Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ

8°

— É melhor entrar. — Sebastian indica a sala atrás de si.

— Eu vou para o recanto das fadas! — Safira sai correndo rua afora antes que possamos dizer algo.

— Ela acha mesmo que é uma fada? — Sigo Sebastian para dentro da casa. Ouço a porta bater enquanto encaro a sala. É pequena e está terrivelmente bagunçada como se um furacão tivesse passado ali.

— Eu sou um príncipe, se quer saber. — Olho para ele com a sobrancelha erguida.

— Então é assim que passa o seu tempo? Em um conto de fadas?

— Tem algum problema com isso? — Ele imita minha expressão e desvio o olhar, tentando me lembrar o que vim fazer aqui.

— Por que não...

— Sebastian, querido, pode me ajudar aqui?! — uma voz feminina grita de algum lugar da casa.

— Já estou indo, mãe! — o garoto ao meu lado grita de volta. — Eu já volto — diz para mim.

Então ele sai andando para onde presumo ser a cozinha.

Fico parada, olhando em volta. Vários porta-retratos me chamam a atenção, um em particular. Uma mulher branca de olhos azuis, baixinha que não deve ter mais que 40 anos está sentada em um sofá com Safira em seu colo. Ao seu lado está Sebastian e do outro lado um garoto que deve ter 10 anos, também de olhos azuis e cabelo castanho claro. Ao lado deste está outro garoto, alguns anos mais velho, que se parece com os irmãos: cabelo castanho claro e olhos azuis.

— Quem é você?

Viro-me para o dono da voz. Eu estou ao lado do sofá e não percebi que tinha um garoto deitado — o último da foto.

— Sou a Madelaine. — Dou um sorriso amarelo. O menino se levanta e vem até mim, parando em minha frente e cruzando os braços.

— Você é a nova namorada do Ti?

— Não — é só o que respondo. Nós ficamos nos encarando por um tempo e sinto como se estivesse com Max e nossa discussão silenciosa.

— Então...

— Silas, não deveria estar fazendo seu dever de casa? — Dou graças a Deus quando Sebastian aparece novamente. Ele tem o olhar sério enquanto encara o irmão.

— E você não deveria estar cuidando da sua vida?

Tapo a boca para não rir, mas ambos percebem e esse Silas sorri para mim.

— Sua namorada é legal. — Silas diz. Faço uma careta.

— Não sou namorada dele.

— Ela não é minha namorada.

Sebastian e eu nos encaramos. Silas ri por algum motivo antes de sair andando por onde Sebastian tinha vindo.

— Você tem ótimos irmãos — minto. Sebastian, sabendo disso, ri e faz sinal para eu segui-lo.

Subimos uma escada e caminhamos por um corredor. Passamos por duas portas fechadas e uma aberta de onde sai um garoto correndo e esbarra em Sebastian.

— Pra onde você vai com tanta pressa? — Não consigo ver o rosto de Sebastian, mas fico na ponta dos pés para enxergar melhor o garoto. É o outro da foto que deve ter pelo menos 10 anos. Seu cabelo está para o lado, formando uma franja e ele está consertando os óculos.

— Vou estudar com o Harry — sua voz é fofa e ele tem um jeito tímido.

— Não volte tarde. — Sebastian dá um tapinha no ombro dele e dá espaço para passar e o garoto acaba esbarrando em mim também por não ter me visto.

— Desculpe. — Saio da frente e noto suas bochechas vermelhas.

— Oi... Hã... Tchau! — O garoto sai antes que eu possa dizer oi também. Encaro Sebastian com a sobrancelha arqueada.

— Meu irmão Spencer — diz e me dá as costas. Noto então que todos eles têm nomes com a inicial S. É fofo.

Entramos em um quarto que julgo ser o dele e fico aliviada quando ele não tranca a porta. O quarto também é simples: uma cama de solteiro — que por incrível que pareça está arrumada. Uma escrivaninha perto da janela, com livros abertos. As cortinas do quarto são claras. O guarda-roupa está com a porta fechada e me pergunto se todas as roupas devem estar amarrotadas.

— Você não levou aquela história a sério, né? — sou a primeira a falar. Sebastian senta na cadeira da escrivaninha e aponta para a cama. Me acomodo também.

— Sobre ajudar você? Por que não? — Ele arqueia a sobrancelha. Respiro fundo.

— Nunca fui tão próximo de você como dos outros. Não faz sentido você querer me ajudar a reconquistar meu ex-namorado. O que ganharia com isso?

— Não posso fazer uma boa ação?

Não respondo, ainda não acreditando na sua boa vontade.

— Olha, eu gosto de você. Sempre foi legal com todos nós do time e não é como as outras patricinhas. Vejo como trata todo mundo na escola e não vive por aí se exibindo. Admiro isso. Não acho justo você ter um problema agora e não poder contar com ninguém quando já fez tanto pelos outros. E se está preocupada com o que quero em troca, se um dia eu precisar de algo já sei a quem recorrer.

Penso um pouco. Tem bastante sentido no que ele diz, apesar de eu não saber que ele me via desse jeito. Sempre fui boa, não minto, mas é algo natural meu, não para ganhar reconhecimento de alguém. Também não nego que realmente preciso de uma ajudinha no momento, mas essa ajuda vinda de Sebastian, mesmo depois de suas palavras, ainda é... estranho.

— Seremos só amigos? — pergunto, ignorando a última parte sobre ele dizer que vai recorrer a mim se algo der errado.

— Por que eu te ajudaria a voltar com seu namorado se estivesse a fim de você? — Ele mais uma vez arqueia a sobrancelha.

— Ok, então. Quero só ver a cara do Maximilian quando souber dessa nossa amizade. — Dou risada. Meu irmão mandou eu ficar longe de Sebastian e aqui estou eu, no quarto dele.

— Posso começar o meu trabalho então? — A atenção de Sebastian passa para minhas roupas e tento não encolher.

— Não entendi. — Franzo as sobrancelhas.

— Sabe, se quer reconquistá-lo, não pode fazer isso se vestindo desse jeito. — o que ele quer dizer com 'desse jeito'?

— Eu não deveria ser eu mesma? — não entendo. Não é isso que vivem twittando por aí?

— Bom, sim, mas... Apenas uma repaginada no visual não faria mal a ninguém, sabe? Não estou dizendo para você mudar completamente seu jeito de se vestir, mas talvez podemos… aprimorar algumas coisas.

Reflito mais uma vez. Minhas roupas são... complexas. Gosto do meu jeito de me vestir e nunca tive problemas com Theodore por causa disso.

— Seu pai deve ter te dado um cartão de crédito para emergência, não é? Isso é uma emergência. — Sebastian sorri e eu não entendo a palpitação que sinto de repente.

Preciso marcar um médico.

— Estou livre até a hora do jantar — digo a Sebastian e tento não ficar nervosa com a possibilidade de ir fazer compras com ele.

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