POV Jeong Yunho
Jeong acordou ao sentir os raios de Sol baterem em seu rosto, e praguejou baixo, lembrando que havia deixado a janela aberta. Nem se lembrava de como havia dormido, só apagou depois de chorar tudo o que tinha dentro do seu corpo.
O garoto abraçou o próprio travesseiro, se sentindo estranho. Mal havia acabado de acordar, é já se amaldiçoava por ter criado sentimentos que nem sabia que existiam ali, em seu coração. Tentava ao máximo esconder aquilo, até de si mesmo, mas já estava sufocado. Não sabia exatamente o que no Mingi o atraía. Não sabia se era o sorriso, o jeito de andar, ou os olhos escuros e misteriosos demais. Achava que podia olhar dentro dos olhos de Mingi sem problema algum, que podia olhar a alma dele sem perder nada, ou até mesmo olhar o coração dele e sair impune. Mal sabia ele que estava deixando cada pedacinho de si no caminho, e quando foi ver, não tinha mais nada ali. Tudo já estava com Mingi e nem havia se dado conta.
Se assustou ao ouvir batidas na porta e rapidamente secou o rosto, nem havia percebido que estava novamente chorando. Estava cansado. Respirou fundo e escondeu um pouco de seu rosto com a coberta, se protegendo de alguém que ainda nem sabia quem era.
— Entre! — falou Jeong e devagar a porta se abriu, e Seong colocou o rosto dentro do quarto.
— Oi, Bela Adormecida! O que houve, que não saiu dessa cama ainda? — perguntou Seonghwa, entrando no quarto devagar e parando ao pé da cama.
— Eu queria ficar deitado. Acabei dormindo tarde. — Respondeu simples, passando as mãos no rosto e Seong o encarou.
— Hm... Então você não viu o Mingi? Ele não estava em casa quando acordei. Tinha um monte de folhas espalhadas no deck perto do lago, e quando fui lá embaixo tinha uns livros despedaçados. Eu fiquei com medo e pedi para os seguranças inspecionar a área, pra ver se não viam algum urso. Vai saber, eles andam por tudo, mas me disseram que não existe ursos pra cá. — Seong disse, dando de ombros. — Procurei o Mingi pra falar com ele, mas ele não está por aqui, e também não atende o telefone. — disse. Jeong encarou Seong, prestando atenção em tudo que ele dizia.
E o que? Não existiam ursos ali???? Mingi desgraçado! — pensou Jeong. Se sentou na cama devagar, ajeitando a coberta em suas pernas, tentando pensar no que iria dizer.
— Eu estava trabalhando lá no deck, mas eu saí de lá acho que era uma e pouco da manhã, quase duas horas. Não ouvi nada por lá, e também não vi Mingi. — Jeong respondeu, tentando agir naturalmente, engolindo a vontade que tinha de chorar assim que proferiu o nome e lembrou da conversa com Song. O nome que era doce em sua boca, se tornou amargo e doloroso. Só queria pelo menos uma vez na vida fazer algo certo, mas o que achava que era o certo, parecia ao mesmo tempo tão errado. Era uma vida e uma reputação que tinha a zelar, não apenas de sua parte, mas da outra também. Era um sacrifício que precisava fazer, sabia que nunca ficaria em paz se fosse o motivo de Mingi perder tudo que tinha. Não poderia ser egocêntrico até aquele ponto, colocar seus sentimentos acima da vida de Song, e de tudo que ele batalhou para conquistar e construir. Tinha medo, pois sabia que o ruivo poderia perder tudo em um estalar de dedos. Fugir daquilo, mesmo que doesse, era a única coisa que poderia fazer. Jeong se acostumava rápido, não é mesmo? Ou pelo menos achava que sim.
— Por isso dormiu tarde! Viemos pra cá pra descansar, Jeong! Pare de trabalhar um pouco! — Seong falou e ficou encarando Jeong.
— Eu tinha dormido a tarde toda ontem, e quando acordei, tinha barulho demais no teto do meu quarto né, Seong? E eram as últimas pastas, eu já terminei. — Jeong disse, desviando o assunto e foi se levantando da cama. Rapidamente Seong corou, levantando junto com ele.
— Você.... ouviu? — ele perguntou baixo e Jeong o encarou.
— Infelizmente sim, mas graças a Deus foi pouco! Foi por isso que eu fui pro deck lá de baixo, pra não ouvir o barulho de vocês! É nojento, eca! — disse Jeong, e então respirou aliviado ao ver que a troca de assunto havia dado certo, mas então o mesmo saiu de seus pensamentos e logo caiu na gargalhada, ao sentir o tapa de Seonghwa em seu braço. Era incrível como Seong o conseguia distrair bem rápido, mesmo que por poucos segundos. Jeong ainda sentia um peso em seu coração, mas estava ficando mais leve, só pela presença de Seong.
— Você é um idiota! Mas, me desculpa, ok? Não vai se repetir. — Seong falou, passando a mão na nuca, parecendo mesmo envergonhado e Jeong riu baixo, apertando a mão no ombro de Seong.
— Relaxa! Mas da próxima tentem fazer menos barulho, foi assustador! Vou ficar traumatizado por anos! — Jeong disse e Seong riu, vendo Yunho pegar uma roupa limpa em sua mala.
— Ah! Como está seu tornozelo? Está sentindo dor? — Seong perguntou, mudando rapidamente de assunto mais uma vez e olhou a bota no pé de Jeong.
Jeong logo encarou o próprio pé. Nem tinha parado pra perceber se sentia dor ou não no tornozelo, sua cabeça estava nas nuvens, infelizmente não do jeito bom.
— Então... eu... sei lá! Eu consigo pisar normal. — Jeong disse dando de ombros e caminhou pelo quarto devagar, sem reclamar de dor e nem mesmo mancar.
— Vou chamar o Yeosang pra ver isso, ele entende mais que eu. Quase obriguei ele a fazer medicina ao invés de biblioteconomia. — Seong brincou e deu de ombros, fazendo Jeong rir baixo. — Já volto. — ele disse e correu porta afora, indo atrás de Yeosang, e uns cinco minutos depois o loiro apareceu, vestido com uma camisa que Yunho já viu Park usando. Achou fofo o fato deles compartilharem roupa, tentando não ficar triste com o fato de que eles, mesmo sendo tão jovens, já haviam se encontrado como se fossem destinados, e ele ali, tentando fugir de um problemão que seu coração havia feito.
— Hey, Yun! Deixa eu dar uma olhadinha aí! Licença! — disse Yeosang, abaixando perto da perna de Jeong e foi tirando a bota ortopédica devagar, já que não sabia se o tornozelo estava no lugar ou não. Assim que tirou a bota, segurou o tornozelo de Jeong, apertando o mesmo em regiões específicas, e rodou o mesmo devagar. — Isso dói? — perguntou, enquanto ainda rodava o tornozelo de Yunho.
— Nadinha. — Respondeu Jeong, e Yeosang colocou o pé dele no chão.
— Fique em pé com os dois pés no chão e distribua seu peso, e depois fique em cima do seu pé com o tornozelo machucado. — Disse Yeosang, e assim Jeong o fez, não sentindo dor alguma.
— Ai meu Deus! Eu não senti nada! Agora eu posso tirar essa bosta? Quer dizer... bota! — Jeong falou rapidamente, rindo com seu casal de amigos. Ficou animado, pelo menos um pouco, ao saber que se livraria daquela bota. Seria um problema a menos de outros mil para se preocupar.
— Sim, Yun, você agora pode tirar essa bosta! — Yeosang disse e se levantou, rindo de Yunho, que agora dançava animadamente com os dois pés no chão.
— Pelo menos uma notícia boa! — Jeong falou baixo, e assim que Yeosang saiu do quarto, Seong bloqueou a porta, fazendo Jeong parar de andar.
— Você sabe que pode contar comigo, certo? Pra tudo que precisar... nem que seja pra dar conselhos sobre amor. — Seong falou, encarando Jeong e então Yunho só assentiu com a cabeça. Imaginou que Seong já estava ciente do que estava rolando, e ele nem precisava dizer com palavras, Jeong na hora sentiu do que se tratava. — Ok, agora vai tomar banho, vou pedir pra cozinheira preparar nosso almoço.
— Obrigado, Seong. — Jeong disse baixo, dando um abraço rápido e apertado em Seong, e quando o soltou do abraço, ouviu um barulho de um carro estacionando rápido demais ali perto, e em poucos minutos, Mingi apareceu como um furacão com uma pilha de papel em mãos.
— Mingi? Onde estava? Por que sumiu do nada? Eu te liguei igual um maluco! — Seonghwa falou, indo para perto de Mingi, que agora largava a pilha de papéis na mesa de centro.
— Chega de perguntas, Seong! — Mingi disse, curto e grosso. — Eu fui me encontrar com o Arthur. — disse Mingi.
— Com o Arthur? Ele não estava em Manhattan? Por que ele v- — Seong parou de falar, e logo voltou a encarar Mingi, já assimilando tudo. — Ele achou?
— Sim, acharam quem tentou atropelar o Yunho. — disse Mingi.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LOYALTY I • Yungi
FanfictionLivro 1 da saga Loyalty Song Mingi era conhecido como um dos maiores advogados de Seoul. Jeong Yunho era só um recém formado em direito que estava atrás de um lugar para exercer sua profissão. O que era para ser uma relação simples virou a maior con...