Após uma noite de sono desconfortável na floresta, seguimos na direção indicada pelo mapa, tomando cuidado para passar o mais longe possível de possíveis aldeias ou construções pelo caminho.
A mata densa do Lado das Trevas fazia com que fosse difícil ver o céu da manhã, que era parcialmente coberto pelas copas das árvores. O lado bom é que isso nos protegia do sol forte, e, o lado nem tão bom, é que a floresta se tornava um pouco mais sinistra pela grande quantidade de sombras.
Depois de perder o jogo de ontem de maneira humilhante (por conta de Rodrick e Roberta que formaram uma aliança para me derrubar), tive que carregar todas as três mochilas sozinha por mais ou menos duas horas, até que Rodrick decidisse que era, finalmente, hora de descansar um pouco.
― Até que enfim! ― exclamei, enquanto sentava em um tronco caído, jogando as bolsas no chão à minha frente ― Me lembrem de nunca mais jogar jogo nenhum com vocês dois.
― Nós te fizemos um favor, ― disse Roberta sentando-se na grama e abrindo uma garrafa d'água ― assim você pode exercitar esses bracinhos fracos!
― Ah, cala boca. ― e peguei a garrafa de sua mão, assim que terminou de beber ― Quanto tempo falta pra chegarmos na montanha?
― Nessa velocidade, uns três dias. ― respondeu Rodrick, enquanto analisava um dos mapas. Estendi a garrafa d'água para ele, que a aceitou prontamente ― É só seguirmos em linha reta para o Leste e evitar cidades que ficaremos bem.
― Quer dizer Oeste, né? ― disse Roberta, franzindo as sobrancelhas ― Tipo, o Sol nasce no Lado da Luz não é? Então lá que é o leste.
― Em Arret o Sol nasce no lado oposto ao da Terra. ― explicou o garoto ― Na Terra o sol nasce no leste e se põe no oeste, em Arret ele nasce no oeste e se põe no leste. Os pontos cardeais são iguais, só o planeta que segue um ciclo diferente.
― Então Arret gira ao contrário?? ― deduziu, chocada ― A gente tá tipo, viajando no tempo, é isso?
― Claro que não, que ideia ridícula.
― Ridículo é um planeta que gira ao contrário. ― rebateu.
― A gente nem sente o planeta girar, que diferença faz pra onde ele gira? ― falei, dando de ombros, enquanto bebia um pouco mais de água.
― Mas é cientificamente errado! ― insistiu a bruxa.
― Bem, foi Nadi que criou esse lugar, então pode reclamar com ela se algum dia a encontrar por aí. ― o garoto se levantou, arrumando os mapas de volta na mochila ― Vamos continuar, não podemos ficar num lugar só por muito tempo.
O encarei, incrédula, deixando o cansaço falar mais alto.
― Mas a gente acabou de sentar!
Rodrick simplesmente deu de ombros e começou a caminhar.
― Se quiser ficar parada aí sendo um alvo fácil pra algum bicho fique a vontade, eu vou continuar andando.
― Mas... ― assim que ele se afastou, um som alto ecoou pela floresta, como um rugido de algum animal, que não parecia estar tão distante assim. Agarrei minha mochila, com a preguiça subitamente deixando meu corpo ― Ok, já tô indo.
Nos levantamos e seguimos caminho pelas trilhas naturais da mata, tendo vez ou outra que cortar grandes folhas ou galhos que ficavam no caminho. Roberta ainda discutia com Rodrick sobre como Arret funcionava, o que já estava deixando o garoto irritado, pois, nas palavras dele, ele não era "Uma enciclopédia ambulante igual a Theophilus".
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A Escolhida da Luz
AdventureAnny é uma garota meio avoada que vive uma vida normal e sem muitas mudanças ou problemas, na verdade, as únicas coisas realmente peculiares em sua vida são seus olhos multicoloridos e o misterioso medalhão que sempre levava no pescoço. Ela achava...