Capítulo Trinta e Um

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Demos um pulo de susto e nos viramos para trás, onde um ser gigantesco surgia do meio da floresta, carregando uma grande pedra nos ombros e trazendo uma expressão raivosa no rosto. Ele jogou a rocha no chão bruscamente assim que se aproximou do campo de flores, com os punhos cerrados e os pés pisando firme no chão duro.

O ser humanoide tinha a pele acinzentada e usava calças feitas de couro de animal. Seus braços eram fortes e compridos, cheios de cicatrizes e marcas de feridas. O rosto furioso da criatura era meio amassado, como o de um buldogue, com orelhas levemente pontudas e inchadas. Seus olhos marrons encaravam duramente os arredores, observando o caminho de flores pisadas em seu jardim.

Eu e Roberta corremos para trás da grande pedra que estava próxima junto de Rodrick, e nos encolhemos numa tentativa de se esconder da fera de aparência nada amigável. Pus minha cabeça na lateral do pedregulho para espiar o que ela escondia, e pude ver quando o monstro cerrou seus dentes tortos, e, após respirar fundo, berrou de raiva, com seu grito reverberando a floresta e nos forçando a tapar os ouvidos.

— QUEM. DESTRUIU. O MEU. JARDIM?????

A criatura começou a berrar ainda mais e a bater os pés no chão, causando tremores no chão terroso que começavam a nos atingir.

— O que está acontecendo?? — falei, voltando-me para meus companheiros de viagem, enquanto apertava as mãos nos ouvidos para abafar um pouco do som ensurdecedor — Quem é esse cara??

— É um Troll da floresta, já li sobre eles em Alexandria! — tentou explicar Rodrick, que também tapava os ouvidos enquanto espiava do outro lado da pedra — Pelo que eu li, eles são grandes, fortes e muito dramáticos! E também são bem territorialistas, não gostam de visitas indesejadas.

— É, deu pra perceber! — comentou Roberta, assim que outro grito de raiva saiu da boca do monstro.

O Troll continuou a berrar mais uma vez, batendo seus grandes pés no chão, e apresentando um verdadeiro chilique antes se se voltar para o pedregulho que acabara de trazer do meio da mata, e lançá-lo para longe, erguendo a pedra com os braços fortes sem esforço algum.

— Aah, agora sabemos porque tinham tantas pedras por aí. — disse Roberta, depois de observar a cena por cima do meu ombro — Esse cara deve jogar pedra sempre que fica irritado.

— E o que vamos fazer? — perguntou Rodrick, alternando seu olhar entre o Troll e nós. A criatura agora esperneava xingamentos incompreensíveis enquanto atirava para longe outros pedregulhos menores, ao mesmo tempo que batia os pés e pulava, pisoteando sem querer outras partes do jardim que ele tanto prezava — Fomos nós que passamos por cima das flores, ele vai acabar achando a gente uma hora ou outra.

— Verdade, se ele ficou bravo desse jeito só por isso imagina o que ele vai fazer com a gente! — comentou minha amiga, já se encolhendo novamente e agarrando a mochila ao peito.

— Podemos correr para a floresta, mas tem que ser rápido antes que ele nos veja! — sugeri e os dois assentiram, se preparando para sair rapidamente. Os imitei e continuei a falar em cochicho, já que os gritos do troll haviam diminuído — Rápido, segurem suas mochilas. Vamos nos levantar em 3, 2...

A grande pedra na qual nos escondíamos foi erguida de repente, nos forçando a olhar, assustados, para o ser de mais de quatro metros que se encontrava atrás de nós, com um sorriso torto estampado no rosto enrugado.

— AHÁ! AÍ ESTÃO OS CULPADOS! — bradou o troll, acusando-nos. Ele ergueu o grande pedregulho mais alto acima de sua cabeça, e o arremessou para o meio da mata, fazendo diversas árvores chacoalharem e a pedra desaparecer de vista. — FORAM VOCÊS QUE ASSASSINARAM AS MINHAS CARLINA ACAULIS!!!!

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora