Capítulo Vinte e Seis

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Com o início do pôr do Sol no horizonte, uma pequena comitiva composta por mim, Roberta, Rodrick, a família real, Karim, Tyrian e mais dois guardas, adentrou a floresta por uma trilha escondida, fazendo-nos caminhar por alguns minutos até chegar a uma clareira.

Pintado na grama aos nossos pés havia um grande círculo, cheio de símbolos dourados, que refletiam a luz alaranjada do fim de tarde.

― Façam uma roda e deem as mãos por favor, não quero deixar ninguém pra trás. ― disse Karim, estendendo as mãos para que as segurássemos.

O grupo de dez pessoas começou a se movimentar, este que seria maior se o duque não tivesse se recusado a vir devido, em suas palavras, "ao grande trauma causado pelo ataque da fera monstruosa".

― O que vai acontecer? ― perguntei, enquanto dava a mão para minha amiga, que segurava a de Stella.

― Karim irá nos teletransportar até a Barreira. ― explicou a rainha ― Uma viagem de carruagem demoraria muito e chamaria atenção demais para o que estamos fazendo.

― Mas isso é realmente necessário? ― perguntou o príncipe, torcendo a boca enquanto segurava a mão do pai e a de um guarda com relutância ― Não que eu esteja duvidando das capacidade de Karim, mas teletransportar um grupo tão grande ao mesmo tempo não é um tanto perigoso?

― Não se preocupe meu bem, ― sorriu o bruxo, segurando a mão do marido ― vou tentar não deixar partes suas pelo caminho.

Várias risadas circularam pelo grupo enquanto Erick continuava com a cara emburrada. Ele soltou um suspiro, rendido, tendo que aceitar aquele duvidoso meio de transporte como todo mundo.

Estendi a mão livre para a pessoa ao meu lado, mas ela não a segurou. Rodrick ainda se encontrava fora do círculo, encarando, relutante, as mãos estendidas para ele. A ação atraiu a atenção de Karim, que limpou a garganta, parecendo impaciente.

― Querido, se apresse por favor. ― disse para Rodrick, com os olhos prateados já faiscando magia ― Precisamos ir antes do pôr do Sol.

O garoto respirou fundo, se aproximando do resto do grupo. Ele levava um semblante sério no rosto, mas não consegui compreender o que ele significava. Estava com raiva? Com medo? Nervoso? Era impossível saber, principalmente depois que apertou forte a minha mão e fixou seu olhar para a frente, sem encarar ninguém em específico.

Estranhamente, notei que a mão dele era quente, e não fria como achei que seria.

Que irônico. ― pensei ― Alguém sempre tão frio sobre tudo, ter a pele tão quente.

― Todos prontos? ― perguntou o bruxo, cujas mãos já eram tomadas por uma fumaça esbranquiçada.

Os símbolos aos nossos pés brilharam com a manifestação da magia de Karim, ajudando a fumaça a se tornar cada vez mais espessa, tomando todo o círculo numa nuvem branca e prateada. Apertei a mão de minha amiga, nervosa, que retribuiu o gesto, logo antes de um forte puxão nos erguer no ar.

Meu corpo chacoalhou no mesmo lugar, numa velocidade de centenas de quilômetros por hora, fazendo a viagem de poucos segundos parecer uma eternidade. Flashes de luz branca tomavam minha visão, forçando-me a ficar de olhos fechados durante o percurso, apertando firme as mãos que me seguravam com medo de ser jogada para longe. Tão de repente quanto o puxão de antes, senti meu corpo ser empurrado para baixo, dobrando meus joelhos e me desequilibrando, fazendo com que eu soltasse as mãos que me davam apoio e caísse de bunda no chão.

Roberta havia conseguido continuar de pé, apesar de parecer estar tão tonta quanto eu. As outras pessoas do círculo simplesmente chacoalharam suas cabeças, retomando o foco da visão, parecendo estar bem acostumadas com aquele tipo de viagem, com exceção do príncipe Erick, que se apoiou num tronco de árvore, tentando não parecer tão desorientado quanto realmente estava.

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora