Capítulo Trinta e Três

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Uma pontada forte me atingiu e caí de joelhos, grunhindo de dor e apertando o peito na altura do meu coração, querendo desesperadamente que aquilo parasse.

― Anny! ― Roberta se abaixou ao meu lado e me deu apoio, me ajudando a levantar e ir para longe da beirada da montanha. ― O que houve? Você tá bem?

― O medalhão... ― A dor veio mais uma vez, mais forte, fazendo minha voz falhar e meu corpo pesar em direção ao chão ― E-estão fazendo alguma coisa com ele...

Minha cabeça girava e a pressão em meu peito aumentava a cada segundo. Era como ter um ataque cardíaco, exceto por eu ter treze anos e nunca ter tido um ataque cardíaco.

Pude ouvir a Opala se comunicando comigo de novo, ecoando em minha mente assim como fez quando eu estava na floresta.

Venha! Perigo!

Venha!

RÁPIDO!

― A Opala já deve saber que estamos aqui fora, por isso está mandando esse sinal para Anny. ― disse Rodrick, enquanto ajudava Roberta a me colocar sentada numa rocha qualquer ― Acho melhor esperarmos um pouco até...

― Não, nós não vamos esperar! ― afirmei, me livrando das mãos que me seguravam e levantando com dificuldade, enquanto a dor em meu peito aos poucos se comprimia a um simples pulsar e eu forçava meus olhos em um ponto específico para não ficar tonta ― Aquele dragão deve estar fazendo coisas horríveis com o meu medalhão nesse exato momento, não vou ficar aqui sem fazer nada!

― Ah é? E o que você vai fazer? Entrar correndo com sua espada na mão e virar churrasquinho nos primeiros dez segundos? ― debochou o garoto, empurrando meu ombro para que eu sentasse de novo ― Precisamos de um plano. Não dá pra simplesmente invadir o covil de um dragão sem estratégia nenhuma.

― É, mas não dá pra fazer um plano sem saber o que está acontecendo lá dentro. ― afirmou Roberta, defendendo meu ponto ― A gente podia entrar de fininho, espiar Fafnir, descobrir o que ele tá fazendo com a Opala, e depois voltar e planejar um ataque.

Rodrick balançou a cabeça, ponderando a ideia por alguns segundos.

― Não é uma ideia tão ruim, mas precisamos ser bem discretos e, principalmente, silenciosos. Fafnir não pode nem desconfiar que estamos aqui.

― Relaxa, vai dar certo. ― insistiu minha amiga, num tom estranhamente confiante que parecia ser da boca pra fora ― A gente entra, olha, e volta pra cá. Simples.

― Vai ter que servir, é o único plano que temos mesmo. ― o garoto bufou e tirou sua espada da bainha, e balançou a cabeça em minha direção, antes de se virar para a entrada da caverna ― Anny fica aqui, eu e Roberta voltamos logo.

― Quê? ― o encarei, incrédula, tirando a mão do peito que já parava de doer ― Não mesmo, eu vou junto!

― Você tava passando mal e quase desmaiando a uns dois segundos atrás.

― Mas eu já melhorei! ― afirmei, me colocando de pé e forçando meu corpo a permanecer em equilíbrio ― Eu vou com vocês! É sobre o meu medalhão que estamos falando, não vou ficar aqui sem saber o que tá acontecendo.

― Exatamente por ser o seu medalhão que você tem que ficar. ― insistiu o garoto, parecendo preocupado ― E se ele mandar outro "sinal" pra você? E se você passar mal dentro da caverna?

― Isso não vai acontecer, eu já to bem!

― Anny...

Não! ― gritei, silenciando-o. Os sintomas do chamado do medalhão haviam desaparecido, deixando apenas um sentimento de raiva e determinação, com a vontade de recuperar a opala independente do risco pulsando em cada uma de minhas veias ― Eu vou entrar lá e descobrir o que está acontecendo. Eu agradeço a preocupação, mas eu preciso fazer isso. E vocês não vão me impedir.

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora