Capítulo Vinte e Cinco

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― DRAGÃO!

A grande bola de fogo atingiu o chão à nossa frente, causando um impulso que empurrou a mim e ao rei em direção aos tronos no fundo do palco. Bati a cabeça em uma das cadeiras e vi tudo girar ao meu redor, antes de ser erguida pelo braço por alguém ao meu lado.

— Acionem o alarme!! — gritou o príncipe, enquanto tentava me fazer ficar de pé — Quero todos os soldados em posição, estamos sob ataque!

Pisquei algumas vezes, tentando recobrar o foco da visão enquanto me apoiava em um dos tronos. Apesar de não estar perto de mim, o fogo que se espalhava era quente, e, atrás dele, centenas de pessoas gritavam e corriam em desespero.

O povo de Aurora estava aterrorizado. Várias pessoas se apressavam para chegar até a entrada da cidade, amontoando-se umas nas outras para tentar fugir da exposição do céu aberto, enquanto outras corriam em círculos, desesperadas, buscando algum parente ou colega perdido na multidão.

O choro das crianças se misturava ao rugido do grande dragão de escamas douradas, que sobrevoava o campo se preparando para atacar novamente.

— Anny! — Roberta surgiu ao meu lado e me segurou pela mão, arrastando-me para fora do palco — Vem, precisamos sair daqui!

Desci a escada aos tropeços enquanto tentava acompanhar o passo da minha amiga. Olhei ao redor, ainda um pouco zonza e com a cabeça latejando, procurando por rostos conhecidos.

Maria, Kay, Julian e Juan ajudavam os feridos guiando-os até algumas carruagens que estavam estacionadas depois das barracas, carregando os que não conseguiam andar ou eram jovens demais para correr tão rápido. As bruxas também ajudavam, usando sua magia para tentar apagar o fogo que continuava a se espalhar pelo gramado.

Mais a frente, pude ver o príncipe Erick liderando os soldados para atacar a fera, que continuava cuspindo fogo e destruindo tudo que via.

— É POR ISSO QUE EU NÃO SAIO DE CASA!!! — esperneou Theophilus, passando por nós desesperado, enquanto corria em direção a cidade.

— Meninas! Venham aqui!

Nos viramos em direção à voz e vimos Karim acenando detrás de uma das barracas de comida. Nos apressamos em sua direção, e, como minha cabeça já estava latejando menos, não precisei olhar duas vezes para reconhecer todos que estavam ali.

Escondidos atrás da barraca estavam o rei, a rainha, e o Duque com seus dois guardas pessoais, além de Tyrian e Karim, que protegiam o grupo, observando o ataque pelos cantos. O rei Arthur tinha um pequeno corte na testa, que estava sendo tratado pela rainha ao seu lado, e tentava levantar a perna esquerda sem sucesso.

— Rápido, se abaixem! — alertou Tyrian, e obedecemos no mesmo instante — Vocês estão bem? Estão feridas?

— Eu só bati a cabeça, mas estou bem. — respondi, e Roberta indicou que estava bem também.

— Por que elas estão aqui?? — disse o Duque, com as bochechas vermelhas de irritação e respiração ofegante, que se intensificava a cada grito ou som de ataque ao redor. Ele se apoiava nos dois guardas de armadura azul, que pareciam tão assustados quanto ele, como se sua vida dependesse disso — Vão comprometer nosso esconderijo!

— É melhor calar essa boca senão eu mesma te transformo em isca de dragão! — rebateu a rainha, fulminando o homem com o olhar e o fazendo baixar a cabeça no mesmo instante.

Arrisquei olhar sobre o balcão de madeira, assim como Karim e Tyrian estavam fazendo, e espiei o rastro de destruição que o dragão deixava no que a alguns minutos antes fora o festival.

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora