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A escola foi horrível. Maximilian não olhou na minha cara e nem eu na dele. Suas palavras ainda estão aqui, me lembrando o quanto eu sou egoísta e horrível. Sim, talvez Kendall seja mesmo melhor do que eu. Ela com certeza não magoou seu melhor amigo e namorado. E depois para completar, fez o mesmo com seu irmão.

Eu sou uma vadia egoísta.

Estou no escritório de advocacia do meu pai agora, fazendo cópias e servindo café. Geralmente eu gosto de fazer isso e às vezes meu pai até deixa eu assistir alguma reunião, mas hoje eu só queria ir para casa e me enfiar debaixo das cobertas.

Estou desconcentrada e quase nunca me desconcentro. Tudo bem que para servir café e mexer em uma impressora não precisa estar tão alerta, mas além da questão Kendall, ainda tem o Sebastian. Horas atrás eu estava com ele, fazendo amor e queria dar tudo a ele, cada parte minha. Mas então meu irmão disse aquilo: "Sebastian não é quem você pensa". O que ele quis dizer com isso? Será que estive errada sobre Sebastian esse tempo todo? Estava tão perdida em meu próprio mundo, sendo egoísta, e não percebi o que estava bem debaixo do meu nariz?

Suspiro alto, pegando os últimos papéis impressos e indo entregar ao meu pai. Não bato na porta, está aberta.

— As cópias dos documentos que pediu... — Deixo em cima da mesa dele, uma pilha perfeita.

— Obrigado. — Meu pai não me olha. De todos, ele sempre me deu mais espaço, me ajudou a superar a claustrofobia... Mas vê-lo se recusar a olhar para mim é como um tapa na minha cara.

— Está chateado comigo, não é? — minha voz vacila.

— Por que eu estaria? — Seus olhos permanecem nos papéis.

— Me desculpe, pai. Eu não queria deixar vocês preocupados...

— Mas deixou, Madelaine. — Valentin, meu pai, suspira e finalmente me encara. A decepção é nítida. — Somos ótimos pais para você e seu irmão, não somos?

— Sim. — Meu pai quase nunca me dá bronca. Talvez porque eu nunca faço algo que mereça e agora ouvindo...

— Não impedimos vocês de saírem e terem suas próprias vidas e relacionamentos. Mas sua mãe está certa, você está abusando disso. Nós confiamos em você, Madelaine, e o que está fazendo com essa confiança? — Abaixo os olhos, incapaz de ver a decepção crescente. — Sei que tem seus problemas e que não vai contar para nós, mas ainda somos seus pais e se nossa filha começa a passar noites fora de casa, nós ficamos preocupados.

— Foram só três vezes...

— Eu não acabei.

— Desculpe.

— Não quero que seja uma filha perfeita. Ou seu irmão seja um filho perfeito, queremos apenas que vocês não esqueçam que somos pais de vocês e nos preocupamos muito com o que acontece nas suas vidas. Então não faça mais isso, está bem? Pode sair com seus amigos e ir para festinhas, mas avise. Não deixe sua mãe daquele jeito de novo.

— Não vou fazer mais. Prometo... Desculpe de novo. — Eu só sei pedir desculpas, mas o que mais posso fazer quando ele está certo?

— Peça desculpas a sua mãe. Ela está em casa agora. Por que não conversa com ela?

— Tudo bem — consigo repetir quando um nó se forma em minha garganta.

— Pode usar meu carro. — Meu pai fica de pé e me entrega a chave do carro. — Não fique chateada. Só queremos o melhor para vocês.

— Eu sei... Tchau, pai. — Dou as costas a ele antes que veja meus olhos marejados.

Acabei de levar uma bronca do meu pai. Eu o decepcionei e ele me deu uma bronca, como pais normais fazem quando seus filhos os decepcionam. Mas eu nunca o havia decepcionado ou a minha mãe. E não sei como lidar com isso agora, além das lágrimas que escorrem por minhas bochechas. Mimada e sensível, com certeza.

Gᴀʀᴏᴛᴀ Mɪᴍᴀᴅᴀ-Sᴀɴ Fʀᴀɴᴄɪsᴄᴏ||Vᴏʟ2 Dᴀ Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Gᴀʀᴏᴛᴀ MɪᴍᴀᴅᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora