Capítulo Trinta e Seis

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As pessoas já começavam a sair de suas casas, se preparando para aproveitar o dia sem notar a presença de três répteis gigantes sobrevoando a cidade.

Decidimos manter a maior altitude possível, para que ninguém achasse que aquilo era mais um ataque como o do dia do festival, e voamos rapidamente em direção ao castelo, que, além de ser nosso destino final, era onde tinha a menor possibilidade de cidadãos inocentes serem devorados pelo dragão faminto que me levava.

De cima, pude ver que a movimentação das tropas de Aurora estava diferente. Muitos soldados, mais até do que os presentes no dia do festival, patrulhavam as ruas e seguiam em direção a floresta, além de eu ter visto alguns entrando e saindo do Ginásio, carregando armas e outros equipamentos. Talvez por esse motivo os guardas do lado de fora dos muros do palácio não pareceram notar nossa presença, e, dentro dele, o amplo jardim da frente seria o lugar perfeito para um pouso controlado. Indiquei o caminho para Fafnir e ele o seguiu, sendo acompanhado pelos dois serpes, mergulhando céu abaixo de maneira rápida e silenciosa. Pouco antes de adentrar nos muros, os três ergueram suas asas novamente, desacelerando e suavizando sua descida, até planarem com uma delicadeza admirável entre as flores do palácio.

― O.k, fiquem aqui até nós voltarmos. Pode demorar um pouco. ― avisei, enquanto descia do dragão. Assim que pisei na grama verde me voltei para os répteis com o olhar mais sério que eu tinha, apontando com o dedo para os três e dando ênfase às minhas palavras ― E não devorem ninguém!

― Vamos tentar. ― respondeu Fafnir, e os serpes riram maliciosamente.

― Não vai ser complicado quando os guardas os virem aqui? ― Rodrick já havia descido de Daros e me seguiu enquanto eu me aproximava de Pyros, ajeitando sua espada no cinto, querendo mantê-la por perto.

― Ah, é só dizer que eles estão com a gente que deve ficar tudo bem. Eu acho. ― Roberta estava com dificuldade para descer do serpe vermelho, e ergui minhas mãos para dar algum apoio. Assim que tocou o chão ela teve de se segurar em mim para não cair, e então balançou a cabeça em confusão ― Amiga, tem certeza que consegue vir? Você parece meio fraca, e aquele feitiço foi muito...

Relaaxa! Eu to bem! ― ela tentou se soltar de mim e dar alguns passos, mas ficou tonta novamente e tropeçou nos próprios pés, sendo segurada por Rodrick dessa vez. Roberta se endireitou tão rápido quanto caiu, e balançou a cabeça novamente, tentando expulsar a vertigem e manter a pose ― Não precisa se preocupar comigo, tá tudo certo! Agora vamos lá dentro acabar com isso de uma vez. ― ela tomou a dianteira e começou a andar, nos liderando numa linha reta em direção às portas do palácio. Ao mesmo tempo, um guarda solitário passava pelas portas, provavelmente para começar sua patrulha. Ele nos encarou, confuso por um instante, até que pareceu nos reconhecer e arregalou os olhos em surpresa. Roberta sorriu para ele e disse, com a maior naturalidade ― Estaciona pra mim? ― e deu um tapinha em seu ombro logo antes de continuar andando.

O guarda a encarou com as sobrancelhas franzidas enquanto passávamos por ele e, quando já havíamos nos afastado, pudemos ouvir seu grito de espanto e surpresa ao se deparar com os três répteis gigantes no jardim da frente.

Com todos os guardas ocupados patrulhando Aurora por algum motivo desconhecido, o interior do palácio estava tão vazio quanto era de se esperar. Porém, vozes ávidas vinham por detrás das portas douradas da sala do trono, que se calaram assim que nós três as cruzamos, chamando a atenção de todos os que estavam presentes.

O rei e a rainha sentavam-se em seus tronos com o príncipe ao seu lado, e, ao redor deles, Karim, Tyrian e o Duque fechavam o círculo. Uma mesa que antes ficava no fundo do salão agora se encontrava bem no meio deles, cheia de papéis e mapas como no dia em que saímos em missão. No canto da sala, encostados na parede, notei a presença de dois guardas, que, por algum motivo, me pareciam familiares.

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora