CAPÍTULO 50

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POV Jeong Yunho

Jeong acordou ao sentir os raios de Sol baterem em seu rosto, e praguejou baixo, lembrando que havia deixado a janela aberta. Nem se lembrava de como havia dormido, só apagou depois de chorar tudo o que tinha dentro do seu corpo. 

O garoto abraçou o próprio travesseiro, se sentindo estranho. Mal havia acabado de acordar, é já se amaldiçoava por ter criado sentimentos que nem sabia que existiam ali, em seu coração. Tentava ao máximo esconder aquilo, até de si mesmo, mas já estava sufocado. Não sabia exatamente o que no Mingi o atraía. Não sabia se era o sorriso, o jeito de andar, ou os olhos escuros e misteriosos demais. Achava que podia olhar dentro dos olhos de Mingi sem problema algum, que podia olhar a alma dele sem perder nada, ou até mesmo olhar o coração dele e sair impune. Mal sabia ele que estava deixando cada pedacinho de si no caminho, e quando foi ver, não tinha mais nada ali. Tudo já estava com Mingi e nem havia se dado conta. 

Se assustou ao ouvir batidas na porta e  rapidamente secou o rosto, nem havia percebido que estava novamente chorando. Estava cansado. Respirou fundo e escondeu um pouco de seu rosto com a coberta, se protegendo de alguém que ainda nem sabia quem era. 

— Entre! — falou Jeong e devagar a porta se abriu, e Seong colocou o rosto dentro do quarto. 

— Oi, Bela Adormecida! O que houve, que não saiu dessa cama ainda? — perguntou Seonghwa, entrando no quarto devagar e parando ao pé da cama. 

— Eu queria ficar deitado. Acabei dormindo tarde. — Respondeu simples, passando as mãos no rosto e Seong o encarou. 

— Hm... Então você não viu o Mingi? Ele não estava em casa quando acordei. Tinha um monte de folhas espalhadas no deck perto do lago, e quando fui lá embaixo tinha uns livros despedaçados. Eu fiquei com medo e pedi para os seguranças inspecionar a área, pra ver se não viam algum urso. Vai saber, eles andam por tudo, mas me disseram que não existe ursos pra cá. — Seong disse, dando de ombros. — Procurei o Mingi pra falar com ele, mas ele não está por aqui, e também não atende o telefone. — disse. Jeong encarou Seong, prestando atenção em tudo que ele dizia. 

E o que? Não existiam ursos ali???? Mingi desgraçado! — pensou Jeong. Se sentou na cama devagar, ajeitando a coberta em suas pernas, tentando pensar no que iria dizer. 

— Eu estava trabalhando lá no deck, mas eu saí de lá acho que era uma e pouco da manhã, quase duas horas. Não ouvi nada por lá, e também não vi Mingi. — Jeong respondeu, tentando agir naturalmente, engolindo a vontade que tinha de chorar assim que proferiu o nome e lembrou da conversa com Song. O nome que era doce em sua boca, se tornou amargo e doloroso. Só queria pelo menos uma vez na vida fazer algo certo, mas o que achava que era o certo, parecia ao mesmo tempo tão errado. Era uma vida e uma reputação que tinha a zelar, não apenas de sua parte, mas da outra também. Era um sacrifício que precisava fazer, sabia que nunca ficaria em paz se fosse o motivo de Mingi perder tudo que tinha. Não poderia ser egocêntrico até aquele ponto, colocar seus sentimentos acima da vida de Song, e de tudo que ele batalhou para conquistar e construir. Tinha medo, pois sabia que o ruivo poderia perder tudo em um estalar de dedos. Fugir daquilo, mesmo que doesse, era a única coisa que poderia fazer. Jeong se acostumava rápido, não é mesmo? Ou pelo menos achava que sim.

— Por isso dormiu tarde! Viemos pra cá pra descansar, Jeong! Pare de trabalhar um pouco! — Seong falou e ficou encarando Jeong. 

— Eu tinha dormido a tarde toda ontem, e quando acordei, tinha barulho demais no teto do meu quarto né, Seong? E eram as últimas pastas, eu já terminei. — Jeong disse, desviando o assunto e foi se levantando da cama. Rapidamente Seong corou, levantando junto com ele. 

— Você.... ouviu? — ele perguntou baixo e Jeong o encarou. 

— Infelizmente sim, mas graças a Deus foi pouco! Foi por isso que eu fui pro deck lá de baixo, pra não ouvir o barulho de vocês! É nojento, eca! — disse Jeong, e então respirou aliviado ao ver que a troca de assunto havia dado certo, mas então o mesmo saiu de seus pensamentos e logo caiu na gargalhada, ao sentir o tapa de Seonghwa em seu braço. Era incrível como Seong o conseguia distrair bem rápido, mesmo que por poucos segundos. Jeong ainda sentia um peso em seu coração, mas estava ficando mais leve, só pela presença de Seong. 

— Você é um idiota! Mas, me desculpa, ok? Não vai se repetir. — Seong falou, passando a mão na nuca, parecendo mesmo envergonhado e Jeong riu baixo, apertando a mão no ombro de Seong. 

— Relaxa! Mas da próxima tentem fazer menos barulho, foi assustador! Vou ficar traumatizado por anos! — Jeong disse e Seong riu, vendo Yunho pegar uma roupa limpa em sua mala. 

— Ah! Como está seu tornozelo? Está sentindo dor? — Seong perguntou, mudando rapidamente de assunto mais uma vez e olhou a bota no pé de Jeong. 

Jeong logo encarou o próprio pé. Nem tinha parado pra perceber se sentia dor ou não no tornozelo, sua cabeça estava nas nuvens, infelizmente não do jeito bom. 

— Então... eu... sei lá! Eu consigo pisar normal. — Jeong disse dando de ombros e caminhou pelo quarto devagar, sem reclamar de dor e nem mesmo mancar.

— Vou chamar o Yeosang pra ver isso, ele entende mais que eu. Quase obriguei ele a fazer medicina ao invés de biblioteconomia. — Seong brincou e deu de ombros, fazendo Jeong rir baixo. — Já volto. — ele disse e correu porta afora, indo atrás de Yeosang, e uns cinco minutos depois o loiro apareceu, vestido com uma camisa que Yunho já viu Park usando. Achou fofo o fato deles compartilharem roupa, tentando não ficar triste com o fato de que eles, mesmo sendo tão jovens, já haviam se encontrado como se fossem destinados, e ele ali, tentando fugir de um problemão que seu coração havia feito.

— Hey, Yun! Deixa eu dar uma olhadinha aí! Licença! — disse Yeosang, abaixando perto da perna de Jeong e foi tirando a bota ortopédica devagar, já que não sabia se o tornozelo estava no lugar ou não. Assim que tirou a bota, segurou o tornozelo de Jeong, apertando o mesmo em regiões específicas, e rodou o mesmo devagar. — Isso dói? — perguntou, enquanto ainda rodava o tornozelo de Yunho. 

— Nadinha. — Respondeu Jeong, e Yeosang colocou o pé dele no chão. 

— Fique em pé com os dois pés no chão e distribua seu peso, e depois fique em cima do seu pé com o tornozelo machucado. — Disse Yeosang, e assim Jeong o fez, não sentindo dor alguma. 

— Ai meu Deus! Eu não senti nada! Agora eu posso tirar essa bosta? Quer dizer... bota! — Jeong falou rapidamente, rindo com seu casal de amigos. Ficou animado, pelo menos um pouco, ao saber que se livraria daquela bota. Seria um problema a menos de outros mil para se preocupar.

— Sim, Yun, você agora pode tirar essa bosta! — Yeosang disse e se levantou, rindo de Yunho, que agora dançava animadamente com os dois pés no chão. 

— Pelo menos uma notícia boa! — Jeong falou baixo, e assim que Yeosang saiu do quarto, Seong bloqueou a porta, fazendo Jeong parar de andar. 

— Você sabe que pode contar comigo, certo? Pra tudo que precisar... nem que seja pra dar conselhos sobre amor. — Seong falou, encarando Jeong e então Yunho só assentiu com a cabeça. Imaginou que Seong já estava ciente do que estava rolando, e ele nem precisava dizer com palavras, Jeong na hora sentiu do que se tratava. — Ok, agora vai tomar banho, vou pedir pra cozinheira preparar nosso almoço. 

— Obrigado, Seong. — Jeong disse baixo, dando um abraço rápido e apertado em Seong, e quando o soltou do abraço, ouviu um barulho de um carro estacionando rápido demais ali perto, e em poucos minutos, Mingi apareceu como um furacão com uma pilha de papel em mãos. 

— Mingi? Onde estava? Por que sumiu do nada? Eu te liguei igual um maluco! — Seonghwa falou, indo para perto de Mingi, que agora largava a pilha de papéis na mesa de centro. 

— Chega de perguntas, Seong! — Mingi disse, curto e grosso. — Eu fui me encontrar com o Arthur. — disse Mingi. 

— Com o Arthur? Ele não estava em Manhattan? Por que ele v- — Seong parou de falar, e logo voltou a encarar Mingi, já assimilando tudo. — Ele achou?

— Sim, acharam quem tentou atropelar o Yunho. — disse Mingi. 



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