LOYALTY I • Yungi

CAPÍTULO 62

Música para o capítulo: Stone Cold - Demi Lovato (a música está na playlist da fanfic, vocês podem encontrar o link dela na minha bio)

ps: recomendo que procurem a tradução caso precisarem, as músicas da playlist foram escolhidas à dedo, então elas dizem MUITA coisa. :) 

🗝

POV Choi San 

San ouviu atentamente cada palavra que Jeong tinha pra dizer. Ficou a maior parte do tempo calado, ouvindo cada detalhe do que Jeong estava contando, percebendo que estava certo desde o começo. Jeong não seria mais nada para ele, além de um ótimo amigo. Sabia que teria que apenas aceitar, mesmo que doesse.  

— Está tudo bem. Vou estar aqui por você sempre, prometo. — O San disse baixo, envolvendo Jeong em seus braços e o apertando, tentando fazer o garoto parar de chorar. Sentia seu peito doer, não sabia se era por ver Jeong chorando, ou se era por ver que os olhos castanhos escuros que tanto gostava estavam brilhando quando ele falava de outro alguém. Não era a primeira vez que via aquelas orbes se acenderem por outra pessoa. 

San era uma pessoa sensível e totalmente sensitiva. Conseguia absorver bem a emoção de cada pessoa próxima dele, e além de ser um bom ouvinte, era um ótimo ombro amigo. O Choi sempre foi um bom observador, ainda mais com as coisas — ou pessoas — que cativavam seus olhos. Estava observando Jeong desde o dia que o conheceu na Loyalty, e de início realmente achou que teria alguma chance, mas tudo passou a mudar quando viu Jeong imerso demais em falar de Song, desde que saíram pela primeira vez naquele dia de domingo para irem na sorveteria. Entendia porquê Jeong tinha raiva de Mingi quando falava dele, o cara, por ser o chefe, era realmente insuportável, e até ele mesmo falava mal de Song, mas sentiu que com Jeong as coisas eram um pouco diferentes. Passou a apenas deixar o tempo levar a situação para ver o que aconteceria, pois achava que era apenas um equívoco de sua parte ou até mesmo poderia ser insegurança, mas então percebeu que não havia se enganado logo após saber que Jeong iria para Nova York à trabalho com Mingi, sabia que havia perdido todas as chances, mas ainda sim de alguma forma sentia uma pequena ponta de esperança, e realmente achou que iria dar tudo certo, mas as ligações e mensagens que trocavam enquanto Jeong viajava ficaram menos frequentes a cada dia, até pararem de acontecer. Não queria mesmo parecer um desesperado por atenção, queria apenas que Jeong gostasse dele naturalmente, assim como ele havia gostado de Jeong, mas sabia que os olhos do rapaz estavam presos em outro lugar, em outro alguém. De forma alguma se orgulhava de ter agido sem pensar, ainda mais sabendo de toda a condição de Jeong. Sabia da fragilidade dele, e mesmo assim fez o que fez. Estava se sentindo um monstro. 

— Você precisa se acalmar, sim? Vou pegar água pra você. — o Choi disse e se levantou, correndo para perto da geladeira, pegando uma garrafa de água e voltou rapidamente para perto de Jeong, o alcançando a garrafa, e enquanto Jeong se ocupava abrindo o objeto de plástico e tomando o líquido que havia dentro, San suspirou baixo e resolveu se abrir também. 

— Eu sabia… desde o começo… — San disse, colocando as pernas no sofá e abraçou as mesmas ao sentir os olhos de Jeong em si. Queria ser sincero com ele também. — É estranho, eu sei. Mas de alguma forma eu acho que eu já sabia. — se ajeitou no sofá, reparando que ele e Jeong, ambos ainda estavam vestidos apenas com suas cuecas. A conversa havia ido para um rumo tão sério, que nem tiveram tempo de pensar em roupas. — Dá pra ver o jeito que você fala do Mingi… por mais que de sua boca saía palavras de ódio, ou apelidos ofensivos à cerca dele, seus olhos entregam tudo… — disse San, rindo baixinho. Jeong já havia fechado a garrafa de água, atento a cada palavra do mais baixo. Nunca tinha reparado naquilo até San falar, e se sentiu estranho ao saber que alguém o via de uma forma clara demais, mesmo que tentasse ao máximo "maquiar" a situação. 

— Eu … eu nunca me toquei nisso, San… — Jeong disse, colocando a garrafa na mesa de centro e se encostou no sofá. — Eu realmente não sei te dizer quando isso começou, só… aconteceu. — disse e suspirou baixo. 

— Eu entendo. O amor é assim, a gente não percebe o quanto a gente gosta de alguém até os sentimentos começarem nos perturbar. — disse San, com seus olhos vidrados em um ponto fixo da parede da sala. — Mas eu sabia desde o dia que te levei pra sorveteria pela primeira vez,  e as coisas só começaram a se confirmar com o passar do tempo… — disse San e Jeong se ajeitou no sofá de frente pra ele, abraçando as próprias pernas também. Não sabia o que dizer, e apenas acenou em concordância, dando espaço pro Choi continuar. — Não vou mentir pra você, eu realmente me senti atraído por você desde o primeiro dia que te conheci, e passei a começar a rejeitar a ideia aos poucos assim quando percebi que você e o Mingi… enfim. Mas aí veio toda essa confusão e estamos aqui agora… — suspirou baixo, brincando com dedo do próprio pé. 

Jeong olhava San sem saber o que dizer. Só estava se sentindo um monstro por nem perceber o lado de San de forma clara, de não dar atenção devida à ele da forma que precisava. Se sentia pior ainda por saber agora que tinha transado com ele, mesmo sem saber de todos aqueles sentimentos que San tinha guardado pra ele mesmo, nem havia pensado em tal possibilidade, pois só queria tentar preencher o vazio que sentia dentro de si, sem pensar em mais nada à sua volta. Não havia se preenchido e ainda havia quebrado o coração do seu amigo. Se sentia um idiota. 

— Me desculpe por te meter nisso tudo… — Jeong disse e olhou para San, vendo o garoto sorrir. Ficou surpreso ao ver o sorriso pequeno nos lábios de San, e quando ouviu a pequena risada. 

— Não se desculpe, a culpa não foi sua. Eu mesmo me empurrei pra isso. Mesmo sabendo de tudo, eu não te afastei e retribui tudo, me perdoe por isso também. E, gente não controla o que sente, Yun… você não tem culpa alguma sobre isso. Acho que isso foi necessário pra mim também, pra acordar, sabe? Eu estava me tornando um egoísta, acho que fui pela emoção demais ao invés de equilibrar junto com a razão. Quando uma delas é demais, as coisas não dão muito certo… — disse San. — Mas, de qualquer forma, não se sinta culpado por tudo, ambos estávamos confusos, nos dois usamos toda a situação para escapar de algo, e acho que agora deu pra perceber que as coisas estavam mesmo indo pro lado errado. Então só relaxa, está tudo bem. Sem sentimentos de culpa entre nós! Ok, Jeong?? — cutucou a cintura do mesmo, fazendo ele sentir uma pequena cócega. 

Jeong acabou rindo fraco com a cócega e assentiu com a cabeça, sussurrando um 'ok'. Odiava o fato do rapaz ter sempre as palavras certas na hora certa, bem na ponta da língua. O garoto de mecha sabia bem o que dizer em cada situação, algo que fazia Jeong se sentir menos malvado do que havia sido. Mas San tinha mesmo razão, os dois estavam confusos, tentando se encontrar em seus caminhos, mas ao invés de continuarem andando pela estrada certa, pegaram uma curva e foram para uma estrada pior. 

San aos poucos passou a se sentir bem por ter contado tudo que sentia ao Jeong, tirando um peso de seus ombros, já deixando toda aquela história a limpo, e sabia que Jeong se sentia melhor — pelo menos um pouco — por ter sido sincero e ter contado a verdade mesmo quando não podia. Ficou feliz por saber que Jeong confiava nele, queria mesmo que o de cabelos cor de rosa se sentisse daquela maneira perto dele. Seguro e confortável. 

Mesmo Jeong não retribuindo os sentimentos dele do jeito que desejava, San ainda continuava gostando do maior. Realmente não podia mais mentir, gostava de Jeong demais, gostava de tê-lo por perto, e não se importava nenhum pouco se o sentimento era mútuo ou não, pois acima de tudo queria ver Jeong feliz, mesmo que a felicidade dele fosse outra pessoa.