Capítulo Trinta e Sete - FINAL

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Desde sua fuga do palácio, Erick não foi mais visto no Lado da Luz.

Apesar do rei ter utilizado todas as tropas disponíveis em sua busca, o príncipe de Aurora havia simplesmente desaparecido no ar. Graças ao seu conhecimento de anos sobre cada entrada ou saída do castelo, ele partira para a floresta muito mais rápido do que esperávamos, e, mesmo com soldados procurando-o dia e noite, nenhum vestígio sobre seu paradeiro foi encontrado.

Em compensação, os guardas que o ajudaram a escapar foram presos e aguardam seu julgamento nas masmorras. Nash, que assim que foi rendido por Tyrian disse entre gritos ser leal somente ao príncipe, começou a confessar tudo rapidamente assim que foi posto em sua cela, revelando que ele e o outro guarda foram aqueles que acompanharam Erick até a caverna de Fafnir, roubando as armaduras dos soldados de Delphinia para ajudá-lo no disfarce.

Em busca de uma sentença menor, o garoto de cabelos cor de palha revelou tudo o que o general desejava saber, e até mesmo o que não desejava, como fatos sobre sua vida que não interessavam a ninguém, e que não fizeram Tyrian se compadecer do soldado traidor.

Toda a Aurora estava em choque pelo que havia acontecido. Muitas pessoas ainda não conseguiam acreditar que o príncipe que tanto admiravam havia se tornado um traidor, entre elas Lucile, que chorou por dias com a notícia de que o amor de sua vida havia se tornado mau.

Apesar disso, a cidade começou a voltar ao normal aos poucos. A música voltava a ser tocada nas ruas, as aulas do Ginásio e da Academia retornaram para todos os seus alunos, e os répteis, que pareciam querer continuar relaxando nos jardins do castelo para sempre, foram escoltados de volta para as Trevas por Karim e Tyrian.

― Foi bom fazer negócio com você garotinha. Quem sabe não trabalhamos juntos novamente? ― disse Fafnir, antes de seguir para a Barreira junto dos dois serpes.

Eu somente sorri e acenei para os três, os observando ir embora com seus baús de ouro que haviam ganho como pagamento por seus serviços, e torcendo mentalmente para nunca mais os ver de novo na vida.

Sobre as aulas do Ginásio, foi decidido que eu finalmente poderia começar a treinar junto dos outros recrutas, já que agora não era mais segredo pra ninguém o fato de eu ser a Escolhida de Nadi. O primeiro dia tinha sido o pior, não por conta do treinamento, mas pela multidão de pessoas presentes na porta do Ginásio, contendo desde estudantes até senhoras de idade, querendo saber como era ser uma "Escolhida''. Eles perguntavam se eu tinha poderes especiais, se era verdade que meu medalhão falava comigo, entre outras trezentas mil perguntas diferentes que não fazia ideia de como responder.

Por sorte eu havia sido salva por Tyrian e Roberta, que previram que isso poderia acontecer e resolveram me acompanhar naquele dia. Depois de algumas palavras firmes do general, e uma leve ameaça feita por minha amiga, o povo se dispersou e me deixou em paz pelo resto do dia. Mas, mesmo assim, a maneira que alguns cidadãos agiam e falavam comigo ficou completamente diferente, e muitos me tratavam como se eu fosse parte da realeza, o que me incomodava um pouco.

― Nunca achei que fosse ficar tão desconfortável sendo popular. ― falei para Roberta, assim que todos saíram.

― Pois pode ir se acostumando, a vida de menina excluída ficou na Terra. ― disse, rindo da minha cara de preocupação ― Se você achava que o bullying era difícil, se prepare, porque a bajulação é muito pior!

E ela estava certa. Eu não estava nem um pouco acostumada com aquele tipo de atenção, e provavelmente demoraria para eu me encaixar nessa nova realidade. Por isso, nesses primeiros dias de transição, Tyrian me permitia faltar ao treino se quisesse, para clarear a mente e me distanciar do assédio constante da população. E era isso o que eu estava fazendo agora, me escondendo em uma das salas do palácio enquanto me perdia em pensamentos.

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora