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— OBRIGADA por ter vindo — digo ao garoto sentado no mesmo sofá que eu, a quase um metro de distância.

Estamos na sala de chá. Minha mãe chama assim, mas é quase igual a sala de estar, que é do lado desta, apenas duas portas separando. Ela costuma receber as amigas aqui de vez em quando para tomar chá. De fato, há um armário de madeira e vidro antigo, com com porcelana também antiga e bonita. Herança, é o que minha mãe diz quando eu pergunto por que ela não joga essa coisa horrorosa fora.

— Não precisa agradecer — Sebastian responde, sorrindo um pouco. Desvio o olhar para pasta na minha mão.

Eu quero saber o que aconteceu nesse último mês, mas ninguém parece saber, então liguei para ele e pedi que viesse aqui. É como se tudo tivesse girado em torno de nós dois, apenas.

Então estendo a pasta entre nós dois, entregando a ele.

— Quero que me explique isso — digo simplesmente. Vejo esses desenhos como atividades de Geometria que infelizmente eu não consigo entender. Esse pensamento me pareceu familiar.

Sebastian abre a pasta, examinando os desenhos, um por um. Estudo seu rosto enquanto isso. As emoções que ele não esconde. Ele sorri de lado ao ver seu desenho, mas seus olhos castanhos brilham com um desenho que me faz corar toda vez que olho. Nós dois em uma picape e o céu estrelado acima de nós. Foi difícil para mim querer encará-lo sabendo o que andamos fazendo. O que fiz com ele, quando nem mesmo com meu namorado eu consegui.

— O que você quer que eu explique? — Ele tira os olhos desse último desenho, me encarando. Seu olhar está diferente de antes, de quando ele implicava comigo e eu o ignorava. Agora ele me olha com carinho. Eu desvio de novo.

— O que aconteceu entre nós... Como aconteceu... Como pude ter isso com você quando estava com Theo...

— Você e Hendriks terminaram. Ele mentiu para você. — O carinho dá lugar à raiva e eu enrijeço. — Ele não contou?

— Ainda não nos vimos. — Ele não se deu o trabalho de vir aqui.

— Ele, aparentemente, traiu você com Kendall e mentiu sobre isso. Theodore Hendriks não é tão santinho quanto imagina. — Sim, muita raiva brilha nos olhos de Sebastian agora.

— Então o quê? Para me vingar eu usei você? — Meu tom é afiado. Não acredito que Theo me traiu. Não acredito que ele me traiu com a Kendall.

— Não. Você nunca me usou. — Sebastian volta os olhos para os desenhos. — Você gosta de mim.

— Gostava — corrijo rapidamente. Sebastian fecha os olhos, como se essa verdade doesse. — Nós nos conhecemos há anos, como isso só veio acontecer agora, se não foi para atingir Theo?

— Foi por ele. Pelo menos no início, mas depois... — Ele suspira, curvando-se sobre o joelho e se apoiando nos cotovelos.

— Depois o quê? Por que tantos rodeios?! — Me irrito, mesmo sabendo que não posso.

— Desculpe se preciso me acostumar com o fato de que a garota por quem sou apaixonado, se esqueceu do que nós vivemos.

Eu pisco. Ele é apaixonado por mim. Sebastian Blackwood é apaixonado por mim.

— Quer saber o que aconteceu? Tudo bem.

Então ele conta. Conta sobre como fiquei ao descobrir sobre a traição; que fui a uma festa e fiquei bêbada a ponto de ele precisar me levar para um quarto e isso foi quando eu contei a ele tudo o que estava sentindo. Chorei em seu ombro e ele enxugou minhas lágrimas. Sebastian conta sobre nosso acordo e ele me ajudar a reconquistar Theo; sobre sairmos para fazer compras como melhores amigos. Ele conta que nós nos beijamos, segundo ele não foi nada mais que um teste, que eu queria aprender a beijar melhor. Conta como ficamos amigos acima de tudo e ele até mesmo me ajudou a andar de bicicleta. Mas foi o que ele disse depois disso que me paralisou completamente. Eu havia contado a ele sobre o que aconteceu há dois anos naquele quarto. Eu pedi que ele me ajudasse a superar aquele trauma. Sebastian contou, então, que fui à sua casa, que quase chegamos lá. Me contou sobre o que aconteceu depois disso; sobre Ethan. Eu pedi que ele entrasse em meu quarto; que eu o deixei entrar. Contou sobre o Halloween e a briga e discussão que tive com Theo e depois disso. E a nossa primeira vez. Tecnicamente, minha primeira vez.

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora