Nos dirigimos para o Salão do Conselho acompanhadas de outros dois guardas que se juntaram a nós durante o caminho. Eu poderia ter reparado nas luminárias de cristal, ou até admirar as estátuas que enfeitavam os corredores, se minha mente não estivesse tão turbulenta como estava agora.
Senti uma mão familiar em meu ombro enquanto seguíamos a escolta.
— Ei, você está bem? - perguntou Roberta.
Eu não estava nada bem.
Não conseguia parar de pensar em toda a loucura que estava acontecendo. Eu tinha descoberto que era órfã, a escolhida para cumprir uma profecia onde eu teria que salvar um planeta inteiro, a mãe da minha melhor amiga era uma bruxa, e toda a minha vida havia sido uma mentira.
Eu não estava nada "bem".
Tá bom que eu queria viver uma aventura, mas precisava tanto?
Senti minha respiração ficar mais rápida que o normal e pousei a mão em meu peito, onde o medalhão que se escondia por baixo da camisa pulsava, correspondendo às batidas do meu coração.
Ele estava diferente desde que havíamos chegado. Depois do estranho brilho que mostrou na Grande Árvore, meu medalhão estava se revelando como algo mais que um simples pingente. Eu podia senti-lo esquentar por detrás do tecido, não trazendo dor, mas sim uma sensação acolhedora, e até reconfortante, apesar da situação em que eu me encontrava agora.
Ele agora pulsava mais devagar, acalmando meu coração junto com ele, bem a tempo de pararmos em frente a uma gigantesca porta branca.
Os guardas que nos acompanhavam se posicionaram nos lados da porta, abrindo-a assim que suas lanças tocaram o chão. Sem exitar, rainha Stella adentrou no salão, e logo depois eu e Roberta nos juntamos a ela.
O Salão do Conselho era grande e redondo, suas paredes cor de areia estavam decoradas com desenhos de trepadeiras douradas que se erguiam até o teto folheado a ouro do salão. O chão de mármore brilhava e, bem no centro do cômodo, se encontrava uma grande mesa em meia lua, onde o Rei Arthur e outras quatro pessoas discutiam avidamente, ignorando nossa presença ali.
— O que está acontecendo Arthur? - perguntou um deles.
— Você nos garantiu que não haviam mais conflitos com o Lado das Trevas! - completou outro, na outra ponta da mesa
— E não há conflitos! - respondeu o rei.
— Então por que a Escolhida está voltando justo agora? - quis saber a mulher.
— Vossa majestade é o rei do Lado da Luz, mas nós somos seus aliados. - disse o outro, que se sentava ao lado do rei - Se está escondendo algo de nós, precisamos saber o que é!
— Não há nada para ser escondido, só revelado. - Rainha Stella sorriu e deu um passo a frente, para que notassem nossa chegada.
Todos os que estavam na mesa, incluindo o Rei Arthur, se viraram para a rainha, que manteve sua postura calma apesar da atenção repentina. Com todas as atenções voltadas para a ela, nenhum deles notou a minha presença ou a de Roberta, que estávamos alguns passos atrás, tentando parecer invisíveis.
— Rainha Stella, o que o rei está dizendo é verdade? - disse um homem que se sentava na ponta direita da mesa - A Escolhida retornou?
— Sim, é verdade.
Os membros do conselho começaram a murmurar entre si, e aproveitei a oportunidade para observá-los melhor.
Rei Arthur estava no centro, de frente para nós, com os cabelos loiros caindo em sua testa e sua coroa dourada, com o símbolo do Reino da Luz estampado em seu centro, sob sua cabeça. O mármore branco da mesa em que estava se encurvava nas extremidades. No lado direito do rei, se sentava uma mulher de meia idade, com bochechas redondas e pele bronzeada. A mulher tinha cabelos cheios e cacheados num tom castanho avermelhado, que faziam contraste com seus olhos verdes. Sua baixa estatura era visível mesmo sentada, e diferentes tipos de joias enfeitavam seu pescoço e braços. Ao lado dela, na ponta da mesa, sentava-se um homem que aparentava ser o mais jovem entre eles. Seus olhos azuis pareciam um tanto assustados com a situação, e seus cabelos pretos ondulados eram arrumados a cada cinco segundos por suas mãos nervosas.
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A Escolhida da Luz
AdventureAnny é uma garota meio avoada que vive uma vida normal e sem muitas mudanças ou problemas, na verdade, as únicas coisas realmente peculiares em sua vida são seus olhos multicoloridos e o misterioso medalhão que sempre levava no pescoço. Ela achava...