24°

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MAX abre e fecha a boca várias vezes e eu já me preparo para todas as suas baboseiras, mas ele não fala nada. Simplesmente nos encara, surpreso.

— Max... — tento começar, mas ele balança a cabeça e eu me calo quando ele olha diretamente para Sebastian.

— O que quer que tenha feito... Obrigado. — os olhos de Max brilham com a luz do quarto. Estou delirando ou seus olhos estão marejados?

Quando lhe encaramos confusos, ele diz quase as mesmas palavras de Sebastian:

— Ela deixou você entrar. — então meu irmão sai.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até Sebastian suspirar de alívio e eu também. Esperava tudo, menos isso. Talvez eu não tivesse enxergado o quanto excluir meu irmão o afetava.

~•~

Mais tarde estou sentada no sofá embaixo da janela, de pijama, com meu caderno de desenho em mãos. Quando os garotos foram embora, eu já estava dormindo no sofá, quase babando em Turner, antes de ele gentilmente me acomodar nas almofadas. Lembro vagamente de cada um dos garotos beijarem meu cabelo, inclusive Sebastian e Ethan. Ainda não sei o que fazer em relação ao último, mas não posso deixá-lo criar ilusões.

Ainda tem o fato do meu irmão assombrar todos os garotos para ficarem longe de mim. Parece que só Sebastian teve coragem o suficiente ou eu sou muito insistente.

Suspiro alto, terminando o desenho de um girassol. Memorizei ele hoje mais cedo quando fui à estufa e aqui está. Ainda preciso colorir e quando pego o estojo, alguém bate na porta. Como está aberta, vejo Max esperando. Falando nele.

— Posso entrar ou só o Sebastian tem esse privilégio? — seu sorriso é hesitante, mas somos gêmeos, então vejo a expectativa através disso.

Max nunca insistiu com minha decisão de não deixar ninguém além de Laura entrar. Houve noites em que ele ficou sentado do lado de fora, naquela maldita linha, apenas para me fazer companhia.

Então eu digo para o meu irmão:

— Pode entrar, Maximilian.

Ele não reclama por eu chamá-lo pelo nome de batismo.

Max fica parado por alguns segundos, encarando aquela linha, mas finalmente entra, olhando em volta como Sebastian. Volto meu foco para o estojo, na dúvida entre os vários lápis de tons amarelo.

Encolho os pés quando meu irmão se senta no sofá e fica em silêncio por pelo menos dois minutos. Deixo ele absorver as mudanças que meu quarto sofreu. Ainda não me esqueci de como seus olhos ficaram marejados. Nunca vi Maximilian chorar.

— Hoje mais cedo na escola — começo, rezando mentalmente para não começarmos com uma briga. — fiquei sabendo que você anda dizendo para todos os garotos que eles não podem ficar com sua irmã. Achei que só eu decidia isso.

— Quem lhe contou?

— Então é mesmo verdade? — Não que eu esteja duvidando de Sebastian.

— Estou tentando protegê-la. — Odeio quando ele diz isso.

— Não, Max. Você está tentando controlar minha vida. — Um nó se forma em minha garganta. — Não transforme sua proteção de irmão em obsessão.

— Não é obsessão...

— É sim e está me sufocando! — minha voz se eleva. — Se quer continuar fazendo parte da minha vida, pare de tentar controlá-la.

Sou firme em cada palavra que digo. Max e eu nos encaramos, mas não dura nem dez segundos e ele desvia. Bom.

— Prometa que vai parar com isso — peço a ele. Não quero começar uma briga de verdade se ele se recusar.

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora