Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ

31°

Ela está dormindo e é linda.

Eu sempre a achei linda, nunca disse, claro, mas observei como ela foi se tornando mais linda a cada dia, me fazendo achar que estava louco por estar olhando a irmã do meu amigo com outros olhos.

Quando ela me contou o que fizeram com ela... Eu quis matar o desgraçado. Quero ainda. Se um dia eu o encontrar, vou fazê-lo se arrepender por cada momento que esteve com ela. A dor nos olhos dela... Quase não suportei olhá-la, olhar o que fizeram. Mas ela precisava saber que tinha a mim. Que pode confiar em mim. Então ela me pediu isso. Sexo. A garota que cresci junto e vi se tornar mulher, queria transar comigo. Em outra situação um sim seria automático, mas tudo o que eu conseguia pensar é que essa garota linda e cheia de luz teve sua virgindade tirada e além de se sentir culpada, sofre por não conseguir ter relações com seu namorado — ex-namorado agora. Eu aceitei ajudá-la, porque não aguentei o seu olhar e tive medo de ela pedir isso a outra pessoa. E quando ela disse "eu quero você"... Não sei se ela tinha consciência do que estava dizendo. Que foram as palavras que eu quis ouvir desde quando percebi que gostava dela.

Não foi só sexo o que fizemos na noite passada. Não, eu já estive com garotas de mais para saber que aquilo foi além de tudo que já experimentei... Nós fizemos amor.

Ontem eu quase disse a ela. As palavras quase me escapuliram e eu sei que dizer essas simples três palavras a ela vai aterrorizá-la e até afastá-la de mim na pior das hipóteses. E eu não menti para ela quando disse que não posso mais ficar longe, porquê eu não posso. Não sentindo por ela o que sinto agora. Não depois do que fizemos; do que ela me fez sentir.

Eu estou apaixonado por Madelaine Price e não tenho vergonha alguma de admitir, mas não posso contar a ela. Madelaine odeia ser pressionada e saber o que sinto pode fazê-la se sentir obrigada a sentir o mesmo. Vi como ficou desesperada quando Hendriks confessou seus sentimentos e eu não quero vê-la se sentir assim de novo, então vou me contentar a ser o que ela precisa no momento: uma distração. Alguém que a faça esquecer seus problemas e quem ela não deve sentir nada.

Contanto que ela se sinta segura comigo, não me importo de bancar o amigo-que-é-um-pouco-mais-que-amigo. Percebi ontem que faria tudo por ela, até mesmo esconder meus sentimentos quando quero gritar para todos o que sinto, apenas para fazê-la se sentir bem.

Só espero que não seja tarde demais quando ela perceber.

~•~

É a segunda vez que durmo em um carro, mas foi a primeira vez que fiz outra coisa. As estrelas se foram, dando lugar aos primeiros raios de sol da manhã. Dormimos de conchinha, com Sebastian fazendo carinho em minha barriga e sua respiração sussurrando em meu pescoço. Ainda posso sentir o toque dele. Não na barriga, mas...

Abro os olhos. Olhos castanhos e um sorriso preguiçoso me observam. Sua mão está acariciando meu rosto, traçando linhas imaginárias, como se quisesse gravar cada traço meu.

— Linda. — Sua voz é rouca, como ontem a noite quando gemeu meu nome várias e várias vezes.

— Lindo. — Meu rosto cora, mas é verdade: ele é lindo, ainda mais assim, nas primeiras horas do dia.

— Precisamos ir para escola. — Ele não parece gostar muito dessa ideia, nem eu. Deito de barriga para cima, observando o céu cinzento. Antes de ir para escola, eu preciso passar em casa e só de pensar em encarar Max...