23°

1.3K 173 99
                                    

EU pisco, atômica. Não posso ter entendido direito. Meu irmão gêmeo deixou claro para todos os garotos daquela maldita escola que eu sou território proibido?

— É coisa de irmão...

— Ele não podia fazer isso! — Cubro o rosto com as mãos, tentando raciocinar. Não é como se todos os garotos fossem cair aos meus pés... mas ele não tinha o direito!

— Queria uma fila de garotos atrás de você? — seu tom é brincalhão, mas mesmo assim continuo irritada.

— Não... Mas... Parece que ele esteve controlando minha vida esse tempo todo. — Mesmo que eu sempre estivesse com Theo e nunca interessada em mais ninguém, não desculpa a intromissão dele.

— Se serve de consolo, eu estou quebrando essa regra. — Sebastian encolhe os ombros e eu paro para pensar. Ele está mesmo quebrando essa regra idiota.

— Para início de conversa, essa regra não deveria nem existir, então não me importo. — Odeio o fato de estar parecendo mimada agora.

— O que vai fazer em relação a Ethan?

— O que eu deveria fazer?

— Não sei... Só... — Ele coça a nuca de novo, parecendo sem jeito.

— Só o quê...?

— Eu devo ser uma pessoa horrível agora. Ethan gosta de você e eu sei disso e mesmo assim... Eu beijei você.

Ah... Ah...

Agora eu me sinto horrível. Ethan gosta de mim e eu tenho isso, o que quer que seja, com Sebastian. Uma rachadura na amizade dos dois, é o que eu irei me tornar, caso descubram o que está acontecendo entre nós dois.

— Isso é uma grande merda — me ouço dizendo. Sebastian ergue as sobrancelhas, surpreso e um sorriso divertido se forma em seus lábios.

— Parece que a Mini Price anda com a boca muito suja. — ele dá um passo para frente. Como estou encostada na parede, lhe observo se aproximar.

— Por que "Mini Price"? — Cruzo os braços. Eu não sou tão baixinha assim...

— Você tem o que... 1,55 de altura? — Seus lábios formam uma linha trêmula. Ele está querendo rir!

— Pra sua informação, eu tenho 1,60! — minha voz sai alta demais e eu tapo a boca olhando para o outro lado do corredor, como se pudesse ver meu irmão ali.

— Ainda é pequena. — Sebastian e seus 1,80 de altura ergue meu queixo, fazendo meu nariz roçar no seu, de tão perto que estamos agora.

— Você é alto demais — digo, mas na verdade não sei o que está saindo dos seus lábios, já que estou encarando os seus. Tão perto... — Você se arrepende? — Engulo em seco. Ele não precisa perguntar sobre o quê.

— Não. — Ele não está mentindo. E uma parte egoísta minha relaxa com isso.

— Bom... — Traço um círculo imaginário na sua camisa, bem acima do seu coração e consigo senti-lo bater acelerado. — Pode me ajudar com mais uma coisa?

— Claro. — Sua expressão fica séria quando ele provavelmente percebe como fiquei tensa de repente.

— Entre comigo — minha voz não é mais que um sussurro e meu coração estronda em meu peito.

Sebastian entrelaça nossas mãos e deixa eu guiar o caminho.

Um passo mais pesado que o outro até o meu quarto e eu aperto sua mão. Seu aperto de resposta me ajuda a dar outro passo. Então outro e outro, até que eu estou dentro do quarto e Sebastian está atrás da linha invisível.

Há dois anos eu deixei que aquele cara entrasse, então tudo aconteceu. Agora me encontro com a mesma decisão, mas Sebastian não é aquele cara, por isso eu faço que sim e observo seus pés atravessarem aquela linha que estabeleci não só em meu quarto, mas também em meu ser.

Eu solto sua mão, dando passos para trás, deixando que ele observe meu quarto: tapete branco e macio. As cortinas cor creme. A escrivaninha tão bem arrumada; o mural em cima desta, com todos os meus horários e tarefas que preciso fazer. Os desenhos de flores que rabisco nas horas vagas. A porta do closet está fechada, então ele não pode ver minhas roupas separadas por peças e tons de cores e estampas. E finalmente minha cama com dossel; a colcha com estampa de flores, assim como as fronhas dos travesseiros.

— Safira iria adorar seu quarto — são suas primeiras palavras e nós dois sorrimos. Consigo imaginar Safira pulando na minha cama.

Sento na cama, enquanto observo ele indo até a  escrivaninha. Minhas bochechas esquentam quando percebo que deixei a pasta com meus desenhos ali em cima. A maioria são desenhos de flores; paisagens. O resto são alguns rabiscos de um casal, cujo os rostos são dos meus pais, também tem a Laura e até mesmo o Max. E outros… que realmente espero que ele não veja.

Abro a boca para dizer a Sebastian que deixe os desenhos pra lá, quando sua atenção se volta para um quadro na parede. Meu coração para. Pintei isso há muito tempo. Depois daquela noite, me arrisquei com as tintas e o que saiu foi uma pintura obscura da minha alma. De como eu estava me sentindo quebrada. Não há luz na pintura, como não havia luz em mim.

— Foi minha última pintura — confesso a ele.

— É... Profunda. — Sebastian continua olhando e como está de costas para mim, não posso ver seu rosto.

— Eu a odeio, às vezes.

— Por que não joga fora?

— Olhar para ela me incentivava a continuar. Então prometi a mim mesma que quando estivesse inteira de novo, eu faria uma pintura oposta.

Eu ainda não pintei novamente.

Sebastian entende isso e não faz mais perguntas, finalmente vindo até mim e sentando ao meu lado. Duas semanas e ele está na minha cama. Esse pensamento não me assusta.

— Obrigado — ele diz de repente e viro para olhá-lo. Seus olhos estão escuros como a noite quando encaram os meus.

— Pelo quê?

— Por me deixar entrar. — Sebastian beija minha testa. Um ato tão carinhoso que meu coração aquece.

Me pergunto se não o deixei entrar não apenas em meu quarto, mas em meu coração também. E esse pensamento me assusta, pois nem mesmo Theo parece ter conseguido isso.

Tento pensar em qualquer coisa para falar a ele, quando ouço passos. Nós dois nos viramos para porta quando Maximilian para na linha invisível.


~•~
Votem
Comentem
Compartilhem
E me sigam aqui e no Instagram
Meu perfil: autora.stella
2bjs, môres♥

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora