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FOI exatamente como aquele dia. Max cuidou de mim, como ele sempre fez, eu confesso, mas nem mesmo assim foi capaz de diminuir a dor em meu peito. Não falamos sobre isso ainda. Meu irmão não me forçou a falar ou me perguntou porque me tranquei no closet e eu também não saberia responder a isso. Eu apenas queria ficar sozinha e escondida, mas quase morri sufocada de novo.

Ele estava aqui quando acordei. Sebastian teve a audácia de vir aqui, em meu quarto, depois de tudo. Eu vi o soco que Max deu nele e foi merecido.

— Cuidado para não se queimar. — Meu irmão me entrega uma xícara com chocolate quente.

Eu tomei banho, tirei aquela vestido ridículo e limpei meu rosto. Não quero saber se Max conseguiu ouvir meu choro. Agora estou na cama, coberta, fungando e bebendo chocolate quente.

— Obrigada. — Sabendo que está mesmo quente, não bebo de imediato.

Max senta ao meu lado na cama, agora já sem blazer, gravata borboleta e sapatos. Está encarando a mão que socou Sebastian. Não parece doer e não acho que esteja. Foi apenas um soco.

— Você estava certo — eu digo a ele. Seus olhos castanhos iguais aos meus, me encaram. Eu desvio. — Kendall e Sebastian... é verdade.

— Ele te contou?

Não. Ele mentiu para mim, me enganou e depois eu peguei os dois no flagra.

— Eu vi. — e eu nunca achei que fosse dizer isso, mas agora seria um bom momento para perder a memória.

Conto a Max tudo o que aconteceu. A forma prática, é claro. Que fui até a casa de Sebastian e encontrei ele abraçado com Kendall, depois do que deve ter sido uma boa foda. Mas não conto a ele como me senti, o buraco que aquela cena abriu em meu peito e está doendo até agora.

No fim, meu irmão está com o maxilar tenso e aquele olhar assassino de irmão mais velho.

— Filho de uma puta — ele deixa escapar e eu franzo as sobrancelhas.

— Na verdade a mãe dele é uma pessoa bem legal. — mesmo não querendo, lembro de Susan. Pena que tudo isso...

Eu engasgo, queimando minha língua.

— Eu disse que estava quente. — Max pega a xícara da minha mão, colocando na cômoda. — Vou pegar água.

Mas eu mal noto quando ele sai do quarto, pois estou congelada no lugar.

Depois que perdi a memória, não encontrei Susan, sempre que ia para casa de Sebastian, ela estava no trabalho e os irmãos deles na escola e não teria como saber que sua mãe é uma boa pessoa, a não ser que...

Então tudo que esqueci, vem à tona de uma vez só e sou bombardeada por lembranças esquecidas. Isso seria bom em outro momento, mas agora só me faz sofrer mais ainda, pois mostra o quão apaixonada eu estava por ele e faz a dor da traição multiplicar mais ainda.

Lembro de como ele me acolheu na festa. Lembro de quando fizemos compras. O nosso primeiro beijo. Quando ele me ensinou a andar de bicicleta. Lembro de contar para ele o que aconteceu há dois anos e pedir que transasse comigo. Lembro de trazê-lo ao meu quarto. O baile, onde dançamos e ele sussurrou a música em meu ouvido e depois fomos para festa e ele fez milk shake para mim. Então aquela briga e a noite no carro... Lembro da nossa primeira vez, de fazermos amor sob o véu de estrelas... Lembro de cada momento com ele e isso está me matando.


~•~

Não sei quando Max chegou, mas ele me abraçou e me deixou chorar pelos minutos que passaram ou foram horas? Eu não lembro. Adormeci e quando acordei, ele já tinha ido para o seu quarto.

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora