braços do ruivo segurarem sua cintura de forma firme e o erguer como se não fosse nada, o deixando sentado no balcão de forma delicada.

Jeong ficou encarando Mingi sem expressão alguma no rosto. Se sentia um completo estranho quando Mingi o tocava daquela forma, sentia um medo que não era dele, sabia que tudo poderia se afundar a qualquer minuto, tanto para ele, quanto para seu chefe. Mingi, por sua vez, tentava mesmo agir como se aquilo fosse nada demais, mas era extremamente difícil naquela altura do campeonato, já que já tinha ido rápido demais com Jeong. Não conseguia mais controlar seu corpo, nem suas vontades quando estava perto do acastanhado, e amaldiçoava a si mesmo a cada segundo por cada vez que quebrava seu orgulho, quando dizia que nunca iria querer alguém como queria Jeong agora. Ele estava completamente fodido por ter chegado naquele patamar, e se perguntava porquê havia deixado a situação passar. Devia ter parado com tudo antes, antes mesmo de tudo ficar como estava agora, antes daquele beijo acontecer. Tudo estava completamente fora de seu controle.