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O canto dos pássaros foi o que mais senti falta. Faz um tempo que não venho a casa de campo dos Hendriks. Víamos sempre na Primavera, é meio que uma tradição. Entretanto estamos aqui no fim do outono.

Meus pais não se importaram de me deixar vir para cá. Minha mãe disse que seria uma boa ideia e meu pai mandou eu ligar se algo desse errado ou eu quisesse ir embora. E Max... Max conversou com Theo em particular quando ele foi me buscar. Quando perguntei sobre o que conversaram, meu irmão disse que era coisa de cunhados.

— Ah, querida, estou tão feliz que está aqui! — Deise, mãe de Theo e melhor amiga de minha mãe, diz. Estamos na sala da propriedade. A casa é basicamente feita de carvalho que é mais antigo que meus pais. Talvez avós.

— Eu também, Deise. — Sorrio para ela. Diferente de Theo, não me dirijo aos seus pais com formalidade.

— Sabe, Theo estava meio triste nos últimos dias... Tive medo que vocês terminassem. Fazem um casal tão lindo! — O sorriso dela é deslumbrante e me sinto um pouco culpada por causar a tristeza do seu filho.

— Casais têm problemas, você mesma sabe, mas logo tudo vai ficar bem. — Garanto a ela, tentando eu mesma acreditar nessas palavras.

— Ah, eu sei mesmo! — Há algo de amargo em suas palavras, mas deixo para lá. Provavelmente foi apenas impressão.

Theo se parece pouco com a mãe. Ela é negra, baixinha com cabelo black power de cor castanho claro, como seus olhos. Theo parece mais com o pai que também é negro, mas os olhos e cabelo são escuros, como os do filho.

— Sobre o que as moças estão conversando? — f
Falando nele... Theo dá um beijo no rosto da mãe, antes de sentar no braço do sofá.

— Coisa de garotas, querido. Onde está seu pai?

— Cortando lenha.

— Vou ajudá-lo! E você pode ajudar a Madelaine. A janela do quarto dela está emperrada.

Theo e eu nos encaramos, tentando não rir com a pressa que sua mãe sai da sala, sem ao menos disfarçar que quer nos deixar sozinhos.

— Nossos pais deviam aprender a disfarçar melhor — digo a ele. Theo ri e admito que senti falta disso.

— Vamos ver essa janela.

Ele é bonito. Ombros largos, abdômen sarado, alto... Pisco e desvio do garoto sem camisa no quarto. Ele a tirou para poder consertar a janela que abri quando cheguei e se recusou a fechar depois.

— Acho que consegui. — Theo diz e segundos depois ouço um CRACK e a janela desce.

— Obrigada — digo a ele quando se vira para mim, a luz do fim de tarde entrando pela janela, iluminando-o como se ele fosse um Deus grego.

Eu nunca fui impulsiva. Ou tento não ser, pôr odiar isso, mas vendo Theo aqui, tão... Pronto. Não penso duas vezes antes de cruzar o quarto e envolver seu rosto com as mãos, beijando-lhe na boca.

Os lábios de Theo são quentes e familiares, então eles se entreabrem para mim e posso explorar sua boca com todo o desejo que venho sentindo. Seus braços passam ao redor da minha cintura e fico ainda mais encorajada, porque a possibilidade de ele me afastar e dizer para começar do zero é grande.

Não sei como, mas vamos parar na cama, com Theodore em cima de mim, ficando entre minhas pernas, de modo que consigo sentir... Ah, meu Deus...

Paro o beijo, afastando-me dele e olhando para baixo. Fico vermelha ao ver o volume em sua calça. Theo ri e começa a beijar meu pescoço e eu passo as mãos por suas costas, aproveitando o momento.

Theo e eu nunca ficamos assim. Por motivos que não quero pensar agora, pois apenas o garoto sobre mim importa.

Seus lábios voltam aos meus enquanto suas mãos passeiam por meu corpo. Theo também nunca me tocou. Não desse jeito; faminto; exploratório... Tento ficar calma. Eu quis dar esse passo... Suas mãos agora entram por minha blusa...

— Theo... — Nos afastamos de novo, ofegantes. — Não acho... Eu...

— Eu sei. — ele apoia a testa entre meus seios, abraçando meu corpo. Frustrada comigo mesma, levo as mãos ao seu cabelo.

~•~

Deise cozinha tão bem quanto minha mãe e fez um ótimo jantar para nós. O pai de Theo é péssimo em contar piada, mas nos fez rir bastante essa noite, aliviando um pouco da tensão em mim. Não falei com Theo nas horas depois do que aconteceu.

Em três anos de namoro, foi a primeira vez que nos beijamos daquele jeito. Já havíamos tentado... Tentando ir mais longe, mas sempre com delicadeza. Nunca ultrapassamos o limite, por minha causa. Theo quer. Eu sei disso e vejo em seus olhos, mas eu não consigo...

Paro na frente do quarto de Theo e bato na porta. Precisamos conversar. Não apenas sobre hoje mais cedo, mas sobre tudo também.

A porta é aberta. Theodore me olha surpreso.

— Podemos conversar? — Escondo as mãos nos bolsos traseiro da calça e sorrio um pouco.

— Entra.

Agradeço por ele não estar sem camisa.

Seu quarto está mal iluminado e não perco tempo olhando para os detalhes quando sei que é apenas um quarto comum com uma cama comum e uma estante comum e um guarda-roupa comum... Estou nervosa! Por quê estou nervosa?

— Sobre hoje mais cedo... — começo, mas Theodore puxa minhas mãos e eu encaro seus olhos.

— Não precisa explicar. — Então ele beija minhas mãos e depois me envolve com um abraço.

Seu cheiro é tão familiar para mim que estar em seus braços é como estar em casa. Theo é parte de mim e às vezes me pergunto se eu o amo. Mas se eu o amasse, teria dúvida?

— Posso dormir com você? — Ergo os olhos para encará-lo e Theo sorri.

— É claro que pode, meu amor.

Meu peito aquece ao ouvi-lo me chamar assim depois de tanto tempo.

Deitamos na cama, eu de costas para ele com seus braços me envolvendo de novo. Um pouco provocativo, confesso.

— Senti sua falta esses dias — Theo está dizendo, seus lábios roçando em minha orelha.

— Também senti a sua — sussurro para ele, enquanto entrelaço nossos dedos.

— Eu te amo, Made — essas palavras me fazem ficar tensa. Se ele me pressionar... — Não espero que diga o mesmo, apenas quero que saiba que eu a amo e vou esperar até quando estiver pronta. Vou estar sempre ao seu lado. Prometo.

~•~

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2bjs, môres♥

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora