Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ

50°

SABIA exatamente onde estava quando acordei. Lembro de tudo o que aconteceu. Sei exatamente o que eu fiz. Não me arrependo de nada, entretanto.

Estou acordada há alguns minutos e vi o sol nascer. Sebastian está dormindo. No meu colo. Quando acordei, estávamos de conchinha. Eu me sentei e ele agarrou minha cintura, pondo a cabeça em meu colo e está assim ainda.

Ontem (de madrugada na verdade), depois de minutos ou talvez horas, eu saí de seu colo e lhe desamarrei. Enquanto ele se limpava, eu fui me deitar, nada arrependida. Peguei no sono rápido e em algum momento, ele me vestiu com uma camisa sua e me enrolou. Mais tarde eu acordei  e ele estava deitado no chão.

— Sebastian? — Toquei seu rosto, ainda na cama. Ele franziu as sobrancelhas e depois abriu os olhos. — O que está fazendo aí?

— Dormindo — a voz dele estava rouca, como sempre quando ele acorda.

— Durma comigo... uma última vez. — eu quase chorei proferindo aquelas palavras, mas ele não hesitou ao ficar de pé. Dei espaço para ele e Sebastian se deitou de frente para mim.

Lhe encarei por mais alguns segundos até não conseguir mais ver a dor em seus olhos que deveriam ser reflexo dos meus, então virei, colando minhas costas em seu corpo, não para provocá-lo, apenas para dormir. Ele passou o braço por minha cintura, me puxando para mais perto e assim nós dormimos.

Assim eu acordei.

Ele achou que eu estava muito bêbada e me arrependeria de tudo quando acordasse, mas não me arrependo. Estava bêbada, sim, mas consciente dos meus atos. Sei que se ele não estivesse amarrado, não teria me deixado continuar, mesmo ele querendo muito. Nós dois queríamos. Foi uma despedida e ele sabia e suas lágrimas... Foram verdadeiras. Agora eu entendo.

Sim, Sebastian me ama e tudo que vivemos não foi uma mentira ou uma armação, mas ele me traiu. Isso é um fato.

Sebastian mexe a cabeça em meu colo, enquanto eu passo a mão entre seus cabelos. Ele ergue o rosto, reconhecendo minha presença.

— Oi — murmuro. Ele senta na cama, esfregando o rosto.

— Que horas são? — sua voz é rouca e baixa, como há algumas horas.

— Sempre pergunta isso quando acorda. — Abraço meus joelhos, apoiando o queixo entre eles.

— Eu sempre acordo confuso. Posso achar que o dia é noite e noite é dia, se não souber a hora. — Ele dá de ombros e eu dou uma risada fraca.

Nós ficamos em silêncio por um tempo, o sol subindo cada vez mais e iluminando o cômodo.

— Você... se lembra de tudo? — Sebastian me pergunta. Será que ele preferia que eu dissesse não?

— Sim — não digo mais que isso. Não há o que dizer.

Mais minutos até eu resolver me mexer.

— Preciso ir para casa. — fico de pé e lembro da primeira vez que dormimos juntos e eu acordei, caindo no chão de tão assustada.

— Eu te levo. — Sebastian também levanta e nós começamos a nos arrumar em silêncio.

Tiro sua camisa e começo a vestir minhas roupas, percebendo que tem cheiro de cerveja e vodka. Não me arrisco a me olhar no espelho e ver como estou acabada, então prendo meu cabelo em um coque e espero Sebastian terminar de se arrumar.

Enquanto o observo, volto a pensar no que aconteceu horas atrás. Eu nunca tinha lhe  visto chorar, até ontem. Foi diferente de tudo que já tínhamos feito. Não porque ele estava amarrado e eu meio alcoolizada, mas porque nós transamos e choramos e expomos nossos sentimentos de forma nua e crua. Eu disse a ele que esquecesse o que aconteceu entre nós dois depois que a noite passasse e ele está fazendo isso. Não sei se o fato de ele não insistir mais em nós, deveria doer tanto, afinal, eu pedi que ele esquecesse.

Uma vez eu disse a ele que o quer que acontecesse, o que sentia por ele nunca ia mudar. Eu não menti, pois ainda o amo, mas não consigo suportar a ideia voltar com ele, sabendo que me traiu. Traição não tem perdão. Não para mim e eu deixei isso claro. Então por mais que eu tenha lhe perdoado e ainda o ame muito, não vou me submeter a isso.

— Vamos? — Sua voz me tira dos meus devaneios.

— Vamos.

A casa está uma bagunça, com copos plásticos e garrafas por todo canto. Sebastian para na sala, onde um adolescente está dormindo no sofá. Arregalos os olhos quando ele dá um tapa no garoto.

— O quêêêê? — é a resposta dele, a voz arrastada.

— Eu vou sair e quando voltar quero essa porra toda limpa. Você me ouviu? — seu tom é sério e por um momento eu imagino que ele seria um pai bem durão... Ou não, já que ele também é fofo. Eu nunca vou saber.

— Você não manda em mim, seu idiota.

Não entendo quando Sebastian vai para trás do sofá, mas tapo a boca quando ele levanta o móvel, fazendo o garoto cair no chão.

— MAS QUE PORRA! — Quando ele senta, eu percebo que é Michel Blackwood, irmão de Sebastian. Eles se parecem um pouco, apesar de Michel ter cabelo escuro.

— Agora vá arrumar essa bagunça!

Michel não protesta ao ficar de pé e ir fazer o que seu irmão mandou.

Sebastian e eu seguimos para fora da casa, onde não há mais carros fazendo fila, apenas uma picape. A picape. Um sorriso involuntário forma em meus lábios, ao mesmo tempo que sinto um vazio no peito.

Mas eu ignoro ambos e seguimos para minha casa.

~•~

Não demorou muito para chegar e o caminho foi silencioso também, apesar de eu notar seus olhares lançados para mim. Eu não olhei de volta. Doeria mais se fizesse.

Mas quando chegamos, eu me obrigo a encará-lo. Seus olhos castanhos me partem.

— Não é um adeus — eu também me obrigo a dizer, mesmo quando sinto o nó na garganta. — Vamos nos ver na escola e você ainda vai vir sempre aqui.

— Não será a mesma coisa e você sabe. — ele responde baixinho, seus olhos ficando marejados.

— Sebastian...

— Tudo bem. Eu errei, vou arcar com isso. Mas não significa que é fácil, que não dói — seus lábios estão trêmulos e ele respira fundo, fechando os olhos por um segundo e quando os abre de novo, lágrimas rolam por seu rosto. — Só não esqueça que eu amo você.

— Eu sei. — dou um sorriso triste a ele, então saio do carro.

~•~
Eu tô de coração partido 😭💔

(O livro ainda NÃO acabou, mas talvez eu demore de novo para atualizar)

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2bjs môres ♥